sábado, 27 de novembro de 2010

Diga ao menos o que for...

Estou com saudade de você, sabe. Estou com saudades da gente. Do frio na barriga ao te ver até ao aperto no peito em te esperar. Estou com saudades do seu sorriso de menino, das suas brincadeiras bobas e até da nossa briga de almofadas. Estou com saudades de sair com você e ver você imitando a música que estiver tocando só pra me fazer rir. Aliás, como estou com saudades de rir. Estou com saudades das mensagens, das suas, das nossas mensagens, e de ouvir sua voz me chamando ou me perturbando. Saudade dos seus beijos, saudade de você.

Falando assim parece até que foi perfeito. Tendência nossa, tendência minha... Acabou, passou, não temos mais, então é hora de fantasiar e só olhar o lado positivo para ficar se culpando pela não existência. Vai entender... Mas talvez não seja questão de ser entendida, seja só de ser sentida, vivida, apreciada. E então não se condena mais o termina e volta, aprende a vivê-lo, a senti-lo. Por trás disso tudo não é possível que esteja apenas uma brincadeira. Bom, possível é. Só não quero acreditar ser a realidade. Por quê? Ah, “deixa eu fingir”...

sábado, 20 de novembro de 2010

Remetente: Futura Namorada


Cara, meu caro, você mesmo aí;

Sei que a vida não anda tão boa, não tanto quanto você imaginou que estaria a essa altura da vida. Porém, saiba que eu te admiro. Admiro essa tua pose de Lord inglês de paciência infinita, de garba no comportamento, de fala calma, de idealismo adolescentemente vibrante e adultamente consciente.

Sei que você será ainda melhor como Homem. Com "H" maiúsculo, porque você fez a escolha de não ter "pego" todas as mulheres, em troca de entendê-las. Isso tem um preço imenso enquanto não aprender a se mover nesse jogo. Por diversas vezes ouvirá aquela palavra de cinco letras começada com a letra "a". E, você sabe, verá tuas paixões se apaixonando e chorando lágrimas nos teus ombros; ou sorrindo ao apontar o outro como o "amor da vida" delas. Isso porque você é o amor em vida.
Sei que você está com certa dificuldade de ser samba em tempos de remix. Entretanto, eu sei que vou me derreter com esse teu jeito super piegas de declamar Drummond, Quintana, Neruda, Benedetti, Amarante, Marcelo Camelo; que vou vibrar quando você explicar sobre o relativismo cínico do Bourdieur, sobre a filosofia nos acontecimentos diários, sobre suas teorias. Sei que vou me divertir com tuas piadas momentâneas. Saberei me encantar quando você se descrever como uma mistura de Ross e Chandler, que culmina num "Ted Mosby".
Sei que você está agora lendo essas linhas e torcendo para que a remetente chegue logo. Chegarei na velocidade certa, se não estou já a teu lado, me reconhecendo nestas linhas. Perdoe se fico sem jeito, nesse momento, e não tenho coragem ou vontade ou ambos os impulsos para sair do meu lugar confortável, quente e até seguro para ir ao teu encontro. Talvez, eu ainda não tenha descoberto, no presente, que você já é o cara certo. Promete que perdoa se eu perceber isso um pouco mais tarde? Até canto "será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava?" !. Juro.

Sei que você é curioso, dedey. Pois é, já sei como teus amigos te chamam, Brugger. Porém, vou te chamar de 'meu", quando for meu homem. Vou chamar de "dedey", quando for aquele meu amigo doce; e, "Brugger", quando eu e todos nossos amigos forem se rendendo àquela tua argumentação fantástica numa mesa de bar. Não será sonho, acredite.
Com todo o carinho do mundo, torço para que você conclua o 2010 com essa evolução intensa. Termine bem as provas, concentre-se no estágio, tenha o merecido descanso. Faça uma ótima OAB, quem sabe não assisto tua defesa de monografia e danço contigo a valsa dos namorados logo logo em setembro de 2011? Por enquanto....."sorria e saiba o que sei: eu te amo".

Meu beijo, do jeito do seu beijo, nosso beijo.
Futura namorada

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Enquanto ela não chegar

Ted: Stella, por quê o Tony? É por causa do dinheiro? ...Ou por causa dos pijamas de kung fu?
Stella: Ted...Não sei! É ELE. Simplesmente, eu sei que é Ele!
Ted: É ele. É ele...sabe, Stella?! Isso que vocês tem, que eu sei que vocês têm. O que eu sei que Lily e Marshall têm....Eu quero isso pra mim!
Stella: Sabe, eu já também fugi de uma multa! Eu estava correndo a 140..150 km/h na freeway. Ai, o guarda me parou e disse o seguinte: Estava te esperando, por quê demorou? Achei nojento. Mas respondi: Eu estava correndo para você o mais rápido que pude.
Ted: risos
Stella: Ted, o que quero dizer é...Ela está vindo, Ted. Está vindo para você, o mais rápido que ela pode.

Diálogo da minha série favorita: How I Met You Mother. Realmente confesso a tal pressa para que ela chegue. Fico olhando para as folhas do calendário, "um dia a mais é um a menos pro encontro acontecer". Crio teses e discuto com o professor, "não resolve de porra nenhuma, né?". Resumo do ano. Da vida, diria a Tha.

A tese é toda quanto ao cansaço de construir e demolir fantasias, amar "errado", procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.Bem Caio Fernando. É o desejo do querer daquela pequena, para encostar no ombro e ter conversas afáveis, que façam valer cada momento daqueles idealizados. Sim, como diria o Gabito Nunes e recitado por Caras como Eu: O último romântico, em versão samba em tempos de remix. Talvez eu jogue rápido demais, na contramão dos fatos da vida real. Porém, esse sou eu. Bem piegas mesmo, guardando um "eu te amo" que não vai escapolir dessa vez antes do momento certo. Antes que ela chegue, se é que já não chegou e está bem do meu lado. Vai saber?!

Possuir calma nunca foi minha melhor habilidade. Talvez por essa razão escrevo, para traduzir as explosões intraduzíveis de madrugadas adentro tentando encontrar explicações no cosmos. O que tenho feito de errado para aos 23 desse tempo ainda estar nesse empate sentimental?  Vem Amarante cantar agora: "Ela é mais sentimental que eu, então fica bem se eu sofro um pouquinho mais". Ou o Bruno Gouvea: "se passei por você e não te reconheci, meu amor, me perdoe, como poderia saber?". 

Vontade de dinamitar o mundo e ele dar voltas. Quantas forem necessárias. Enquanto isso, o que resta são linhas na madrugada de mãos dadas. Aguardando o tal do "momento certo", onde a fé remove até montanhas e torna o irreal possível. Se meu mundo fosse o real, tudo já estaria harmonizado.

Enquanto isso, estou pelo samba, pelo rock, pelos livros. E para essa mulher que vai chegar, "eu estou te esperando, vê se não vai demorar".

Quantas coisas eu ainda vou provar?
E quantas vezes para a porta eu vou olhar?
Quantos carros nessa rua vão passar
Enquanto ela não chegar?
Quantos dias eu ainda vou esperar?
E quantas estrelas eu vou tentar contar?
E quantas luzes na cidade vão se apagar
Enquanto ela não chegar?
Eu tenho andado tão sozinho
Que eu nem sei no que acreditar
E a paz que busco agora
Nem a dor vai me negar
(...)
Quantas besteiras eu ainda vou pensar?
E quantos sonhos no tempo vão se esfarelar?
Quantas vezes eu vou me criticar
Enquanto ela não chegar?
Eu tenho andado tão sozinho
Que eu nem sei no que acreditar

E quando chegar, será ironicamente, hermeticamente e concisamente excelente, para durar.

domingo, 7 de novembro de 2010

E se me perguntar..

