segunda-feira, 29 de junho de 2009

Presente de um beija-flor



- Beija-flor, que trouxe meu amor, voou e foi embora...

Dentro do ônibus completamente lotado, um rapaz cantava. Cantava alto, parecendo que o ônibus era o banheiro da própria casa. Também batia no caderno, como uma percussão improvisada. Deveria ter seus vinte e cinco anos e possuía uma aparência comum, nada que acusasse uma provável loucura.

- Olha só como é lindo meu amor, estou feliz agora...

As pessoas olhavam. Alguns expressavam séria reprovação, outros ficavam rindo e ainda havia uns imperturbáveis. Eu ficava tentando imaginar o que levaria alguém a cantar num ônibus cheio. Seria um louco? Revoltado? Desiludido? Apaixonado? Sem noção?

- Fim de ano, vou embora de ‘Juiz de Fora’, que é pra eu ver o mar...Mas diz pra mãe lá pro final de fevereiro é que eu vou voltar...

Não dava sinais de desistência, nem reparava nos olhares de quem não queria ouvi-lo. Só continuava seu show sem perceber sua platéia furiosa ou debochada. Eu não estava muito incomodado com a voz, que por sinal era um tanto desafinada, e sim pelo fato de não conseguir ser tão corajoso ou louco, seja lá o que for.

- Agradeço por poder cantar, e ver você ouvir...ééé...

Depois de tanto refletir, decidi não ficar tentando explicar mais nada. Na entrada do ônibus havia alguns dizeres como: “Não fale com o motorista”, “Não fume” e “Não ultrapasse o limite de pessoas”, no entanto não havia nenhum aviso escrito: “Não cante”. E, apesar de alguns ficaram de cara feia, ninguém pediu para o Cidadão parar com o karaokê.

- E tentar entender essa mensagem, que eu quero transmitir...

Até simpatizei pelo ato no fim das contas. Ele continuava cantando e apareceu mais uma, duas, três vozes em coro. Até que o ônibus inteiro estava como um grande ônibus escolar. Os rostos se desanuviaram, as expressões se abriram e todos cantavam felizes. Eu também cantei, é claro. Louco, agora, era quem estava calado.

- Estou feliz agora...

sábado, 27 de junho de 2009

Vem comigo, no caminho eu te explico!

"Do you hope to make her see, you fool?"

( Hello, I Love You - The Doors)


Imediatista. Acho que é a melhor palavra. Já tentei de tudo pra mudar. Até mantras e ioga, mas não tem jeito. Eu quero pra ontem. Esperar é algo que me corrói os nervos. Pra que deixar pra amanhã se dá pra ser feito hoje? (Isso não é extensivo a estudar Penal). Não gosto de nada feito em pedaços, eu me delicio é com a coisa pronta. Tem tanta ânsia aqui dentro. Tanto querer esparramado...Tenho pressa de viver!


" Vem comigo; no caminho, eu explico!"



quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Palhaço pena...


Obrigado à Fernandinha que, lá de Floripa, escreveu para esse 'doce palhaço trôpego" tão emocionantes palavras!

Caótico tal qual o mote que inventa
Tragado por delírios voluntários
Ele dança e canta, doce palhaço trôpego
Chora por muito rir, percebeu-se desesperado
Ovacionado e envaidecido por aplausos imaginados

Ritmado, pois, segue bailando ao passo da sombra
Mantém os olhos abertos mirando algo circunscrito
Nas faces que lhe ignoram
Pobres doentes sem remédio
Ele sente muito medo por não ser mais um enfermo

Mas ele cambaleia com seu sorriso tolo
Sua existência agora diluída
Em meio às ilusões instantâneas
Já nem sente os pés feridos, apenas o gosto de bílis
Enquanto ele roda, grita, gesticula, sonha, sangra e é feliz

Eles o apontam e dizem nos ouvidos:
“Os olhos do cavalheiro estão perdidos”
Porém ele não escuta mais ninguém
Além do próprio choro bobo
E das vozes em sua cabeça ecoando:
Tu és feliz, muito feliz
Tu és feliz, muito feliz
Muito feliz.


"O palhaço pena, quando cai o pano e o pano cai.
Um sorriso por ingresso, falta assunto, falta acesso"

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ei, você aí...vem cá nadar!




