sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Carinha que via estrelas e a Menina que amava o sol

Vento solar e estrelas do mar
A Terra azul da cor do seu vestido...
Vento solar e estrelas do mar
Você ainda quer dançar comigo?'

Era assustador o modo como ele queria tanto estar com ela, o modo como ele precisava da risada dela para achar mais graça, como ele precisava da presença dela para idolatrar aquele Sol tão lindo que brilhava, afinal, o Sol era feito especialmente para ela, não?
Como era mesmo que ele se sentia antes de tudo aquilo? Ah, na certa ele não sentia, ele vivia de meias verdades, não conhecia o conhecer.
Não havia no mundo vestidos coloridos nem histórias de amor. Não como aquela.
Não havia vontade de cantar todas as canções juntas em um ritmo insano, não havia sede de palavras novas e nem casas pré-fabricadas sob medida.
Amor pré-fabricado já havia tempos tinha saído de moda!
Afinal de contas, como as pessoas diziam, era certo se amar quem estava ali pronto para receber e fazer bom proveito.
Mas ela fazia. Ela guardava o melhor amor, como se guarda as bolinhas mais preciosas da árvore de Natal, com medo de que se expostas antes da hora, no tempo certo elas tenham se perdido.
Ela regava com um regador doce e com palavras ditas em silêncio.
E só restava então esperar. Não uma espera cansativa, ele sabia que o melhor sempre estaria por vir.
Sabia que a casa estava pronta, não havia como negar.
E seria capaz de amarrar mil balões se ela quisesse ir com ele até a Lua.
Mesmo ela amando o Sol.
Mesmo ele a amando.
Troço engraçado esse tal de amor.

(Ao som de: Um Girassol da Cor do Seu Cabelo - Nenhum de Nós)
(Para o Cara que vê estrelas e a menina que é sempre tão doce).
* Presente da minha alma afim , Tay!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Delírio

Seus olhos tinham um brilho diferente,um brilho conhecido. Retirado das estrelas mais longínquas era um brilho diamante. Um brilho que ofusca quem tenta encará-lo de frente, o brilho dos olhos apaixonados.

Sua boca carregava um sorriso aberto, franco. Aquele sorriso que dá vontade de ser feliz só de olhar. Era aquele sorriso fácil, que corre nos lábios de quem merece tê-lo.

Chegava a causar inveja. Tanto amor chamava atenção. Por mais que tentasse esconder, para evitar problemas, ele não passava despercebido. Atingia a todos na fibra mais intima. Percorria seu sangue numa corrente elétrica contínua. Motivava, inspirava. Era o amor, puro, belo, inocente.

E não correspondido.

Parece inacreditável que seus olhos brilhem mesmo que sem a atenção dos olhos que busca. Parece inacreditável que seus lábios ainda sustentem um sorriso enquanto o coração entristece,e chora consternado. Parece inacreditável toda essa situação. Mas não é.

Ela está ali, vivenciando o amor e a tristeza. Ele está lá; está, simplesmente, está.


...


Me acorde desse delírio e diga ser real a reciprocidade.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Hoje, eu fui te visitar

"Há uma maneira de ser bom de novo" ( O Caçador de Pipas)


É segunda-feira de Carnaval. Após a minha folia de ontem, fui cumprir a tarefa para a qual tenho me preparado há 6 meses.

Foi estranho entrar naquele local e te ver pálida, embora você seja branquinha. Ver você lá, como você dizia antes, "loira e linda", ainda mantendo aquela boa aparência física, mas te ver tão ausente mentalmente. Ver você, minha amiga, minha confidente por tantos anos, naquela roupa branca, com remédio controlado. Acredito que valeu a pena o processo trabalhado. Você errou, como muitos tem errado. Mas é aquela velha história de segunda chance.

Como te falei, você passou por um processo judicial, mas principalmente...um processo de vida. Você, após essa internação e desentoxicação, tem que voltar forte, vencendo a batalha dia a dia. Não culpe o desinteresse inicial dos teus pais, eles também estavam cansados da batalha. Te juro que sua mãe me ligava diariamente, não só pelo suporte jurídico; ela queria, na verdade, me ouvir dizer que fora esse problema de dependência química da filha dela, essa era uma criatura divina. Boa moça, educadíssima, uma beleza sem igual, inteligente, esperta, mas que flertou com o perigoso mundo dos vícios e sucumbiu.

Te vendo nessa visita, lembrei ironicamente do "Meu nome não é Johnny" e da frase espirituosa e pontual daquela juíza: "O nosso verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que repousamos nosso primeiro olhar inteligente sobre nós mesmos". Quero dizer, RENASÇA! Você tem um potencial gigante ainda. Lenha para queimar e iluminar muita gente. As possibilidades são infinitas. Não te neguei, nem negarei. Se quer saber, gosto de ser amigo de gente assim...HUMANA.