E se me perguntar, eu digo que é samba e aumento o tom, se preciso for. Digo que é viagem de 3 dias, prorrogáveis pela vida, se bem quiseres. É escrito à mão com o pedido de eternidade, letra posta e idéia para a próxima.
Se me perguntar, eu falo que não sei, mesmo sabendo. Sapiência também é distanciar os pontos para aplaudir o vácuo. Não respondo; se necessário, omito. Calo e dou razão. A guerra nunca foi lucrativa, nem se a "recompensa" fosse armas químicas e poemas.
Se me perguntar, digo que vou à caça. De mim, principalmente. Buscar onde ninguém ousou, quem sabe faço da procura o encontro. Perco a bussola e recomeço, sem reclamar. Aos poucos, vou soltando o peso da bagagem, da responsabilidade e de pequenos atos que são - invariavelmente - mal interpretados.

Se me perguntar, eu digo distância. Alguém pensou amor como palavra, confiança foi que nós lembramos. Mas se interpelar, eu digo distância. E viajo, muito, para outro mundo. O status quo ante é, sim, retomado. Sei que o velho samba falou sobre nossa lei nos obrigar a sermos felizes, contudo editaram medidas contrárias; torço para que sejam provisórias e não convertidas em leis.

Se me perguntar, eu digo que é conto de Caio F., com alguma citação rápida da Clarice  Lisp ector- alguém especial disse que ela entenderia -, pediria um pouco de Lya Luft e um amor mundano-mente romântico de Cazuza. E te escrevo, ainda que indiretamente. Burlo a censura e as disposições cogentes, com a gente. Eu quero normas dispositivas, você disposta e eu, idem. O mais é tudo que pode ser, desde que não me perguntem o quê.

Se me perguntar, eu reaprendo aquela minha velha mania de ter fé na vida e traço planos, enfeites, teu corpo. E te conto como imagino, até você acreditar que podemos. Podemos. Poderíamos. Riríamos. Se me perguntar, eu omito que são mais linhas pelo velho objetivo, vou apagando as músicas, os textos, os pequenos atos. Se me perguntar, eu vou ter que omitir.

A resposta é essa.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Harmonise

Tudo começou com sacrifício. Abandonei meu querido bar da fábrica para subir o morro rumo à por mim detestada Privilège. Era aniversário daquela que viria, mais tarde, a ser responsável por grande parte do meu aniversário desse ano ter sido tão mágico. O objetivo àquela época era, confesso sinceramente, mais uma aposta de fichas em "última chance" com outra cidadã que por lá estava, apriorístico dizer que a comemoração era pretexto.
A comemoração acabou sendo pré-texto para essas linhas de agora. Eu cheguei, encontrei-a e quis duvidar. Afinal, aquele sorriso aberto logo no nosso primeiro encontro e uma sinceridade inquestionável no "Andrey, que BOM que você veio". Foi senha para eu ficar à vontade e nos dias seguintes ser criada uma relação de cumplicidade. Hoje, eu digo: estranho seria se eu não me encantasse por ela.

"Eu estava acorrentado a um pretérito imperfeito e de algum jeito improvável, você me trouxe à superfície pra que eu voltasse a pulsar.". Ela recuperou minha fé em ações, atitudes, pensamentos e autoconfiança que eu por vezes chego a abandonar. Alguns desses tópicos foram mesmo abandonados temporariamente e ela trouxe a tona. Jogou meu maldizer na lona e tem feito valer a pena. Ela mostra que relacionamentos podem ser levados a sério, independente de tempo. E que inconformismo é vital para a renovação de possibilidades. Ela me faz pensar. Em mim, nela, na humanidade, política, direito ou qualquer outro assunto que surja no encadeamento do diálogo. Uma lembrança puxando a outra e quando ver são 4h da manhã de outro dia. E o "boa noite" vem para coroar, vício de toda noite e virtude para bom sono.

Harmonise para o trocadilho fazer sentido. Ela "é o triunfo da minha esperança sobre minha experiência". Além dos motivos expostos anteriormente, junta princípios, inteligência, bom-humor e beleza. É leve, faz ficar leve, mesmo sendo "mandona". Delicadamente desbocada. Sutilmente intransigente, persuasiva. Um doce até no mau-humor. Como o som que ouço são as gírias de seu vocabulário: super curto loucamente.

A vida tem sido mais fácil, quando eu penso na palavra: harmonise. A grafia é errada, mas o sentido é perfeito. São os olhos fechadinhos quando sorri e ótima companhia para sambar. É alguém que eu conto, no meu filtro seletivo do Caio F.

"De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci". É estranho, mas realmente já me sinto como um amigo de outras vidas.O Ritmo rola fácil.  É Encantamento piegas-juvenil mesmo. Puro. Um querer estar ao lado, que seja assim, sempre.

Leonina. Guerreira. Que faz um escorpião abaixar a cauda com o veneno, não por medo, por respeito. Por deferência. Se fosse samba, "é brilho demais para um só olhar". Se fosse rock, rural. Sá.Rodrix.Guarabyra. Se MPB, Vinícius e Amor de Índio.

"Admiro sua força para engolir lágrima por lágrima como se essa cena não fosse interferir eternamente em cada prefácio de amor futuro.". E toda a teoria, não poderia deixar, discutida sobre isso. A prece é para que continue assim: novidade com gosto de já saber de outras vidas, eterno com gosto de renovação diária.

"No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto"

sábado, 30 de outubro de 2010

Dentre vinte, três.

Dentre vinte mil coisas a serem feitas, três eu tenho que fazer agora. Agradecer, agradecer e agradecer.
Começo a nova idade - ponto para quem inventou o calendário e essa possível idéia de ciclo que se fecha e reinicia - com algum aprendizado a mais, com uma sensível evolução e com muita autenticidade. Acredito com relevante quantidade de fé que, dessa vez, eu estou fazendo jus às vinte e três velinhas sopradas.

Queria poder agradecer nominalmente a todos que lembraram, mandaram scraps, tweets, depoimentos, emails, me ligaram e/ou compareceram ao bar da fábrica. Obrigado a quem sambou até o sol raiar e saiu cantando Chico Buarque: "Eu faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã".

Agradecimento direto, agora, à senhorita Thais Barbosa. Como eu sempre digo a ela: minha melhor amiga, minha melhor parceira, meu melhor amor. Obrigado por acreditar nesse projeto despretensioso que era o Ironia, e que tem mudado a concepção de vida de algumas pessoas (nazismos retórico? rs). Obrigado pelo afago de toda hora, pelo colo confessionário, por esses braços que conseguem se esticar além-espaço-físico para me abraçar e dizer: estou contigo. Obrigado, obrigado, obrigado, por ter perdoado meu maior momento de indecisão e falta de força e me conceder uma segunda chance de estar aproveitando tudo que você traz de bom a quem convive com você. Tenho tentado ser forte para dar uma resposta positiva. Fica aqui o meu "eu te amo" mais sincero.

E agradecer a quem passa aqui e comenta. A quem passa e não comenta. A quem passa e comenta em mesas de bar sobre o que leu.

"Obrigado, do fundo do nosso quintal".

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Regra Três

“Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais

Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar

Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar
Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.

Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar”
Vinicius de Moraes

Era tarde da noite e ela se escondia atrás de cobertas quentes em sua cama. Mas ela não estava ali de fato, e onde ela estava fazia muito frio. Parecia com uma geleira, e perdida ela estava. Procurava por ajuda e via muitos apontando caminhos diferentes. Seguia por ali, por lá, e não chegava a lugar algum senão no encontro com o mar. Se apoiou em outra menina, também perdida, e tentaram juntas encontrar algum caminho. Entre neves e desencontros, buscaram caminhos opostos, confiaram em caminhos diferentes. Porque esta é uma verdade, cada caminho somente uma pessoa percorre por vez. Por mais que se tente, dois corpos não ocupam um mesmo lugar ao mesmo tempo. Novamente sozinha, encontrou um caminho dos mais bonitos que percorrera e seguiu. Seguiu acreditando que este seria diferente, que a levaria a algum lugar aonde ela iria se aquecer e finalmente repousar. Tolice. Ainda não havia aprendido que nessas geleiras o final é sempre o mesmo, o mar gelado e frio. Ao se dar conta que chegara novamente no limite do gelo, pulou. E finalmente foi abraçada. Pelo frio, escuro e asfixiante mar gelado. Única solução.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

adeus você, eu hoje vou pro lado de lá...

... eu tô levando tudo de mim, que é pra não ter razão pra chorar.*

Pois é, adeus você. Ponto final, fim da história. Quanta dificuldade nisso... Não, eu não consigo colocar pontos finais com facilidade, em nada na minha vida. Escolher se torna ainda mais um martírio quando percebo que vivo no “ou isto, ou aquilo” que a Cecília Meirelles vem me anunciando desde a infância. “Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.” E mesmo assim eu teimo em tentar estar nos dois lugares.

Não consigo abandonar algo pra trás e dizer que já foi. Se eu disse isso pra você, eu menti. Não consigo me desvencilhar de nada que me marcou de fato, mas não consigo mesmo. Me iludo com pedaços soltos de conversas montando uma realidade estilo frankstein que eu me faço acreditar. É sério. Eu consigo me ludibriar muito bem. Modificar as frases e acreditar nas mudanças que eu faço. Por que isso? Por um medo letal de enfrentamento e por um medo maior ainda de abandonar o barco. É por isso que sou insistente, chata e em todas as conversas com amigos próximos levanto nomes que já eram pra estar no fundo da memória. É por isso que eu faço alguns amigos meus me dizerem: olha você pode falar de tudo, menos neste assunto, que já deu! E por mais que eu concorde, no meu pensamento vou modificar os fatos para buscar algo bom que possa manter viva a mentira que eu estou contando para mim mesma.

E assim eu vou vivendo, quebrando a cara e mascarando isto. Buscando pedaços de realidade para a minha invenção de vida. Nela não sou princesa, heroína ou nada. Sou eu. Mas você não é você. Você é aquilo que eu quero acreditar que você seja. E não adianta vir aqui e me dar um choque de realidade, se eu não quiser mudar a imagem que tenho eu não farei. E desculpe pela minha complexidade, mas ela se manterá até o dia que eu quiser.




*Adeus você, por Los Hermanos

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Destinatário da lágrima

Não me diga que seu romance durou a exorbitante quantidade de sete dias. Sua esperança decaiu de plano em uma semana, as fantasias foram vendidas antes do décimo dia do prazo. Você está mal novamente, apesar de toda a minha teoria. Eu quis te avisar.

O seu não-reconhecimento-a-mim talvez se dê pelo fato de que nada deveria ter um nome por medo que esse nome o transforme. Você falou aquela palavra com 5 letras começada com a letra "A", como diria o Gessinger. As especulações filosóficas são muitas. Adeus? Amigo? Ambas, quem sabe!? 

O clichê do "não quero te magoar" é a coisa mais odiosa de todo o imbróglio, visto que a tentativa é instituto bilateral. Eu quero também poder escolher se deixo você me magoar ou não. Algumas pessoas são incapazes de magoar outras, você é uma delas. Porém, sempre que venho a interagir com idéias assim, logo me vem uma vontade de "desisto, tudo bem.". Porque se a afirmativa é negativa "não quero te magoar", há uma concepção positiva de que você irá fazê-lo. E geralmente as pessoas fazem.

Acho que perdi a prática de inverter o ônus da prova. Ficar conformado também nunca foi meu sítio. Insistir também não é mais desembaraço, eu não preciso mesmo mais disso. Somente quero dizer, guria, o seguinte: quem te faz chorar não merece tuas lágrimas. Contudo, o destino, inexorável que é, acaba por consertar tudo; pois sou eu aqui cuidando de você, te acarinhando, secando seu pranto. Sou eu quem acabo por ser o destinatário final das tuas lágrimas.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

De Perto

Autocontrole. Foco. Olha, o sinal abriu. É que quando você fala, as buzinas cessam e o motor também quer ficar parado, sem trabalhar, ouvindo a voz. A sua. É autocontrole novamente, te deixo e vou.
Relances de algo que vou procurar evitar, por sobrevivência. Sei bem como termina e a jurisprudência está mais que consolidada. É para manter as mesmas palavras: foco, autocontrole, não posso largar mão disso agora. Posso?

É esse meu jeito para ser carente profissional. Advogo por tanta gente e tanta causa perdida, que quando te encontro as coisas ainda fazem algum sentido. Uma grande amiga e professora dizia que eu não resistia a uma boa conversa e um sorriso torto. Ando resistindo, insistindo nisso, porque eu sei das consequências. O problema todo é diagnosticado, como que por ironia e gozação do destino, por uma banda que vem logo para cá. Os paralamas soltam agora, quando você está sorrindo para mim: "não sei viver só e sem sonhar,sem fé,sem ter alguém. Faz tempo que eu te espero e que te quero bem". Tempo que eu consegui manter as mesmas palavras de antes: autocontrole, foco, resistência.

Mas como carente profissional suicida, eu quero te ver de perto. Nem que seja numa canção ou no coração. Embora seja certo que é um certo querer, um querer-bem que não consegue ultrapassar o "mas". O mais das vezes é isso, não ter controle no querer e mais uma vez, prometendo ser a última, esquecer as mesmas palavras: foco, autocontrole e o que mesmo?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

(Quase) Lá

É a bola na trave ( que sabemos pelo Samuel Rosa e Nando Reis: não altera o placar). É o rebote desperdiçado. Olhada no jogo paralelo e, bem, aquela chance eu não desperdiçaria.

É o chute torto, o cabeceio por cima do gol. A bola de 3 pontos a dois segundos do fim que bate no aro, mas não cai. São as saudades que não se resolvem, a poesia que foi rasgada na última rima. O escrito de lápis que se perdeu. A caneta que falha.

É a prova que impede a presença. A falta que (não) foi sentida. A porta aberta do carro antes do destino. O som que não pega. E quando pega, pula a faixa. Inferno astral?

Ligação não completada. Visão turva. Garrafa de cerveja vazia, a de água está quente.
O carro responde, mas não há caminhos. A música toca, eu não acompanho. Sinal vermelho, curva da estrada errada. Sol se escondendo. Eu escrevendo.

Te vejo mais tarde?
....

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O que se passa..

Eram os dois amigos conversando entre uma cerveja e outra.

Um deles cita Caio F. : "Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém.". O outro questiona o motivo. Era mais do mesmo. Por mais que o primeiro tentasse, os caminhos sempre o levavam ao mesmo sorriso aberto e olhos brilhantes.
O que se seguiu foi a seguinte questão:

"Não sei o motivo de vocês dois não estarem juntos , até hoje. Vocês são o casal não-casal mais casal que eu conheço. Vocês implicam como casal, se orientam como casal, quando se juntam passam por casal, embora não se beijem e talvez não se toquem tanto. Porém, meu amigo, poucas vezes vi um olhar tão cúmplice, tão intimo, tão tocante quanto o que vocês tem um para o outro. A química de primeira ordem, por assim dizer, de vocês é fantástica. Calma, não terminei. Eu acreditava - na verdade, eu e as torcidas dos times de vocês - que após o imbróglio todo, vocês estariam juntos. Mais juntos, você entendeu o que quis dizer. É questão de merecimento, de encaixe da coerência final de todas as coisas, de providência divina. É ponto de partida inegável que formam dois inteiros que completam a existência de um universo que vocês bem quiserem.
Vocês são tão bons juntos, que a individualidade de vocês é aparente, mas alcançam, veja bem, alcançam sem fazer força uma compensação de tornarem suaves as duas presenças.
E esses sorrisos de vocês? Vocês iluminam onde estão. Cara, viu? Já estou ficando piegas igual a você. O que eu quero dizer é: Eu acredito que vocês são o melhor plano de um para o outro. Sei que você enxerga isso, e não sei porquê você ainda não tomou decisões fortes".