Saudade do agora, que vejo escorrer entre meus dedos, que mal acabei de escrever e já virou lembrança.
Mesmo as incertas, de claridades foscas e sombras ligeiras, me aquecem a alma.
Saudade que acentua a falta de alguém que insisto fingir que não vejo.
Que é como brasa incandescente e eterna, que surge ao fim de um fumegante rastro, clareando de laranja o que já foi um fogo chamado presença de amor, da over, da libido, da amizade colorida, da companhia para devaneios; presença-ausência que me vem da luz piscando no MSN.
Saudade assim não é sentimento abstrato.
Saudade bem sentida é palpável, traz muito mais que os lampejos das memórias, pode ser aspirada, é térmica.
E, nessas horas, a gente sente saudade até do que nunca possuiu, de ruelas entortadas, de fogão de lenha, de bonde, de serenatas, de show particular de leoni enquanto a gente discute sobre como todo mundo gosta de complicar.

Ah, Deus ! Obrigado pela saudade que ainda posso dar um jeito, aquela das pessoas que estão por aí, que ainda fazem parte de minha vida, e que por tanta correria acabo tolamente deixando de abraçar...

" Sinta-se feliz, porque no mundo tem alguém que diz que muito te ama, que tanto te ama, que muito muito muito, que tanto te ama"


sábado, 20 de junho de 2009

Um dia...




"
Mude.
Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade."


Um dia te encontro ao cruzar uma rua qualquer, ao sentar à mesa de um bar ou até quem sabe simplesmente entrar em uma sala qualquer em meio a mais um dia fatídico de uma semana sem importância. Mesmo que nossos olhares se cruzem, nossas idéias se pareçam e que até possamos viver juntos, ainda sim teremos infinitas diferenças. Talvez tu te encaixes naquelas expectativas que criei e que eu também me encaixe nas tuas, entretanto, esse não é o objetivo de tudo.

Para conviver contigo preciso te respeitar, superar, aprender e precisas do mesmo para conviver comigo. Nem sempre isso é possível e acabamos brigando, criando distância e até desaparecendo. Talvez só os fortes sobrevivam. Somos singularidades em busca de sintonia ou algo que nos permita algum tipo de união. Um encontro na estrada da vida nos permite tentar concretizar a união e, se tudo der certo, ela ocorrerá.

Se tu não sabes conviver comigo apesar de meus defeitos e tentativas de acerto, não há nada a fazer. Se também não sei conviver contigo apesar de tudo isso, sigo meu caminho independente do teu. Forçar nem sempre é a melhor opção e nem sempre afastar é o mais sensato. Não sei conviver com certas capacidades e sei que também tenho algumas que tu não irá suportar. Tantos e TANTAS já o fizeram...

A oportunidade de tentar é o que faz do caminho uma fonte de conhecimento. Eu tento, tu tentas, nós tentamos... se conseguirmos, ótimo. Se não, é uma pena. Só não vou me esconder atrás das vontades dos outros e deixar com que minha imagem se apague por caprichos de pessoas que não se reconhecem.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Supremo Tribunal Federal: gente legal, inteligente e descontraída!




Está certo, eu não me surpreendo com quase nenhuma sentença ou acórdão dos nossos cultos magistrados julgadores.

Mas, hoje estou emputecidamente indignado.

O nosso querido STF decidiu pelo fim da exigência de diploma no exercício da profissão de jornalismo. Não que eu ache que isso faça muita diferença em termos acadêmicos: a plantação da FACOM vai continuar, a empresa júnior continuará prometendo o jornal para toda a federal, "os preços vão subir, os políticos vão saracutiar, você também vai envelhecer. E ai você vai fantasiar que quando era mais novo os preços eram razoáveis, os políticos eram honestos, e que as crianças respeitavam os mais velhos", além de se lembrar daquela distribuição gratuita de jornais na Universidade Federal - sem ser em campanha de DCE -, "mas no filtro solar, acredite!". Prometo, acabaram as piadas (por hora!).

Uma das passagens, nos votos, foi: “Nesse campo, a salvaguarda das salvaguardas da sociedade é não restringir nada. Quem quiser se profissionalizar como jornalista é livre para fazê-lo, porém esses profissionais não exaurem a atividade jornalística. Ela se disponibiliza para os vocacionados, para os que têm intimidade com a palavra", afirmou o ministro Ayres Britto ao acompanhar a decisão do relator.