Li um texto um tempo atrás, pensei em você. É mais ou menos assim:

Se eu pudesse escolher um verbo hoje, escolheria o verbo acreditar. Assim, conjugado na primeira pessoa do singular: eu acredito. Acredito no sonho. No tempo. Na força. Nas palavras. Acredito em mim. Em você. E neles (que eu nem sei quem são). Eu acredito no desejo. No amor. Na interrogação que não questiona. Eu acredito nas pessoas. Na sua pessoa. Na sua nada-perfeita pessoa. Eu acredito que nem tudo está perdido. Que a solidão não se segue à sós. Que coincidências existem. E que nem tudo sai como a gente espera. Eu acredito na saudade. Na vontade. No refrão. Na rima. E no coração. Acredito no beijo. No abraço. No silêncio. Acredito no olhar. Na manhã. E no amanhã. Acredito na mudança. Na esperança. E na doce-lembrança. Acredito no vento. No céu. Nas estrelas. No mar. Acredito que é sempre melhor deixar rolar. Acredito - sim! - que o que é nosso sempre fica. Que o que fica nunca vai.

E, se vai, sempre volta. Acredito que só aprendemos quando erramos, mas nem sempre que erramos aprendemos. Eu acredito no sorriso. No pedido. Na tentativa. Na superação. Acredito que nunca é tarde. Que nos fazemos firmes conforme as experiências. E que viver não perdeu a graça. E, por mais que doa, eu ainda acredito. Sempre. É assim que eu me faço forte, é assim que eu crio coragem pra desafiar a razão: acreditando.

Hoje, eu te visitei. Espero ver-te inteira daqui um tempo, Moça. 
E como a gente dizia: um beijo, minha benção, minha amiga!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Por que é que tem que ser assim?

Pra que tanta confusão, me explica? Não sei onde começa, agora, sei bem onde termina.

Foram anos e anos moldando Barros, brincando de argila. Ou era eu a moldada? Quando foi que me misturei a ponto de não saber separar é um ponto que bem o sei. Era forte o calor do fogo. A massa estava boa, tinha a forma certa. Era só deixar queimar e então estava pronto. Foi feito com carinho. Ficou dentro dos conformes. Enquanto esfriava, alguém mexeu e deformou. Tudo bem, ainda era o mesmo vaso. Ele ficou ali, no canto dele. As vezes nem tão quieto como devia. Mas foi servindo apenas para enfeitar a prateleira.

Tinha também o Marfim. Que brincava comigo, apesar de sempre tão duro. Inflexível, nunca dava o braço a torcer. Eu sempre mais maleável, levava aquela situação complicada a frente, era legal andar com o marfim. Ficava ali no canto também. Nem tão perto do vaso de barro, podia quebrá-lo. Ele tão frágil...

Um belo dia a peça de marfim bateu o pé, discutimos feio... Disse que ia retirá-la da estante, afinal, não havia mais espaço pra ela ali. Mas sempre buscando o lado bom, deixei que o tempo corresse para que tudo se ajeitasse. Fingi de boba, de esquecida. Deixei ali. A peça de marfim, o vaso de barro.

Por que subestimar, não é? A bendita da peça não se esqueceu. Se jogou sobre o vaso que estava também já na beiradinha. Caíram os dois da estante. Tão alto eram as prateleiras que se encontravam, devido a sua relevância para a estante, que quando caíram se quebraram em mil pedaços. Irrecuperável.

Tudo se machucou, até o chão onde eles caíram. Juntos. A estante sentia um vazio intenso. Ninguém acreditava no que tinha acontecido. Dois preciosos, destroçados assim.

A magoa se fez maior ainda por estar a estante a ponto de receber novo enfeite. Era um(a) Vela. Desejada, ardentemente desejada. Estava pronta, faltava acender. Só acender.

Mas tamanho foi o estrago que agora, não se sabe se a estante está pronta, ou mesmo se a Vela quer se arriscar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Da explicação merecida (?)

Diferentemente do Agravo de Instrumento, em que as pessoas visitam e comentam, aqui no Ironia, Eu e Thais percebemos a tradição das pessoas entrarem, lerem, resmungarem, elogiarem mas nunca, jamais, em tempo algum, por reza brava alguma, comentar. Exceção feita à Robs.

Pois bem, fui parado em todos os lugares, todos MESMO ( padaria, Defensoria Pública, msn, depoimento falso no orkut), sendo interpelado da "força daquele teu último texto no Ironia". Não aconteceu nada demais. Na verdade, aconteceu.

É que eu ando conhecendo tanta gente bacana, sincera, leal, inteligente, com boa conversa e sem medo de afirmar suas próprias verdades, que eu perco a paciência e perdi o tino para lidar com gente diferente disso aí. Então, a cidadã em questão é a mesma que eu cheguei a pensar que fosse diferente, mas me enganei novamente. Eu não fui o que ela queria e ela...bem...ela está realmente fora dos planos do que eu pretendo pra minha vida.