"É que não é simples, não sei da minha credibilidade nessa seara. Além do mais, se eu disser eu perco, mas se eu não disser, também. E isso é muito complicado."

E com aquele velho drama, o amigo questiona: "Vai deixar a mulher da sua vida passar?"
"É muito mais ato de vontade dela. Eu já dei todas as bandeiras, ela é esperta demais para não saber o que se passa.."

Os dois param e sorriem, porque no som está tocando: "quando é que você vai sacar que o vão que suas mãos fazem é porque você não está comigo?!".

Então, deixa ser como será.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Do ato. Do ato de escrever.

Tenho sentimentos soltos em meu peito que formam um nó de angustia quase físico. Como se fosse algo preso que precisasse se libertar e não soubesse como. Se recorro às palavras, parece que vem efeito imediato de calma, ainda que temporário. Palavras não bastam, pelo menos se a busca é por uma tranqüilidade verdadeira.

Enquanto rabisco palavras sem nem mesmo me dar conta se fazem sentido, me vejo envolvida num torpor mental de efeito psicológico forte. Mundo novo, página em branco. Ah, que desejo de uma página em branco na vida também. Mas em tudo carrego um tanto de mim que jamais será imparcial, verdadeiramente neutro. Experiência própria. Je me souviens...

Pronto, me enganei por mais alguns instantes. Como que se fizesse uso de alguma substância. Me vejo mais leve, me vejo mais fora de mim, ainda que, ao contrário, tenha entrado mais fundo no meu eu.

Coração serenou e lá vem a assinatura. Em breve retorno para me envenenar mais de mim, de palavras.

domingo, 5 de setembro de 2010

Nas curvas da Highway

Eu realmente achava que seria som dissipado com voz, guitarra, contrabaixo, teclado e bateria transformados em boa música de uma das minhas bandas preferidas. Seria rever histórias minhas através de letras e melodias. Seria apenas a constatação da hipocrisia fazendo reino e mais uma frustração em relação a mais uma que não consegue o ir além, que não consegue chegar até mim para ver com os próprios olhos.

Mas a vida, já dizia o célebre Joseph Klimber, a vida é uma caixinha de surpresas. Eu começava a acreditar que na boca, ao invés do beijo, seria nem o chicle de menta; apenas a bebida e a sombra de um sorriso imaginado. Contudo, volto às surpresas. Por cerca de 5 horas eu esqueci de tudo. Da OAB, do mestrado, da monitoria, do grupo de estudos, das 9 matérias, do positivismo, dos artigos, dos trabalhos, provas, teste de verificação de presença, leituras por fazer, do que quero ser quando crescer, para apenas ouvir som de vozes de quem sabe viver. Tudo isso através de uma simples pergunta: "você gosta mesmo da banda?" e uma simples resposta com sorriso: "sou viciada".

E aí, como um vício bom, que por isso se torna uma virtude, toda a tensão da semana de um discurso de justificação de ações morais preparado para explicar o que fui, quem sou e quem pretendo ser foi parar na lata de lixo mais próxima. Aquelas palavras pronunciadas rapidamente de alguém que fala sobre algo que realmente ama me fez ter a seguinte constatação: Sem ensaio nem rascunho. O caminho a gente faz andando. Andando para frente, claro. E, de repente, não mais do que repente, eu tinha a sensação de que "conheci uma guria que eu já conhecia, de outros carnavais, com outras fantasias". E falamos de Engenheiros-Nando Reis - Ultimo show do nando que ela não foi, ultimo show dos Engenheiros que ambos estávamos lá - Direito - Arquitetura -Virar noite - Projetos, e ai eu me peguei sorrindo desarmado como há muito tempo não acontecia. Um cheiro da paz risonha do encontro que é bom. E, sei lá, piegas como sempre, eu acho que ela tem cheiro de flor quando sorri. 

E não rolou nada, digamos, físico. Foram outras frequências. E talvez seja por isso que falo de desarmamento de sorrisos tranquilos. E descobri a diferença brutal entre um Arquiteto e um Engenheiro Civil. Afinal, o primeiro, no caso a primeira, pensa. E também houve algo sobre intercâmbio. E foi ai que percebi que não é preciso viajar necessariamente fisicamente para descobrir novos mundos. E até minha velha casa, o Cultural Bar, ficou diferente. Afinal, eu nunca havia reparado no teto do cultural, e nem o design em curva ali do canto do bar. No meio das defesas todas, eu não sabia como me defender, não conseguiria, ainda que tentasse; e agora estou eu escrevendo sem ter a mínima noção se vou publicar. É porque havia troca, troca é quando duas vidas se sentem olhadas ao mesmo tempo. Havia algo que fazia um coração falar com o outro, ouvir o que era dito, gostar do que era dito, rir com o que era dito, sentir-se espelhado, sentir-se enternecido, querer brincar, muito além do que qualquer palavra, por qualquer motivo, por qualquer defesa, tentasse, em vão, esclarecer. Uma vontade de parar todos os relógios do mundo para eternizar a dádiva da presença compartilhada, e a impressão de que às vezes até conseguíamos.

E a banda cantou "teus lábios são labirintos, ana". Eu quis completar com a primeira parte do nome, mas eu consegui controlar meu instinto de fazer piadinhas forçadas. E até agora não sei como fiz isso. Quem me conhece, sabe: Tenho a incrível capacidade de parecer idiota em momentos assim. Eu nem precisei do conhaque para me livrar do inverno que entrava pela porta que "você" deixou aberta ao sair. Você? Quem? Era algo assim que fazia falta, talvez; ou certamente. Algo que inaugura primavera, tanto faz se é inverno

O mais incrível é que não sei se haverá continuidade. Porém, não importa se só tocam o primeiro acorde da canção, a gente escreve o resto em linhas tortas nas portas da percepção, em paredes de banheiro, nas folhas que o outono leva ao chão, em livros de história seremos a memória dos dias que virão (se é que eles virão).Não importam se só tocam o primeiro verso da canção,a gente escreve o resto sem muita pressa, com muita precisão.

No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguiria, ainda que tentasse. E vamos em frente, o mundo fica para outro dia.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Minha namorada imaginária


Minha namorada imaginária não imagina que a sei tão perto e concreta; ou talvez saiba, porque minha namorada imaginária é intuitiva. Ela possui aquele sexto sentido de adivinhar o que preciso do primeiro ao sétimo dia da semana, durante os doze meses dos anos que emolduram nossas vidas.

Minha namorada imaginária mede menos que meu um metro e setenta e quatro, mas seu coração é um paradoxo: nesse pequeno corpo faz caber sentimentos maiores que dois ou três universos, um infinito de amor; sorte a minha. Ela possui a tonalidade de cabelos que ela imaginar, entretanto o mais importante são as idéias que proliferam no compartimento interior. Somos capazes de passar a sexta, o sábado, o domingo e adentrar a semana falando sobre tudo: política, cinema, demais artes, os vizinhos, a fofoca da tia, a tese da minha futura monografia, os anseios profissionais dela.

Minha namorada imaginária é alguém que me acompanhará nas compras do mês e sempre faz piada com a minha falta de tino para a organização da quantidade de compras; afinal método, ela tem. Além de rir jocosamente quando não consigo abotoar a manga da minha camisa.