Explicando: Jornalista não seria apenas a Fátima Bernardes ou o Zeca Camargo ou o Boris Casoy ou o Mauro Naves ou o Galvão Bueno ou o Zé Simão ou a Patrícia Poeta (ai ai...s2) ou qualquer um desses que você assiste na sua televisão. Afinal, quem aparece na mídia e tem o 'dom da palavra" pode ser jornalista. No fim das contas, se tu sabe falar...seja apresentador do SuperPop você também! (Se a Luciana Gimenez pode, você DEVE!). E a culpa é nossa por dar ibope a esses seres que tem o dom da palavra.

Esse conceito de "não censurar" é relativo. Ora, uma coisa é ter direito de livre expressão, livre informação e todo esse IMPORTANTE aprendizado legado em relação ao período da Ditadura Militar; outro é colocar a Luciana Gimenez no mesmo páreo do William Bonner, colocar um pastor de igreja no mesmo nível do José Simão. Assim, ambos têm seus dons, mas o José Simão ESTUDOU pra fazer isso, já o pastor da igreja também...ECONOMIA! ;x .

Isso me faz traçar uma linha entre pedidos. O pedido dos Bacharéis em Direito para o fim do exame da OAB já é bem velho , mas o argumento contrário é no sentido de que profissões que lidam com a liberdade e com a vida do ser humano devem ter um tratamento diferenciado (caso da Comunicação, da imprensa, do jornalismo SÉRIO. Vincular informação é um ato de suma importância em uma comunidade plural, democrática). Bobbio que o diga!

Ou seja, você entra na faculdade com o conceito de fazer justiça. Perde noites lendo doutrinas, leis, tratados, mergulha em conceitos que te fazem querer ajudar o próximo e noutros que te fazem sentir nojo de toda espécie humana.

E no final? Precisa passar por uma prova bem pior que a maioria dos concursos públicos existentes. Para melhorar a qualidade dos profissionais?
NÃO!
Iso é protecionismo em relação aos profissionais que já estão no mercado há mais tempo e não querem largar o osso. Muito menos dividi-lo. Muito embora eu acredite que a prova da OAB sirva para filtro, defendo apenas o BOM SENSO na elaboração da prova.

E o que vocês me falam dos médicos? Tão doutores quanto os advogados. (Devido a LEI DO IMPÉRIO DE 11 DE AGOSTO DE 1827 que ainda está em vigência.)

E a bronca dos publicitários na valorização dos seus trabalhos?
Eu até mexo no Photoshop, nem por isso abri uma agência.

Enfim, é uma faca com muitos legumes.

Competência não se compra com diploma, embora seja uma boa garantia.


Agora é a vez dos jornalistas.
Por um lado, compro a briga.

Do outro, quero meu espaço em algum veículo da imprensa. Espaço que não foi concedido (com ou sem a desculpa) porque eu não tinha o diploma de jornalista. Mesmo ganhando elogios sobre minha intimidade com as palavras hahaha (modéstia muito²² a parte).
Quantos legumes nesta faca.
Se está tudo liberado mesmo, quero meu direito de habeas corpus, habeas data e habeas “Escritus Infinitus”.

Quem possua intimidade com as leis, gosta da pressão dos prazos e hermenêutica: Vá em frente. Isto não exaure a atividade do jurista.
Quem tem intimidade com sangue, tripas... Curte o Doutor House e ama uma Autopsia...
Vá em frente. Isto não exaure a atividade médica.

Blá blá blá...

Vou fundar uma nova Igreja.
Literalmente ganho mais com isso.

E se me der 500 reais, eu compro seu diploma velho, faço uma fogueira de São João.
Se me der 1000 reais, prometo que se, e somente se, eu chegar a presidente do STF TENTO mudar essa jurisprudência.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Pacote Completo

Eu podia ser um misterio e viver cercado de historias. Mas eu to falando de mim, essa pessoa incerta que precisa dessa realidade, destes devaneios, que precisa se expressar tentando conservar a medida certa de misterio (Trata-se essencialmente das legendas)(certa para quem? Dirao alguns amigos meus). Nao consigo muitas vezes, e verdade. Meus proprios olhos acabam sendo, muitas das vezes, meus maiores delatores.

Nao reclamo de ser o que sou. Melhor pra mim, nao tao bom para voce. Mas ja fui insegura quanto ao que sou, ou ao que iria me tornar. Foi minha parte infanto-juvenil, que foi muito fragil, ingenua. Minha primeira experiencia com a retorica, ali, cruel, nazista, no meu ponto fraco. Bem aplicada, mestre.

