segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Um texto estranho, para uma noite mais ainda

Ela assustava tentando encantar. Foi assim desde o dia em que ganhou alguns presentes de uma pessoa mágica. Eram ferramentas para conquistar o mundo, parecia um jogo de war mal contado. Não haviam regras claras, não havia certeza de nada. Havia um jogo, da vida. Haviam peças, meios, e agora, ferramentas. Tudo ali, nas suas mãos.

Só que ela não enxergava assim. Na verdade, ela não enxergava de modo algum. Ela se cegava para a realidade. Vivia num breu completo e angustiante. Paradoxal pra quem teria esses presentes.
Isso despertava reações diversas nas pessoas. Algumas queriam lhe mostrar a força daqueles presentes, outros seus meios de uso mais obscuros. Alguns mais descarados, utilizavam-se deles contra ela. Pessoa de muitas palavras e muita ação. Pessoa de idéias loucas, singelas. Pessoa de atos esquisitos. Era ela.

Um cisne preto nadando no lago. Uma espécime rara diria Darwin. Certa feita, ela resolveu testar os poderes dos presentes. Há muito andava pensando neles e nas suas reais capacidades. Elaborou meios mais esquisitos de se utilizar, pensou em cada detalhe, e, por fim, lançou mão do artifício.

Espantou-se ao ver o resultado. Era mais do que esperava, muito mais talvez. Maravilhou-se. Entrou em estado de observação. Queria medir cada conseqüência, queria calcular mais, ser mais fria. Mas as pessoas a pressionavam. “Faz de novo, você consegue”, viraram rotineiras expressões externas. Muita tensão. Dentro dela, fora dela, nela.

Passou a ser comum ela lançar mão desses presentes. Costumeiramente, as vezes até inconscientemente, ela os usava, agora sem dó ou piedade, agora sem medir alcances, repercussões. Loucura, insanidade.

No fundo ela queria chamar atenção. Ela queria encantar. Ela queria que gostassem dela. Por seu jeito, pensamentos, escritos, gostos, físico. Ela assustava tentando encantar.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Eu aceitaria a vida como ela é

Vou escrever. Um conto, um livro, uma poesia. Vou colocar pra fora tudo isso.

* * *

O despertador tocava, longe. Eu queria dormir mais, sonhar mais. Passar o dia entre lençóis. Mas o dia clamava por mim. Sei lá por que, mas algumas pessoas ainda marcavam a minha presença. Não por mim, me parece, mas para contar. Era assim com a chamada na faculdade ou o ponto na empresa.

Assisti aulas. Quer dizer, estive presente na faculdade. Minha cabeça estava longe ou, talvez, perto demais. Escritos desajeitados, como esse de agora, ficavam marcados em folhas do caderno, juntamente com as frases em francês que eu julgava ninguém saber traduzir. Somados as fotos da contracapa. Esse conjunto me dói. Até hoje. Ou até o dia em que surgirá alguém que será capaz de mudar meus escritos, minhas frases loucas. Um outro personagem para as fotos da contracapa. Um louco, um maluco.

Só que mesmo com tanta dor, com tantas lágrimas sofridas e feridas no meu peito, ainda resta um tanto de exigência. Não é nada fácil, não é um questionário, não são pré-requisitos. É um nome. Com sobrenome e tudo. É desafio, cisma, sentimento (?). É muito coisa minha. Amigos que me perdoem, mas não vou acatar conselhos que me dirão o contrário do que desejo. Só me prometam o colo pra chorar.

Passou (mais) um dia. Me fiz presente numa rotina louca que clama por mais. Me deitei. Será que vou sonhar com você mais uma vez?

domingo, 20 de dezembro de 2009

Ela não é pra você (nem você pra ela)!

"Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida"


Eu te vejo aqui em casa, falando que ela não é a mulher que vai crescer junto contigo. Que ela não é a mulher para te extrair o melhor da vida. Que ela não é a mulher.