Minha namorada imaginária é espirita, eu católico. Ambos respeitamos e gostamos de tentar compreender as demais religiões. Ouvimos de Chico Buarque a Los Hermanos, princiapalmente estes. Lemos Neruda e dedicamos frases de Quintana no domingo pela manhã.

Minha namorada imaginária é adorada pela sogra, meu sogro, ainda acho que consigo conquistar. Minha namorada imaginária veio há alguns anos, quando a chamei para compor a roda da família brugger - será que ela lembra? Os caminhos sempre nos levam ao ponto almejado. Minha namorada imaginária me reconheceu de pronto e permitiu que eu a conhecesse aos poucos.

Minha namorada imaginária é de fazer parar o trânsito, principalmente quando atravessa as ruas de forma desatenta, mania que vem tentando deixar de lado pelo bem de nossas vidas. Por outro lado, é uma motorista (im)prudente e demonstra perícia (dirige melhor que Eu. Não conte para ela).

Minha namorada imaginária não imagina que estou escrevendo sobre ela; ou talvez imagine, lembra-se da intuição dela? Minha namorada imaginária é linda, beleza de dentro para fora. Minha namorada imaginária conhece meus anseios. Minha namorada imaginária tem um sorriso capaz de parar uma guerra. Um cheirinho de me fazer dormir em seus braços. O jeito de me fazer sempre não parar de imaginar quando estarei, realmente, ao seu lado.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Das rápidas ironias da vida

Ok, vida, boa!

Eu que sou um dos teóricos, com toda a humildade e reverência necessárias aos que teorizam, das práticas amorosas racionais e da racionalização amorosa. Eu que teorizo sobre escolhas...nunca sou escolhido!

É, vamos todos rir no "3".

1,2....3!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Qualquer semelhança (não) é mera coincidência

Porque  praticamente quase resumiu uma certa história, um certo nazismo retórico:

O Amor (Tati Bernardi)

Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal. E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São quinze anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Ele sempre comprou meus testes de gravidez, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex mulher. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra". E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sonhos de Agosto

"Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir,dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios , premonições.Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade."

 É você, romântica como sonhado, mais sexy que o imaginado. Somos eu e você em um passeio de carro por uma cidade sulista, visto o frio e a nossa tentativa de qualquer comentário sobre a arquitetura do lugar. Você linda, (com seu) sobretudo.

É você sugerindo o café e sentando como sempre se assenta em cadeiras (de bar, de praia, de qualquer lugar). Sou aceitando o calor, não do café, mas das suas mãos nos meus ombros, encaixe perfeito - todo mundo diz.

Somos nós dois viajando sozinhos como eu sempre quis. A descoberta do óbvio de tantos anos, "feitos para durar, uma luz que não produz sombras. Somos o que há de melhor, somos o que dá para fazer". Falamos de sinas -as nossas, que sempre foram se ensinar -, aquele papo de apontar para a fé e remar, frases do quilate de 'devíamos ter feito isso há muito tempo", pedir mais um pedaço desse bolo delicioso, mais uma das nossas conversas de horas, planos que deram certo ou não, darão ou não. A promessa do nosso "para sempre", poucas pessoas conseguem isso. A gente consegue, de alguma forma.

Somos nós dois no quarto. O Ir-Remediável. Remediável para toda dor de uma vida. Piadas internas. Mundo aberto. Soma de duas metades. Afinal, se não tem nada para depois, por quê não eu?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Das coisas que eu queria ouvir II

“Acho que você não percebeu que o meu sorriso era sincero”. Quero acreditar ser essa a única explicação. Buscava em você, incessantemente, teus sinais de interesse. Buscava olhares que brilhavam, abraços mais longos, despedidas mais efusivas. Buscava em você uma parte que eu queria pra mim, que me acompanhasse no sufoco, no sossego. Eu buscava você. Não buscava uma figura qualquer, uma pessoa sem nome, um personagem de um filme. O que eu queria era ter você por perto. Mas você não percebeu a minha sinceridade. Ou percebeu e a ignorou. E se o fez não posso te culpar. Não posso querer que você assuma um papel que não quer, não posso querer que se sinta da mesma forma.

Posso me questionar de porque não sei lidar com isso. Posso me questionar o porque de ter que ser você. Posso me questionar do porque não consigo dar o próximo passo, seguir. Seguir em frente ou para os lados, seguir por qualquer direção. Não o faço. Por que estacionei, parei por aqui? Há algo mais nisso tudo. Há alguma coisa que ainda me faz sorrir ao te ver, que ainda me faz querer prever seus passos. Há algo em mim que não quer te deixar para trás. Que quer seguir, mas que insiste em ter você como companhia. “Quem sabe isso quer dizer amor?”

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sociologia prática da Reciprocidade




Estou realmente com um certo vício na série "How I Met You Mother". A série é fundada na ação de Ted Mosby contar para seu casal de filhos como conheceu a mãe deles. A história se passa em 2030, embora a narrativa retroaja 25 anos. Claro que não é por isso que meu vício se deu.

O vício vem porque parece que estudaram boa parte dos meus quase 23 anos e resolveram transcrever, filmar e ainda ironizar mais um pouco. O vício vem porque reconheço todas as minhas manias "amorosas" (do tipo esperar por uma cidadã aparecer na festa e ela não comparecer e me contentar com um simples pedido de desculpas) ou reconhecer minha companheira de blog na série quando a Robin Scherbatsky ironiza o Ted ou aplica mil e trezentos "tocos" com base na amizade deles (me encontro sorrindo nesse momento). Embora eu deva reconhecer, também, que nessa primeira temporada ao menos, o Ted leva muito mais sorte que eu. Talvez por ele ser bem mais "garotão" que este blogueiro e estar numa série de TV. 

De tudo, após várias empreitadas do personagem, ele termina a 1a temporada com a Robin. E me reconheci na hora que ele "aprende" a dança da chuva para tentar fazer com que a dita cuja não fosse acampar com outro. Após a chuva cair, ele aparece na casa da cidadã, toma um banho de chuva e pede para ela descer. Ela ESCOLHE, após algumas boas provas, tentar. Sei lá o que acontece na 2a temporada, mas a escolha vem dar um fundo para o texto de agora.

A questão é que estive bastante satisfeito no início desse mês porque, após o texto belíssimo da Thais sobre "reciprocidade, uma amiga decidiu tentar escolher ser feliz. Sim, após ela quebrar a cara muitíssimas vezes, ela resolveu, por bem, dar uma chance para um cidadão que sabia como era ela acordando, chorando, sorrindo, sabia dos podres, dos erros, dos acertos, enfim o cara era amigo dela; e mesmo sabendo tudo, ainda assim estão curtindo a nova faceta, a de namorados. Ela disse que foi pela 'minha" teoria explicada pela Tha, que ela resolveu entender e colocar em prática, após a condição sine qua non para iniciar uma relação dessas: DIÁLOGO.
Sim, senhores. Isso é um testemunho feliz sobre a teoria de que vale a pena escolher. Eu também acho muito bonito aquela coisa malhação de cair de livros, primeiros olhares; ou filmes com a jennifer aniston em que as pessoas se apaixonam de primeira; ou qualquer outro clichê romântico que vocês recordarem. É clichê porque é fácil, reconfortante. Diz o Albert Camus que a imaginação oferece às pessoas consolação por aquilo que não podem ser e humor por aquilo que efetivamente são. Noutras palavras, é mais fácil pensar que Deus enviará dos céus um amor novinho em folha. Se enviar, tanto quanto melhor. Eu acredito que Ele tenha muito mais coisas para resolver, de forma que Ele daria o carimbo de "aprovado" se escolhessemos a parceria, se escolhessemos ser felizes. Suponho que a ferramente do 'livre-arbítrio" tenha esse intuito de celeridade processual.