Bom, nao quero escrever nada nostalgico. So quero aplicar essa minha fase em outras pessoas. Pois bem, quem nunca foi inseguro? Por mais que voce se ache o cem-por-cento-seguro-das-coisas, voce sozinho com a sua consciencia sabe que ali, naquele momento, voce fraquejou, bateu o medo; entao, junte-se ao time, nao ha porque ter vergonha.

Aos inseguros: quem nunca achou alguem que te passasse a tal seguranca? Alguem que te desse a mao e ainda elevasse seu ego. Alguem que fosse cabeca e coracao aos seus olhos. Todos nos nao? Achamos sempre ser este, o primeiro, o tal pacote completo para nossas vidas.

Entao vem as ondas da vida, deste mar bravio, e nos ricocheteiam sem parar, testam nossa rigidez, nossa paciencia, nossa subserviencia, nosso desespero. Descobrimos entao, com muito desgosto que o que nos sustenta, nosso pacote completo, e um monte de areia. Menos forte que nos, menos rigido, mais facil de ser destruido. Nao, nao era este nosso pacote completo.

Acontece que uma vez mergulhados neste infinito de aguas claras que apelidamos de vida, nao conseguimos nos sentir alheios para buscar outros pacotes completos. Estes agora, estao tao mergulhados quanto nos, e por meio das mares comandadas pela lua, vem ao nosso encontro. Serao de verdade pacotes completos? Esperemos as proximas tempestades.

“O incerto e o perfeito, tudo se completa de algum jeito.”


p.s.: texto meio sem pe, sem cabeca, inseguro, incerto.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Dia dos namorados ... dos perdidos e dos achados!



"Ontem te vi saindo de casa
Você olhou para o céu
E abriu o portão sem olhar para mim
Sem mover o rosto ao ligar o carro e sair
Sem parar nos sinais

Tudo bem
A timidez já não importa mais
Eu já sei que o tempo não pode voltar atrás

Aqui o vento congela
Aqui, ninguém mais me espera
Espere a hora certa pra me olhar
Que eu vou estar lá
Porque eu vou estar(...)"

Eu vou postar um conto/narrativa. Conto pelo lúdico, narrativa por ser quase baseado em fatos reais. É conto antigo no tempo, é narrativa ainda presente, em datas como essa, no coração.
Contudo, antes, acresce dizer que desde 2004 tenho passado o dia 12, de alguma forma, nas estradas para São Paulo [ironia concisa e hermética, pero no mucho, eu sei].

Acresce importante introdução. Ocorre que esse ano foi diferente. Embora eu tenha que admitir que até cheguei a arrumar as malas, liguei o carro e fui a " 110, 120...160. Só pra ver até quando o amor aguenta"; só que no meio do caminho me ocorreu que isso já não toca coração [o seu], e a nossa rádio estava meio fora de sintonia. Estava tocando um axé não condizente com "Morena" dos Los Hermanos. Era, depois, um sem ritmo de"vira, vira, vira, virou", vi umas caixas de cerveja sendo entregues, e caramba...eu ando cuidando da saúde e bebendo água, quando muito Sukita. Mas é que bastante coisa aconteceu, ando bem de verdade. Bem resolvido e tal, mas por escolha ou vício eu mantenho gente com lugar cativo nesse condomínio que são coração e memória. E eu sabia que deveria não ouvir os los hermanos hoje, nem o skank, nem os Engenheiros, nem ninguém. Era ficar na minha com meu caderno de Civil e estaria tudo certo. Será?

De todo jeito, a música ainda toca; ainda que na hora errada.
Para "piorar", vi um grande filme hoje: "Deus é brasileiro". Antônio Fagundes era Deus e, em um dos diálogos, solta: "por quê vocês tem essa mania de somente quando perdem achar que era bom?".

Peguei o carro, voltei pra casa. São Paulo fica para outro ano, outra vida, outro destino. Primeiro dia 12 que eu realmente vou passar longe dessa cidade, mas mais perto de mim.

Agora, o conto.

O Apanhador de Estrelas

Eles eram/já foram namorados e se amavam. Amavam-se no estilo “Romeu e Julieta”, principalmente no tocante a enfrentar a família e mil óbices, embora criassem o próprio romance à maneira dos dois. Enterneciam-se um no colo do outro e brincavam de fazer poesia com as nuvens ou de criar histórias com os pingos da chuva. Eram devotos e leais, na maior parte do tempo. Se amavam de forma condenada e carregavam um ao outro no peito. Viviam uma mágica que lhes balançava o mundo. E sorriam. Sem quê nem pra quê.

