Escuto uma setlist que conta com Engenheiros do Hawaii e Paralamas, não foi proposital, até parece que é Deus assoviando uma trilha sonora para os caminhos que vem sendo traçados.
A música da trupe de Gessinger é atestadora no seguinte sentido: "eu não tenho para onde ir, mas não quero ficar. Suspender a queda livre, libertar! O que não tem fim sempre acaba assim". Realmente, estou em uma fase de finalizações de tarefas, fechando casas antigas pré-fabricadas, soltando alguns grilhões semânticos e amarras que me prendiam ao pé de uma mesa (imaginária). Não tenho para onde ir, mas também não vou ficar.
E para isso foi preciso coragem para abandonar a velha foto sobre a mesa, guardei no relicário. Foi preciso colocar a casa pré-fabricada à venda, peguei o ouro de tolo e comprei asas. Foi preciso abandonar velhas espereranças embaladas por músicas de Nando Reis, afinal, a próxima banda é Paralamas, que cantam: "Eu, hoje, joguei tanta coisa fora. Eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias, gente que foi embora. A casa fica bem melhor assim".
Achei que cairia em queda livre, mas aos poucos vejo que o foco no trabalho e no caminho por vir suspendem a queda livre. De repente, aquelas asas compradas com ouro de tolo têm finalidade, atravesso a montanha e do outro lado tem espiritualidade nova, novas pessoas, novos objetivos, quiçá um novo porto.
Agora, se quiseres me acompanhar, "vem ver com os próprios olhos".