Como eu dizia para a Fernanda: não que eu seja contra amor à primeira vista. Não que eu seja contra romantismo, muito pelo contrário. O argumento é quase bíblico-paisagístico: se a pessoa te proporciona um pouco de paraíso e quer cuidar do seu jardim, por quê não tentar plantar mais flores? O argumento pode ser também matemático, dizem que é absurdo dividir por zero, se você tem a chance de dividir a vida por dois, por quê dividir por zero? Sério, escolher ser feliz com alguém, ainda que não seja a pessoa por quem você morra de paixão é sim amar. É amar a chance de ter esse alguém que estará por você. Nem que seja uma mera tentativa. Afinal, para que seria necessário amar raramente para amar muito?

Hoje, do amor eu acredito em misturar desejo, ternura e entendimento que me liga a determinado ser. Talvez seja através da reciprocidade da escolha, da tentantiva de ciniciar uma relação, esteja a solução. No estilo maluco de Ted e Robin dessa 1a temporada. No estilo maluco que eu venho propondo. No estilo maluco que vem dando certo para algumas pessoas.

Você sabe o que é o encanto?
                                                       É ouvir um "sim" como resposta sem ter perguntado nada.  
                                                                                                                                [ Albert Camus ]

 

sábado, 24 de julho de 2010

Sobre quando você está nos meus sonhos..

Quando você está nos meus sonhos acontece o que houve nessa noite: Sou eu sonhando e achando que é real, para depois sonhar que sonhei e precisava te contar.

Contar, por aqui, a cena relativamente esdrúxula, mas puramente a "nossa cara" que ocorreu. Era você me dando conselhos sobre a mulher que você havia feito a ponte. Me disse coisas sobre "já está na sua", "vai que dará certo". Eu te perguntei se era para eu fazer isso mesmo, usei uma expressão bem irônica e concisa: "não quero noivar agora"; afirmei coisas do feitio de: "a única mulher que eu conheço e não me importaria nada de passar minha vida toda é você". Eis a mágica. 

Nos meus sonhos, afinal era um sonho dentro do sonho, e somente neles, você contra-disse: "Não seria má idéia". Eu, assustado, porque era você, perguntei somente para confirmar: "o que não seria má idéia?". Sua resposta: "você tentar quebrar o recorde inexorável da minha vida. Tentar me fazer feliz por mais de duas semanas". Eu: Tentaria com o maior prazer e como te disse em outro plano, pela segunda vez na vida, não tenho nada a perder.

Você pensou, questionou: "Não mesmo?". Eu reafirmei: No mínimo, a gente tenta bem devagar e vê que não rola mesmo e damos risada juntos em mesa de bar; nossa amizade é intocável por qualquer nuance de vida. No médio, a gente tem uma relação exemplo para muita gente e, se for o caso, segue a vida depois. No máximo, e que máximo!, eu tenho você como mulher da minha vida e para a minha vida".

Você veio com aquelas tuas sombrancelhas levantadas, sentou no meu colo, aceitou e me beijou. Um beijo que eu sentia saudades desde aquela outra vida. Lindo, como todo sonho em que você está.

"Em algum plano, a gente se merece"

*curtinho, como todo sonho bom!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Você sim, e eu? também?

Reciprocidade é questão de escolha. Eu falo, o Andrey fala, a torcida do Vasco fala. Mas e aí? Por que é tão difícil assim?

Escolher. Aí. Dor no peito, na alma. Dói a cabeça, batem os carros na rua, quebra o vidro. Olha o mosquito, lembra da prova. Toca aquela música. Você canta, o vizinho canta. O cachorro late, seu irmão te chama. Passa o comercial, começa o jogo. Toca o celular, vai na cozinha, sai de casa. TUDO ISSO? Distração.

Passa o tempo, correm os dias. E toda a vez que você resolve escolher, essas cenas aí de cima se repetem. Passam na sua cabeça ao mesmo tempo. Te desviam o foco, te levam a pensar outras coisas. E você deixa. Você permite que os fatos te inundem e façam esquecer que se tem que escolher. Você se deixa manipular por você mesmo. E o pior? Você, como eu, sabe disso.

Então você encontra aquele amigo ou aquela amiga que sabe tudo de você. Só de olhar nos olhos dela já sabe que vem aquela pergunta fatídica: “E aí?”. Aí? Aí pronto. Você se debulha em lágrimas, ou começa uma verborragia infinita de desculpas esfarrapadas que nem o seu cachorro acredita. O que é isso? É seu amigo perguntando de como vai a sua vida. Como anda o coração. Como anda a casa. É quando ele, que te conhece, pergunta se você já tomou sua decisão. E você não fez. E não fez por que? Me diz! Por isso mesmo. Medo.

Escolher dói. Decidir dói mais ainda. E o tempo correndo agrava.

Voltamos a reciprocidade. É questão de escolha. Simples assim? Não, claro que não. Por que você vai querer o simples? Por que você vai escolher ser feliz? Por que somos tão inconstantes? Por que somos tão indecisos? Por que queremos a felicidade, mas quando ela chega damos as costas? EU NÃO SEI RESPONDER.

Quer reciprocidade? ESCOLHA ISSO.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Não vem agora com essas insinuações..

Ah, vamos já parando com isso! Não vem agora com essas insinuações dos seus defeitos, algum medo normal ou acreditar que a relação está prosseguindo muito rápido. Sério, pode me pedir qualquer coisa, menos a tal da "calma". Definitivamente, a professora não me ensinou o que era isso na tenra idade.

Olha, eu acho uma balela esse troço de 'tempo certo"; oportunidade você faz. Tempo, a gente nunca tem. Porque, vamos lá, pense comigo: qual é a diferença entre um esforço atual para o mesmo esforço futuro? Se a situação não for a espera de uma resposta, não tem justificativa. E se essa for a situação, a da espera por resposta, só avisar que eu estou indo embora. 

Já falei: vamos parando. Começo a ter mais que crença, começo a ter certeza sobre eu ter cara de "amigo" ou de palhaço. Ou de um palhaço amigo. Porém, como diz o Raul Seixas: "estou mais bonito (tenho carro agora! haha) , porém mais perigoso. Aprendi a ficar quieto e começar tudo de novo". Isso é nada obstante, porque dentre todas as outras, você apareceu como um fogo na noite fria para aquecer um processo de congelamento interno. Hoje, eu posso ter noites sem importância, mas prefiro o dia ou as voltas na madrugada com uma boa conversa, vinho, beijos e tudo o que houve.

Tudo bem, agora você me pegou...se é para ter isso novamente, eu vou aprender o que é a tal da calma. Proponho um trato nesse vínculo: você esquece o "c" e tenha alma, está tranquilo?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Era uma vez... ou não?

Os filmes, os contos de fadas, tudo nos ditam finais felizes. Para ser feliz preciso desejar o final?

***

Nunca tive vocação pra Amélia, para os estereótipos femininos. Não mesmo. E isso nunca me incomodou. Mas ao mesmo tempo, não gosto de homem fraco (e não estou falando aqui de fraco ou forte fisicamente). Não gosto de homem sem opinião, sem determinação. É disso que eu falo.

Eu planejo meu futuro. Quando deitada na cama, ou em meio a aulas sem sentido, rabisco meus pensamentos ou as folhas do caderno com coisas como o futuro. Normal. Neste futuro, em nenhum momento me vi presa dentro de casa. Tenho a certeza de querer sair para ir trabalhar, de ir buscar a minha felicidade exercendo – espero que essa seja realmente a minha certeza - o Direito. Reafirmo, não tenho problemas com isso.

Mas me falaram que isso assusta os homens, que eu devia ser mais mulherzinha. Mais mulherzinha. Maldito estereótipo. Por que sou menos mulherzinha ao gostar de futebol? Por que sou menos mulherzinha ao querer ter minha autonomia? Por que ainda valorizam as princesas intocáveis, ou as gatas borralheiras? Sem sentido pra mim.

