sexta-feira, 29 de abril de 2011

Eu não tenho para onde ir, mas...

Escuto uma setlist que conta com Engenheiros do Hawaii e Paralamas, não foi proposital, até parece que é Deus assoviando uma trilha sonora para os caminhos que vem sendo traçados.
A música da trupe de Gessinger é atestadora no seguinte sentido: "eu não tenho para onde ir, mas não quero ficar. Suspender a queda livre, libertar! O que não tem fim sempre acaba assim". Realmente, estou em uma fase de finalizações de tarefas, fechando casas antigas pré-fabricadas, soltando alguns grilhões semânticos e amarras que me prendiam ao pé de uma mesa (imaginária). Não tenho para onde ir, mas também não vou ficar.
E para isso foi preciso coragem para abandonar a velha foto sobre a mesa, guardei no relicário. Foi preciso colocar a casa pré-fabricada à venda, peguei o ouro de tolo e comprei asas. Foi preciso abandonar velhas espereranças embaladas por músicas de Nando Reis, afinal, a próxima banda é Paralamas, que cantam: "Eu, hoje, joguei tanta coisa fora. Eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias, gente que foi embora. A casa fica bem melhor assim".
Achei que cairia em queda livre, mas aos poucos vejo que o foco no trabalho e no caminho por vir suspendem a queda livre. De repente, aquelas asas compradas com ouro de tolo têm finalidade, atravesso a montanha e do outro lado tem espiritualidade nova, novas pessoas, novos objetivos, quiçá um novo porto.
Agora, se quiseres me acompanhar, "vem ver com os próprios olhos".

3 comentários:

  1. "é cedo ou tarde demais pra dizer adeus, pra dizer jamais" ?

    "ah vai, me diz o que é o sufoco, que eu te mostro alguém afim de te acompanhar"

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  2. "De repente, aquelas asas compradas com ouro de tolo têm finalidade." Exato. Sua expressão é forte, o teu sentimento escrito de libertação envolve. Gosto disso.

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  3. Uma das coisas que mais me encantam no meio de tudo o que me encanta nos teus devaneios é essa mania linda de brincar com as músicas. As letras. A gente lê e sai cantando, assobiando, se enxergando.

    Andrey, meu bem, é céu demais. É todo esse azul. Não deixa as asas atrofiarem. Voa enquanto tá fazendo sol. Quem sabe a gente se encontra?

    Um beijo de quem te lê em silêncio, na maioria das vezes.

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