E você trai. Você trai de um jeito mais frio do que eu ja traí um dia. Não, justificativa nem dou. Afinal, hoje, encaro como a libertação pra ela. Crescimento e libertação, pra mim. Aquela coerência-final de que eu falo, sabe? Isso. Aquela coisa que as coisas acontecem pelo Cosmos, nem que seja na marra. Mas você trai por puro comodismo de uma relação falida. Falida desde que você contratou com ela por aquele anel de prata, um amor desses, cara, que não vale nem o preço da jóia.

Desculpe a afirmação mas...eu concordo contigo. Ela não é pra você. Infelizmente, ou felizmente, você está em outro nível. Nível que ela não quis acompanhar. Por mais best seller que seja: Casais inteligentes enriquecem juntos mesmo. Eu não estou criticando a cidadã em si. Critico essa inércia que começa a te prender também.

Você está feliz? São só palavras de amigo, não quero contigo me aborrecer!

Me diz se assim está em paz, achando que sofrer é amar demais...

sábado, 19 de dezembro de 2009

"Da tua retina, minha menina. Me diz: como não te amar?"

Sabe, já faz quase uma semana que eu queria chegar e te dizer: "para com isso, você é linda demais! Não merecer sofrer por nada e nem - tão pouco - por alguém!". Você não teve a visão que eu tive do show e no show. Eu vi uma menina radiante, com máquina na mão, curtindo cada música, dançando, aproveitando aquele momento de vida. Eu fiquei feliz e até pensei, no mesmo lugar, olhando pro mesmo ponto: "por que não eu?!". Irônica e concisamente fomos parar exatamente nesse ponto, para tomar um ar condicionado, porque aquele bar está cada vez mais quente. Aquecimento global, dizem.

Fora a digressão. Pulo para o Bis. Nem foi doce, moça. Porque eu vi aquele show todo praticamente te valer de nada, não tocou a "hora da estrela".  Você pouco sabia que a hora e quarenta de show foi toda da tua estrela, o sorriso que mais brilhava naquele local.

Eu até queria que tocasse por dois motivos: a música é boa. Você esperava por ela.

Também é estranho afirmar que esperavas por ela. Você esperava por ele. Você esperava pelo ator da situação que leva à música. Ator que não merece o papel dado. Tem gente muito mais talentosa, aguerrida e dedicada por esses cantos.

Por fim, eu fiquei feliz de não ter tocado. Para não manchar uma noite que foi todinha tua. Você era a mais linda daquele reinado. A banda tocou pra você. A Fernandinha Takai rendeu todas as notas musicais pra tua poesia.

Olhos de estrelas, foi isso que eu vi. E por uma hora e quarenta eu não queria estar em qualquer outro lugar e pensei que, na minha vida, naquela noite, teve um brocardo: NA FRENTE de um bom homem, tem que haver, necessariamente, uma grande mulher.

Você é linda. Da tua retina, minha menina. Me diz: como não te amar? 

Te gosto. Fique sempre bem!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Deixa ser, como será quando a gente se encontrar?

Eles foram jogar um jogo. Ele preparou tudo, limpou a casa, arrumou os móveis, pegou o tabuleiro, escolheu as pecinhas, pegou o dado. Ela chegou. Olhou tudo arrumado. Desconfiou do jogo, do dado, da arrumação. Resistiu. Disse que não jogaria. Foi embora. Mas ficou pensando no tabuleiro, no desafio. Ela voltou atrás e disse que agora queria. Ele disse. Não agora não quero mais. Mas poxa, já ta tudo preparado, ela disse. Pois é. Ela começou a mexer as pecinhas. Sozinha. Ele viu a cena. A vontade explodiu. Começou a jogar. Só que ele tinha armado tudo pra vencer. Como não foi bem ele que começou a jogar, ele não ficou satisfeito em ganhar. Ele quis ganhar de muito. Não deu chance pra ela. Foi deixando-a para trás em cada movimento. Fim do jogo. Ela foi embora cabisbaixa. Ele ficou em casa, pensando estava feliz. Mas...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O que te dói?