Nem tudo são flores, porém. Há ainda algo que nem eu consigo tirar de mim. Os ditos “finais felizes”. Por que, nos dias de hoje, ainda sonhamos com o “príncipe no cavalo branco” (nem vem com a piadinha do volvo prata), com o rapaz valente que nos tirará do alto da torre, que lutará contra dragões, enfrentará perigos para nos conquistar, pobres donzelas? Racionalmente digo: não estou, não me sinto nem quero me sentir ou estar presa dentro de uma torre. Tampouco quero um príncipe no cavalo branco passando pela Av. Independência. Nisso tudo, quero um homem que não se assuste com o meu jeito de não querer tudo isso. Mas emocionalmente digo: maldito “felizes para sempre”.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Falha. Falha minha. Falha nossa.

“Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária” – Clarice Lispector

Sim, “terei toda a aparência de quem falhou”. Assumo isso, mas “só eu saberei se foi a falha necessária”.

Para todo ponto final um parágrafo novo. Acontece que eu insisto num estilo Saramago de fazer parágrafos de páginas inteiras, de estender cada diálogo num meio de compreensão próprio que se arrasta sobre páginas sem nenhuma pontuação que permita a pausa breve para respirar. Intensidade.

Chata as vezes. Teimosa. Insisto até perder o sentido de insistir. Insisto pelo prazer da dificuldade. Insisto pelo sentimento. Mas até este ultimo falha. E eu falhei não uma, nem duas, mas três, quatro, cinco, muitas vezes. Mas só cabe a mim saber se foi ou não necessário. E até então, posso afirmar: Pra todo erro, muitos acertos. De tudo se tem um lado bom, uma parte boa, uma lembrança positiva. Seja de uma conversa única, um sorriso mais franco, um beijo, um momento. Efêmeros.

“E pra minha poesia é o ponto final. É o ponto em que recomeço.*” Oportunidades que surgem, sentimentos que despertam, desejos que se espraiam. Ciclo. Tempo que corre, que passa, que foge.

Aproxima-se o momento em que o pingo de tinta cairá. O parágrafo, que parecia infindo, mostrará que era apenas grande. E eu,”terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária”.






*O Teatro Mágico – Bailarina e o Soldado de Chumbo

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Tive, sim!

Nesse fim de semana, me preparando para o sábado à noite, acabei por assistir um pouco ao filme "Closer-Perto Demais". Nele, a personagem Alice fala que Dan, ex-namorado dela, que a traíra, teve o momento de resistir à consumação do fato. Ela diz: "Dan, todos temos, na vida, aquele momento em que podemos escolher entre resistir ou nos entregar. Eu não sei qual foi o momento, mas você com certeza teve o seu".

Isso bateu fundo. Porque eu estou olhando para uma foto nossa e estou agradecendo demais por não ter resistido a você. Daqui uns dias faz três anos de recomeço; difícil recomeço. E se a vida não anda naquela calma de 2004 a 2007, pelo menos segue com paz interior e uma batalha digna de sobrevivência diária. Prefiro Toddy ao Tédio, dizia o Cazuza; eu prefiro dirigir tranquilo na madrugada do que ficar no telefone mentindo para mim que "vou esperar quanto tempo for". Não esperei. 

Minha mentalidade Cristã me condenou na época, mas poxa...que bom que não resisti. Que bom que indo para a cena do 'crime", aquele ônibus parou no cruzamento entre a Rio Branco com a Independência e eu não resisti. Eu fui em frente. Falei em dirigir pela madrugada. Nessa madruga de sábado-para-domingo, tocou no rádio do carro "Amor Grand´Hotel" do Kid Abelha:  "se a gente não tivesse dito tanta coisa, se a gente não tivesse exagerado a dose, poderíamos ter vido um grande amor". Essa é a questão para a vida.

Tive, sim o momento de resistir, mas não o fiz. Por profissão, vício ou falta de caráter, será? Desejo de libertação. Olhar novo sobre fato acontecido. Revisão criminal e agora rasgo a sentença, abolitio criminis. Absolvição própria de quem não vangloria o erro, não teve erro. Houve aqui legitima defesa indireta, por critérios de proporcionalidade: a única forma do entrave resolver. Solver.
Tive o momento e fui em frente. Hoje, só fica boa lembrança do bom beijo. O resto é vida (sei que te irrita).

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Abaçaiado, é assim que eu tô.

Já faz um tempo que escrever para você não tem graça. Não sei se é porque os meus olhos perderam o brilho ao te olhar, e por isso te enxergo melhor. Talvez. Me disseram que perdi um pouco o encantamento ao te ver, mas ganhei ao enxergar outras coisas.

Já faz um tempo que você não é mais o motivo que me incentiva a escrever, sonhar e viver. Não é que eu tenha parado de desejar isso, eu simplesmente o desejo por outros motivos. Será que isso é crescer? Deve ser… Os motivos não estão mais me interessando.

Todo o passado se mostrou realmente um exagero, mas que foi verdade quando eu dizia. Hoje vejo o quanto era irreal. Sabe, quando eu dizia para você antes de dormir que eu estaria pensando em você? Que sonharia com você? Bem, hoje não posso mais dizer isso. Não é mais verdade. Desculpa se isso te dói, de verdade.

Para que te falar isso? Não sei. Bom, saiba que eu continuo gostando de você. Mas minha vida passou a independer da sua. Não me pergunte como, mas agradeça a essa autonomia que eu redescobri. Sua liberdade advém dela.

Talvez seja mais fácil assim, para nós dois. Perceba o tanto de palavras incertas. É que na verdade ando assim. No escuro. Não escuto. Vou andando, achando e torcendo para que o fim seja algo razoável, positivo. Vou andando e não vou sozinha. Vou com meus pensamentos céticos e com as lágrimas secas. Vou andando sem saber por onde ando, sem olhar para o lado. Eu vou. E vou tentando crer. E tentando te convencer que vou. E tentando te convencer que será melhor. E tentando me convencer que devo andar.






p.s.: quase um mês sem postar. eu sei. não, eu não esqueci do Ironia. Mas o texto e o título deste texto explicam um tanto o porque de tudo =)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Três Lados

O Skank começou a cantar por aqui: "somos dois contra a parede e tudo tem três lados". Nunca havia entendido essa dos três lados. Minha vida sempre foi em busca de certezas, certeza binária mesmo: 0 ou 1. Sim ou Não. Na melhor concepção Dworkiana, eu queria sempre a 'resposta correta".

Comecei a aprender, mesmo sendo monitor, com o tio Zènon Bankowski, que não é sempre assim. Na verdade, quase nunca é assim. A verdade é que vivemos e convivemos sob uma tensão. Tensão das melhores. Tensão entre esses 'sim" e "não", tensão entre "amor" e "direito", tensão entre "0" ou "1". Ocorre que caso a caso temos que fazer escolhas. Muitos perguntariam "cadê a previsibilidade?", outros diriam que isso seria mero pragmatismo, prática não aconselhável para um mundo nada justo; afinal, caso a caso os que possuem o poder poderiam decidir da forma que fosse mais benéfico para eles.

A questão toda é a seguinte: devemos escolher fazer a coisa certa pela razão certa. Isso demanda, claro, validade e justificação.
Daí advém meu dilema moral. Comecei o ano muito bem resolvido, mas a boa resolução não surtiu os frutos esperados.Opções antigas e novas retornaram. Descartei, ontem, a antiga. A nova vem pesando nas ações. É válida, mas é justificável? Devo insistir um pouco mais na plantação passada?