Meus amigos dizem que sou sazonal, mas nem tanto. É que eu sempre espero que 'agora vai". Mas sempre fico e não ando.Porém, esse comentário do 'sazonal' veio do último bar. É que, estou eu, novamente me encantando. Contudo, isso é assunto para outro post. Embora já existam dois lá no meu outro canto.

Em síntese: desabafei. Porque chega de amar errado. Diz o Caio F. pra gente sempre decidir e pedir que o outro deixe claro pra gente as coisas também: Ou me quer e vem ou não me quer e não vem.

Enfim:  "Às vezes a gente vai se fechando dentro da própria cabeça, e tudo começa a parecer muito mais difícil do que realmente é. Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas."(Caio Fernando)

Realmente, há muitas pessoas especiais.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Blues é assim, Baby


Nosso tempo? O que era "nosso" já não é nem meu, nem teu. Virou, realmente, do tempo. Tempo passado. Pretérito não tão mais-que-perfeito, assim. Claro, Lulu Santos nos embala nessa: Não vou dizer que foi ruim, mas sério..não foi tão bom assim. Claro que não, poxa. Não te quero mal, apenas não mais. Nunca mais, se possível.

O que eu quero dizer? É que estou nessa mesa de bar, ouvindo um blues, pedindo uma capirinha e um amor, sem gelo, por favor. Sim, estou aprendendo a tocar Baixo e tal. Se eu tiver uma banda? Quem sabe eu faço um Blues em tua homenagem, eu vo rimar tanta bobagem. Você é tão fácil!! É piada, claro. Ou não.

 Olha, eu cansei da tua cara e jeito de alienada. De boba, você não tem nada, a não ser o cérebro. Velha estória: Engana mais quem engana a si mesmo. A tua máscara caiu.

Lógico, perfeito nem sou. Mas olha, eu estou indo ali curtir um pouco a over, o som, as companhias. Desprezando você? TEM CERTEZA que você quer discutir desprezo por algúem? Não, não falo de mim. Falo dos outros tantos, tantas. 

Não mudei. Continuo naquela toada de sempre. Meus amigos, meu bar, meu som, meu estágio. Na verdade, mudei. Conheci uma Poesia tão maravilhosa, que me fez ver o quanto eram fracas tuas idéias,quão lindo pode ser uma conversa sincera.  Falando em sinceridade, hipócrita você, quer saber? Teu discurso e idéias são muito radicais na teoria, mas muito pouco substantivas na prática.

Agora, vou mesmo!

Mudei o tom contigo? Claro, Blues é assim. Blues é assim, Baby!

Sobram tantos medos que nem me protejo mais*

*“Sobram tantas meias-verdades que guardo pra mim mesmo. Sobram tantos medos, que nem me protejo mais. Sobra tanto espaço dentro do abraço.(...) Sei lá se o que me deu foi dado, sei lá se o que me deu já é meu, sei lá se o que me deu foi dado ou se é seu.” (Teatro Mágico – Sobra tanta falta)
Sempre fui muito, mas muito, ansiosa. Isso não mudou com o tempo. Por mais que eu tenha noção de como isso atrapalha, de como é ruim, eu não consigo mudar radicalmente a ponto de isso não existir mais em mim.

Eu sofro por ansiedade. Esse é o maior problema. Sempre sofri. Desde quando meu maior problema era fazer um exame de sangue. Por ele, não dormia. Remexia, não pregava o olho. Chegava destruída ao laboratório, não só por não ter dormido, mas pelos choros calados que me acompanhavam até lá. Não fugia, encarava meu “monstro”. E saia do laboratório com o rosto seco. Magoada pelo “por que me trouxeram”, mas sem sofrer nada pelo exame em si. E ai, já tinha perdido uma noite de sono, já tinha gasto lágrimas, já tinha ficado mal. Por ansiedade.

O tempo passa, mas essa característica ainda é bem minha. Quem me conheceu na época de vestibular sabe que não fui diferente. Estudos de madrugada, por ansiedade. Sem dormir e comer antes da prova, por ansiedade. Mudanças drásticas de humor, por ansiedade. Choros calados, por ansiedade.Quem me conhece um pouquinho mais, sabe de todas as viagens que minha cabeça faz, por ansiedade. Todos os pensamentos, no mínimo, bizarros que eu tenho.

Ansiedade nada mais é do que um nervoso do futuro. Medo do que pode te acontecer de bom e de ruim. Eu caracterizo assim. E assumo que sou ansiosa mesmo, em todos os aspectos.
Minha cabeça está em mais um momento de ansiedade e apreensão bizarro. Confusa até onde posso imaginar, e ansiosa por um final. Feliz, ou não.

“Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?”
(Legião Urbana - Será)