Marcas feitas a fogo. Inesquecíveis lembranças. Cicatrizes. Dores pungentes. Apreciadas como pinturas rupestres, com a diferença da certeza do que se passou. Aquilo que não será esquecido, no máximo enganado. E mesmo assim com muito esforço. Dor latente. Nomes gravados em brasa, feito tatuagem. Marcas daquilo que foi bom. Marcas daquilo que simplesmente marcou. Marcas que passarão pelo crivo do tempo. Impreterivelmente. Marcas preferidas. Marcas que doem. Marcas que acalentam. Marcas que afugentam. Marcas da história. Marcas da experiência. Um gosto, um desejo, uma ilusão. Nomes novos. Fogo novo. Coração velho. Marcas tuas. Marcas minhas. Marcas.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Uma noite qualquer de verão

http://agravodeinstrumento.blogspot.com/2009/12/uma-noite-qualquer-de-verao.html


Está dificil postar por aqui. Porém, como prometido, após dia 14 tem coisas legais.


Enquanto isso, divirtam-se com a blogagem coletiva:

Postagem coletiva do amigos:

www.pe-da-cos.blogspot.com Pamela Marques
www.bonequinhadeseda.blogspot.com Maria Fernanda
http://agravodeinstrumento.blogspot.com Andrey Brugger
http://dezessetepoucosanos.blogspot.com Natália Corrêa

sábado, 5 de dezembro de 2009

Uma questão de princípios.

“Pra que
Te espero de braços abertos
Se você caminha pra nunca chegar
Então vou no fundo
Ameaço ir embora
Você diz que prefere quem sabe ficar

Eu queria tanto
Mudar sua vida
Mas você não sabe se vai ou se fica
Eu tenho coragem
Já to de saída
Você diz que é pouco
E pouco pra mim não é bobagem”*

Sabe qual o pior ponto da indecisão? É a sensação que causa no outro. Se as nossas incertezas se prendessem em nós, seria até mais fácil porque não pensaríamos, ou não precisaríamos pensar, nas conseqüências a outrem que os nossos atos ou escolhas levam.

É por isso que eu defendo o principio do non liquet nos relacionamentos. O principio citado, no Direito, significa que o juiz não tem a opção de não julgar, porque não tem leis, por exemplo. Ele teria que buscar novas fontes, jurisprudências, interpretações, para chegar na solução do caso. Ele tem que chegar nessa resposta.

Imagine que benção um relacionamento com o non liquet atuante. Ela e ele seriam obrigados, ambos, de dar uma resposta para cada conflito que surgisse. Todas as incertezas seriam sanadas, todas as opiniões dadas. Seria mais do que a sinceridade em ação, seria uma exteriorização de tudo o que somos.

Se não soubéssemos da resposta no nosso eu, a gente buscaria jurisprudência na experiência de vida, buscaríamos novas interpretações daquilo que realmente sentimos e, incrivelmente, chegaríamos a uma solução. Teríamos que chegar.

Talvez seja viagem demais da minha cabeça, mas é apenas mais uma tentativa de pedir a harmonia das ações.


*eu não gosto do refrão dessa música, mas esses primeiros versos caíram bem.

Do Nilismo..


Nilismo é aquela corrente filósofica em que o Homem acredita que não há "nada além". E se não há nada além, fica sempre aquela vontade-esperança de olhar o que passou.

Daí vem a espera por você na janela ou a descoberta da mania que aquela minha amiga tem de olhar as fotos ulteriores na contra-capa do caderno.

Não adianta, "não é que eu queira reviver nenhum passado, nem revirar os sentimentos revirados", mas é que quando a tempestade se aproxima no alto-mar, a gente quer mais o porto com dois barcos lado a lado.

Desculpas, minha amiga, por ter falado "fim de carreira". Hoje, eu acho que percebo que é mais um 'ainda é possível encontrar algo assim ou melhor, novamente!".

Mea Culpa num dia chuvoso de desculpas e pensamento de O QUE É QUE EU ESTOU FAZENDO AQUI? Apontar pra fé e remar não tem dado jeito, não com esse cansaço de fim de período, de ano, de saco!

A pergunta é feita, com aquela vã esperança de obter a resposta satisfatória. Sempre tem um motivo, uma luz fraca, quase invisível, que a sensação te traz de volta à busca pelo por vir. Não faz sentido, eu sei. E se nada faz sentido, há muito o que fazer!