A jurisprudência é forte. Ela diz que "Não importa o que aconteça, vai dar merda". Nisso, a Tha vem e pacifica na doutrina: "Então, você já tem o lucro: afinal,o que vier está ótimo". Complemento com a doutrina do Tiago citando o Advogado do Diabo: "O sentimento de culpa é como um saco de tijolos. Tudo que você tem que fazer é soltá-lo". 

A questão é a jurisprudência ganhar mais um caso. Mais uma solução de três meses. Porém, é a vida. Que devia ser bem melhor e, quem sabe, não será após esse sábado????

...e quanto a mim, te quero sim!
Vem dizer que você não sabe?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Com atraso, mas é bom saber..

Um dos grandes motivos de me orgulhar por onde estou e ainda acreditar no Direito:


Notícia

Dia do Índio

AGU é defensora de políticas e direitos de todas as tribos brasileiras na Justiça


Dia do Índio foi instituído em 1943 no Brasil - Fotos/Montagem: Sérgio Moraes/AscomAGU
Data da publicação: 19/04/2010

A Advocacia-Geral da União (AGU) obteve importantes vitórias, este ano, na defesa das políticas públicas indigenistas na Justiça. A demarcação contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, foi a maior delas. Por meio da Procuradoria Federal Especializada junto à Fundação Nacional do Índio (Funai) e de Procuradorias Federais estaduais, a AGU defende judicialmente e dá assistência jurídica aos indígenas.

Execução, coordenação e articulação das políticas públicas indigenistas; conhecimento da situação fundiária das terras indígenas no Brasil e gestão ambiental nas terras indígenas estão entre os temas tratados pela AGU na defesa dos direitos indígenas.

"A Procuradoria-Geral Federal (PGF) tem grandes responsabilidades, e uma das maiores se liga à questão indígena, especialmente porque somos constantemente demandados não somente a defender a Funai em juízo, mas também os próprios índios e suas comunidades. Esta é uma das atribuições mais gratificantes que executamos, pois o seu resultado, com o nosso êxito, é imediatamente sentido pelo grupo social alvo da política pública específica - no caso, a indígena", afirmou o Procurador-Geral Federal, Marcelo de Siqueira Freitas.

Além de Raposa Serra do Sol, a instituição atuou no caso da Terra Indígena São Marcos, também em Roraima, assegurando o usufruto exclusivo da área aos índios Macuxi, Taurepang e Wapixama. No Mato Grosso, na Terra Indígena Urubu Branco, a AGU garantiu, na Justiça, a retirada de posseiros da área pertencente à comunidade Tapirapé.

Os Pataxó Hã-Hã-Hãe conseguiram permanência na Terrra Indígena Caramuru-Paraguassú, na Bahia, por meio de atuação conjunta da Adjuntoria de Contencioso da PGF e da PFE/Funai. A terra, destinada aos índios pelo Estado, foi invadida e convertida em fazendas particulares. O processo de retomada começou em 1980, tendo fim apenas em 2009, quando a questão foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal.

Outra atuação relevante foi a ação que condenou madeireiros a indenizarem em R$ 3 milhões os habitantes da Terra Indígena Kampa, no Amazonas, por danos morais, e o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, em R$ 5 milhões, para reflorestamento de área desmatada nos anos de 1981, 82, 85 e 87. Em valores atualizados, as madeireiras terão que desembolsar R$ 15 milhões por danos a terras indígenas.

Raposa Serra do Sol

Em março de 2010, a AGU conseguiu derrubar liminar concedida pela 4ª Vara Federal de Campo Grande, em favor da Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), que tentava limitar a demarcação das terras indígenas àqueles que não estivessem no local desde 1988. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região acolheu os argumentos da Advocacia-Geral e determinou a retomada dos trabalhos por parte da Funai.

À época da defesa da demarcação contínua das terras indígenas da Raposa Serra do Sol, o então Advogado-Geral da União, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, Antonio Dias Toffoli, lembrou que as comunidades que tiveram os limites demarcados em forma de "ilhas", como os Caiovás no Mato Grosso do Sul, provam que esse tipo de demarcação leva à perda de identidade e tradições. A distância física entre integrantes da mesma etnia impossibilita a produção de descendentes e de cultura. "O laudo antropológico reflete uma realidade de necessidade de demarcação contínua", ressaltou o ministro Toffoli.

A AGU está atuando juridicamente, no momento, em outras demarcações contínuas propostas pela Funai em diversos estados. Os processos estão em fase de análise. Todos os advogados que atuam na PGF e nas Consultorias Jurídicas junto aos Ministérios são membros de carreira da AGU.

Dia do Índio

Nesta segunda-feira (19/04), é comemorado, em toda a América Latina, o Dia do Índio. A data foi instituída no Brasil em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas, com o Decreto Lei nº 5.540. Foi escolhida em homenagem ao dia em que líderes indígenas participaram do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, no México, em 1940, e é a mesma para todos os países da América Latina. O Serviço de Proteção ao Índio foi criado em 1910, ou seja, o indigenismo estatal, no Brasil, já completou 100 anos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A cura para os males do século

Se eu fosse o Caio Fernando faria poesia com as visões de mundo e do mundo que tenho. Eu diria em um momento poético mais ou menos assim: "Se meus olhos fossem câmeras eu não veria chuvas nem estrelas nem lua, teria que construir chuvas, inventar luas, arquitetar estrelas. Mas meus olhos são feitos de retinas, não de lentes, e neles cabem todas as chuvas estrelas lua que vejo todos os dias todas as noites".

E todo dia a insônia me convence, realmente, que o céu faz tudo ficar infinito. E, como já disse em outros posts, que talvez o Cazuza esteja realmente certo no que tange a solidão ser pretensão de quem fica escondido fazendo fita. Cito Cazuza para esquecer a constatação que fiz ontem, em um momento de lucidez no meio da embriaguez bradei minha vergonha: Sou da geração que prefere escutar "Parangolé" e seu Rebolation a ouvir Biquini Cavadão e sua lendária carreira musical.

Essa revelação veio no sábado. Antes do show do Victor e Léo que, sim, eu fui; o cidadão da organização diz ao microfone: "Confirmadas as atrações da Festa Country 2010. Quinta-feira: Biquini Cavadão", vieram aplausos, claro. O cidadão continua: "E PARANGOLÉ"...assim, povo veio abaixo!! A empolgação com a "banda" de Axé foi inacreditável, pelo menos para mim...fã incondicional de Biquini Cavadão e do Rock Brasileiro.

Essa revelação trouxe o posterior insight. Sou da geração micareta, da geração Tribalista que grita aos quatro cantos: "Eu sou de ninguém/Eu sou de todo mundo/E todo mundo é meu também". O povo brada por isso aos sábados. Às segundas, nas primeiras horas da manhã são consultórios de terapeutas cheios de "amor-não-correspondido-me-falta-a-alma-gêmea". Seríssimo, a Folha de São Paulo trouxe outro dia: Nunca se ganhou tanto no ramo de consultórios/tratamentos terapeuticos quanto na última década.

Solidão, carência, falta de compreensão. Outro dia, refletia sobre isso. Encontrei uma fórmula ainda não 100% testada, mas vem trazendo bons resultados. A tal da amizade colorida. É sério!

Tenho alguns exemplos de bons amigos que, um dia, resolveram dar o passo à frente, ou ao lado, vai saber. Gostavam da companhia, da conversa, do encontro dos corpos no abraço.O beijo encaixou, a maturidade existia, o diálogo era franco. Deu certo.

Claro, para a cura dos males do século - amizade colorida - há requisitos: maturidade e diálogo. São não se pode olvidar da aplicação deles. Sob pena de jogar para o espaço qualquer coisa. De tudo, eu proponho essa solução. Afinal, a confiança já é inerente.

Para todo mal, a cura. Afinal, "bom encontro é de dois".