Um dia, estavam deitados sob o céu escuro, alimentando a alma de astros que colhiam juntos no céu.

“Eu faria qualquer coisa por você”, disse ele corajoso.

“Me daria uma estrela?”, ela sugeriu se aninhando nos braços dele.

“A mais brilhante!”, ele respondeu de um jeito meio heróico.

Ela riu da brincadeira e dormiu ali mesmo, ao lado dele. Sonhou que comia brigadeiro no espaço enquanto ele pegava estrelas com uma rede de borboletas e guardava dentro de um saco gigante. Acordou ao relento e ficou espantada assim que viu um monte de gente aglomerada em volta de algo parecido com um foguete. Curiosa, aproximou-se e viu-o ali dentro, sorrindo pra ela. Ele buscaria a estrela mais brilhante. Ficou louca e pôs-se a chorar.

O foguete partiu. As pessoas acompanharam a subida até perderem de vista o apanhador de estrelas. Ela só sabia chorar e pedir a Deus que o trouxesse de volta.

Amanheceu. Todos foram embora. Ela permaneceu ali aos prantos. Não queria estrela coisa nenhuma. Só queria ele por perto. Dois dias se passaram e ela sem notícia. Já começava a viver o luto e a acreditar na idéia da mãe de que ele não voltaria mais.

No terceiro dia, o foguete pousou no mesmo lugar. Ela colocou um vestido bonito e pregou um sorriso eterno na face. Foi a primeira a abraçá-lo quando ele saiu do foguete infestado de poeira cósmica. Seu apanhador de estrelas.

“Não consegui!”, ele chorou. “Não lhe trouxe a estrela.”

Ela só sabia abraçá-lo até quase sufocá-lo.

“Eu não quero aquela estrela do alto”, confessou ela.

“Não?!”, ele perguntou um tanto decepcionado.

“Não”, e ela balançava a cabeça. “Quero essa estrela que você carrega nos olhos. Essa eu quero até quando o sino der meio-dia”.

“Essa você já tem. E sabe de uma coisa? Ontem eu pisquei para você lá de cima”.

“Seu bobo! Pensa que eu não vi?”

“Achei que não veria.”

“Vem cá, vem!”, ela chamou, faceira. “Me dá mais do seu abraço!”

E naquele momento, o mundo se balançou. Nascia estrelas nos olhos de cada um daqueles que viam a cena e até dos que não viam. E junto das estrelas, nascia a esperança.

Mesmo que você não veja, feliz dia dos namorados!



“Ontem te vi saindo de casa, sem levar nada nas mãos.
Sem olhar as flores que eu segurava”.


terça-feira, 9 de junho de 2009

E o dia 12 vem aí...

E lá vem mais uma data comemorativa. E este que fala nos autos não sabe bem o que está acontecendo.
Não, sabe sim. Só que não sabe mesmo é lidar, ou resolver tal coisa.
Fica sentado num canto qualquer sentindo um nó (bom) na garganta.

Duas vertentes opostas ficam colidindo entre si, dentro de um só corpo.
Um lado é só otimismo.
O outro é pessimismo.
Um lado diz sim.
Outro diz não.
Emoção demais pra ser verdade,
Razão demais pra se confiar.

Quem perde mesmo é o hospedeiro de tal conflito.
Fica só angústia. O coração comprimido.
Não existe trégua.
Não existe meio termo.
Ou se é um, ou o outro.

domingo, 7 de junho de 2009

" Mas o que é Felicidade? É sossego..."

" Te faço discursos longos sobre as coisas que despencam do céu sem porquê algum. Você me olha de baixo e me puxa. Me aperta. Chove lá fora. Te empurro na piscina. A gente se cola. Os pingos cantam velhas frases decoradas."



Ando bem. Falo literalmente. Minha postura está mais ereta, deve ser a tradução do que ocorre por dentro. Merece registro: pra saber como estou, basta observar minha postura. Enfim, não quero encher as linhas somente com isso.

