Foram anos e anos moldando Barros, brincando de argila.
Tinha também o Marfim. Que brincava comigo, apesar de sempre tão duro. Inflexível, nunca dava o braço a torcer. Eu sempre mais maleável, levava aquela situação complicada a frente, era legal andar com o marfim. Ficava ali no canto também. Nem tão perto do vaso de barro, podia quebrá-lo. Ele tão frágil...
Um belo dia a peça de marfim bateu o pé, discutimos feio... Disse que ia retirá-la da estante, afinal, não havia mais espaço pra ela ali. Mas sempre buscando o lado bom, deixei que o tempo corresse para que tudo se ajeitasse. Fingi de boba, de esquecida. Deixei ali. A peça de marfim, o vaso de barro.
Por que subestimar, não é? A bendita da peça não se esqueceu. Se jogou sobre o vaso que estava também já na beiradinha. Caíram os dois da estante. Tão alto eram as prateleiras que se encontravam, devido a sua relevância para a estante, que quando caíram se quebraram em mil pedaços. Irrecuperável.
Tudo se machucou, até o chão onde eles caíram. Juntos. A estante sentia um vazio intenso. Ninguém acreditava no que tinha acontecido. Dois preciosos, destroçados assim.
A magoa se fez maior ainda por estar a estante a ponto de receber novo enfeite. Era um(a) Vela. Desejada, ardentemente desejada. Estava pronta, faltava acender. Só acender.
Mas tamanho foi o estrago que agora, não se sabe se a estante está pronta, ou mesmo se a Vela quer se arriscar.
Tha, então tente ao invés da vela se arriscar...que VOCÊ risque a Vela! ;D
ResponderExcluirMaravilhoso texto. Irônico, conciso e hermético!
Certamente o texto que mais fez jus ao nosso blog até hoje!
beijoos
Eu barro, ele marfim.
ResponderExcluirbelo blog, voltarei sempre que puder :*