Nesse fim de semana, me preparando para o sábado à noite, acabei por assistir um pouco ao filme "Closer-Perto Demais". Nele, a personagem Alice fala que Dan, ex-namorado dela, que a traíra, teve o momento de resistir à consumação do fato. Ela diz: "Dan, todos temos, na vida, aquele momento em que podemos escolher entre resistir ou nos entregar. Eu não sei qual foi o momento, mas você com certeza teve o seu".
Isso bateu fundo. Porque eu estou olhando para uma foto nossa e estou agradecendo demais por não ter resistido a você. Daqui uns dias faz três anos de recomeço; difícil recomeço. E se a vida não anda naquela calma de 2004 a 2007, pelo menos segue com paz interior e uma batalha digna de sobrevivência diária. Prefiro Toddy ao Tédio, dizia o Cazuza; eu prefiro dirigir tranquilo na madrugada do que ficar no telefone mentindo para mim que "vou esperar quanto tempo for". Não esperei.
Minha mentalidade Cristã me condenou na época, mas poxa...que bom que não resisti. Que bom que indo para a cena do 'crime", aquele ônibus parou no cruzamento entre a Rio Branco com a Independência e eu não resisti. Eu fui em frente. Falei em dirigir pela madrugada. Nessa madruga de sábado-para-domingo, tocou no rádio do carro "Amor Grand´Hotel" do Kid Abelha: "se a gente não tivesse dito tanta coisa, se a gente não tivesse exagerado a dose, poderíamos ter vido um grande amor". Essa é a questão para a vida.
Tive, sim o momento de resistir, mas não o fiz. Por profissão, vício ou falta de caráter, será? Desejo de libertação. Olhar novo sobre fato acontecido. Revisão criminal e agora rasgo a sentença, abolitio criminis. Absolvição própria de quem não vangloria o erro, não teve erro. Houve aqui legitima defesa indireta, por critérios de proporcionalidade: a única forma do entrave resolver. Solver.
Tive o momento e fui em frente. Hoje, só fica boa lembrança do bom beijo. O resto é vida (sei que te irrita).