Ando bem. Já disse né? Mas é verdade. Puxo mais o ar ao respirar, piso com mais força, me sinto tão grande quanto posso ser (estou deixando de ser o cara que 'você esperava", para ser o cara que eu esperava), procuro deixar as músicas rolarem na minha mente livres, como uma rádio própria, sem ordem pré-estabelecida mas de sucesso. Dou risada, faço rir. Estou com umas tiradas boas. Qualquer doce anda me fazendo mais feliz. É, qualquer bobagem. Cultivo coisas simples e elas me dão uma felicidade simples, piegasmente pura.

Sentir-se bem traz segurança. Pena que esse sentimento de que está tudo certo dura relativamente pouco. E pior, acusa que provações vêm pela frente. Mas, eu não quero a(pro)fundar-me nesse lado futuro, ele não existe. Parar de pensar três vezes (no antes, o agora e o depois) é preciso. Quando penso demais, fico “meio assim” e passa. Puro perfeccionismo.

Verdade que “parar de pensar” me traz frustrações como perder boa parte da minha inspiração ou muitas vezes ter “lapsos”. Mas, combinado aos bons tempos, vale a pena. E isso não é lição de moral, nem é gabação. É registro. Instruções pra chamar a felicidade. Mesmo que ela seja independente e passageira, eu andarei bem. Quem sabe ela acha graça e fica mais um pouco?

sábado, 6 de junho de 2009

Sobre a minha falta do que fazer

Sexta-feira, nao pos-traumatica. Uma tarde de sexta que poderia ser de quarta, quinta, terca. Uma tarde util para o sono, para os banhos demorados e fim de cansacos e experiencias (essas sim, traumaticas). Tentei dormir (e consegui) mas acordei. Vim para o meu mais-do-que-nunca refugio: a internet. Entrei no messenger com aquele sentimento de super-star onde todos vao falar comigo. Cara na parede. Nenhuma janelinha, ninguem para conversar. A unica luzinha laranja era do Windows Live Hoje que tanto me irrita. Tudo bem, pensei. Ainda tenho o orkut. Mas ate este me abandonou, nenhum scrap novo, nenhum depoimento “falso”. Ok. Apelemos para o Facebook, ate porque este tem ate bate-papo integrado. Mas pessoas disponiveis: zero.
Calma, as pessoas ainda existem, peguei o telefone. Nao,nao tem muito pra quem ligar. Todo mundo esta ocupado com as suas tarefas, so voce e uma atoa completa. As provas estao consumindo os seus amigos, os empregos consumindo seus familiares. E voce aqui, nessa vida boa. Longe de tudo, de todos. Longe ate dos seus sonhos, mas estes vao te buscar.
A solucao para essa depressao e simples, ler! Visitei blogs, li os devaneios dos outros, e ate os meus proprios. Foi bom, divertido, interessante. Mas nao me completou. Quero conversar, anseio por falar besteiras, por falar de mim. Entao pensei. Quem esta perto agora? Olhares ao redor e so uma pessoa ao alcance, minha sombra. Bom resta a mim me aguentar. Mas nem eu to muito pra papo comigo, entao acabei de concluir que vou para a cama dormir.

P.S.: alguem se habilita em colocar acento no meu notebook? :)
P.P.S.: acabei o texto, nao fui postar porque o dedey fez um post magnifico no dia. E fui na derredeira tentativa de ver se alguem tinha entrado em contato. E esta reluzindo la, na minha pagina de orkut um scrap da Stelinha: como foi sua semana? Nem tive tempo de te perturbar em msn e afins. Stela meu bem, voce e o maximo!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Letra "A" do meu nome..

"Eu faço minhas coisas, você faz as suas
Não estou neste mundo para viver de acordo com suas expectativas
E você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas.
Você é você, e eu sou eu
E se por acaso nos encontrarmos, é lindo
Se não, não há nada a fazer."
('Oração da Gestalt Terapia' - F. Perls, 1976)



" A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra "amor" e se acha importantíssima por isso! Com "A" se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de
pedir ao tempo para voltar atrás e com "A" se dá o tipo de tchau mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com "A" que se faz "abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa..."

Eu tenho pedido tanto em pensamento, pedido mil coisas. O pedido de hoje? Seria:
Pega a letra “A” do meu nome, e faz dela janela de permissão para que você leia aquilo que está tão dentro, que nem a mim foi permitido tradução. Me deixa adormecer com teus dedos entrelaçados aos meus, numa aliança assim, onde se grava tacitamente sorrisos de coração. E então, só depois, vai.

"A letra "A" do meu nome, abre essa porta e entra.."