ELA - Campo ou bosque ou deserto, qualquer coisa assim, compreende? O importante é que seja ao ar livre. Colabora, imagina. É só um teste.
EU - Um deserto, então.
ELA - Sem nada?
EU - Nada.
ELA - Mas nem uma palmeira?
EU - Nenhuma.
ELA - Um rio, qualquer coisa?
EU - Nada. Só areia.
ELA - E árvores?
EU - Nada.
ELA - Bichos?
EU - Nada.
ELA - Vento?
EU - Nada.
ELA - Água?
EU - Nada.
ELA - E a chave?
EU - Não encontro chave.
ELA - E o muro?
EU - Muro tem.
ELA - E como é o muro?
EU - Antigo, feio, todo descascado, tijolos aparecendo, um pouco de limo, enorme.
ELA - Você sobe?
EU - Tento subir. Várias vezes. Mas caio, arranho os pulsos, sai sangue. Dói muito. Sempre tento subir, sempre caio outra vez. Mas sei que um dia eu consigo.
ELA - E depois?
EU - Depois o quê?
ELA - Depois do muro, o que tem?
EU - Nada.
ELA - Nada?
EU - Absolutamente nada.
ELA - E você o que faz, no nada?
EU - Não sei, me desintegro, acho.
ELA - E não dói?
EU - Não. Não dói.
(silêncio)
ELA - Você já tentou suicídio alguma vez?
EU - Três, por quê?
ELA - O muro que você tenta subir. O muro é a morte.
EU - Ah.
(silêncio)
ELA - Você agora vai-me achar piegas, mas deixa eu perguntar.
EU - Pergunte.
ELA - Você não acredita em amor?
EU - Acho que não. Como é que você sabe?
ELA - Não existe água. A água é o amor.
EU - Ah. Que mais?
ELA - Nada.
EU - Nada?
ELA - É. Nada. Você não acredita em nada. Acha tudo estéril. Vazio. Seco. Um deserto. Nem problemas você tem.
EU - Problemas?
ELA - É. Os bichos.
EU - Ah.
ELA - Nem ideais. Com o perdão da palavra.
EU - Ideais?
ELA - É. As árvores.
EU - E daí?
ELA - Daí, nada.
(silêncio)
EU - Pronto: mergulhou no silêncio ocêanico.
(silêncio)
ELA - Você não passa dum niilista. O diaboé que eu gosto de você paca.

O Caio F. dando a razão, novamente!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um tempo dos estudos. Para estudar a questão...


Tempo. Será que, mana velha, falta mesmo um tempinho para você correr macia e mansinha? É certo que esse era o momento de ser forte. Afinal, lembra daquela vez que eu fui "preterido" por motivos do coração? Então, o jogo virou. A tua escolha não faz a mínima questão de escolher estar ao seu lado. Contudo, te ver daquele jeito faz o meu coração apertar e aí..vem o que se segue.

O jogo vira. Porém, me falta a mesma coragem da tua escolha. Qual seja a de traçar o paradoxo: não te escolher. Mas eu, bicho bobo que sou e não nego, corro atrás daquilo que tu precisa, negando ao máximo correr atrás de você. Numa frieza traçada pela melhor doutrina ROBSiana, conjugo, para ti, o verbo tentar e não o conseguir. Embora, eu sempre consiga. 

Lógico que temo a consequência mais lógica: acabando a tormenta, você desembarca no porto e vai relaxar. Eu vou consertar o que restou do barco, levar as tuas malas, as minhas e seguirei no meu período de férias.

Talvez eu fique com aquela sensação de: Eu já sabia! Mas, acredito que um dia você também vai saber; saberá que houve alguém, alguém que esteve LÁ por você!

Agora, voltemos ao Direito do Trabalho.

The Magic Numbers – I see you, you see me

[Eu nunca pensei que você queria que eu ficasse
Então eu deixei você com as garotas que vieram com você
Mas, querida, quando eu a vejo, eu me vejo
Eu pensei muitas vezes que você ficaria melhor sozinha]