segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sociologia prática da Reciprocidade




Estou realmente com um certo vício na série "How I Met You Mother". A série é fundada na ação de Ted Mosby contar para seu casal de filhos como conheceu a mãe deles. A história se passa em 2030, embora a narrativa retroaja 25 anos. Claro que não é por isso que meu vício se deu.

O vício vem porque parece que estudaram boa parte dos meus quase 23 anos e resolveram transcrever, filmar e ainda ironizar mais um pouco. O vício vem porque reconheço todas as minhas manias "amorosas" (do tipo esperar por uma cidadã aparecer na festa e ela não comparecer e me contentar com um simples pedido de desculpas) ou reconhecer minha companheira de blog na série quando a Robin Scherbatsky ironiza o Ted ou aplica mil e trezentos "tocos" com base na amizade deles (me encontro sorrindo nesse momento). Embora eu deva reconhecer, também, que nessa primeira temporada ao menos, o Ted leva muito mais sorte que eu. Talvez por ele ser bem mais "garotão" que este blogueiro e estar numa série de TV. 

De tudo, após várias empreitadas do personagem, ele termina a 1a temporada com a Robin. E me reconheci na hora que ele "aprende" a dança da chuva para tentar fazer com que a dita cuja não fosse acampar com outro. Após a chuva cair, ele aparece na casa da cidadã, toma um banho de chuva e pede para ela descer. Ela ESCOLHE, após algumas boas provas, tentar. Sei lá o que acontece na 2a temporada, mas a escolha vem dar um fundo para o texto de agora.

A questão é que estive bastante satisfeito no início desse mês porque, após o texto belíssimo da Thais sobre "reciprocidade, uma amiga decidiu tentar escolher ser feliz. Sim, após ela quebrar a cara muitíssimas vezes, ela resolveu, por bem, dar uma chance para um cidadão que sabia como era ela acordando, chorando, sorrindo, sabia dos podres, dos erros, dos acertos, enfim o cara era amigo dela; e mesmo sabendo tudo, ainda assim estão curtindo a nova faceta, a de namorados. Ela disse que foi pela 'minha" teoria explicada pela Tha, que ela resolveu entender e colocar em prática, após a condição sine qua non para iniciar uma relação dessas: DIÁLOGO.
Sim, senhores. Isso é um testemunho feliz sobre a teoria de que vale a pena escolher. Eu também acho muito bonito aquela coisa malhação de cair de livros, primeiros olhares; ou filmes com a jennifer aniston em que as pessoas se apaixonam de primeira; ou qualquer outro clichê romântico que vocês recordarem. É clichê porque é fácil, reconfortante. Diz o Albert Camus que a imaginação oferece às pessoas consolação por aquilo que não podem ser e humor por aquilo que efetivamente são. Noutras palavras, é mais fácil pensar que Deus enviará dos céus um amor novinho em folha. Se enviar, tanto quanto melhor. Eu acredito que Ele tenha muito mais coisas para resolver, de forma que Ele daria o carimbo de "aprovado" se escolhessemos a parceria, se escolhessemos ser felizes. Suponho que a ferramente do 'livre-arbítrio" tenha esse intuito de celeridade processual.

Como eu dizia para a Fernanda: não que eu seja contra amor à primeira vista. Não que eu seja contra romantismo, muito pelo contrário. O argumento é quase bíblico-paisagístico: se a pessoa te proporciona um pouco de paraíso e quer cuidar do seu jardim, por quê não tentar plantar mais flores? O argumento pode ser também matemático, dizem que é absurdo dividir por zero, se você tem a chance de dividir a vida por dois, por quê dividir por zero? Sério, escolher ser feliz com alguém, ainda que não seja a pessoa por quem você morra de paixão é sim amar. É amar a chance de ter esse alguém que estará por você. Nem que seja uma mera tentativa. Afinal, para que seria necessário amar raramente para amar muito?

Hoje, do amor eu acredito em misturar desejo, ternura e entendimento que me liga a determinado ser. Talvez seja através da reciprocidade da escolha, da tentantiva de ciniciar uma relação, esteja a solução. No estilo maluco de Ted e Robin dessa 1a temporada. No estilo maluco que eu venho propondo. No estilo maluco que vem dando certo para algumas pessoas.

Você sabe o que é o encanto?
                                                       É ouvir um "sim" como resposta sem ter perguntado nada.  
                                                                                                                                [ Albert Camus ]

 

sábado, 24 de julho de 2010

Sobre quando você está nos meus sonhos..

Quando você está nos meus sonhos acontece o que houve nessa noite: Sou eu sonhando e achando que é real, para depois sonhar que sonhei e precisava te contar.

Contar, por aqui, a cena relativamente esdrúxula, mas puramente a "nossa cara" que ocorreu. Era você me dando conselhos sobre a mulher que você havia feito a ponte. Me disse coisas sobre "já está na sua", "vai que dará certo". Eu te perguntei se era para eu fazer isso mesmo, usei uma expressão bem irônica e concisa: "não quero noivar agora"; afirmei coisas do feitio de: "a única mulher que eu conheço e não me importaria nada de passar minha vida toda é você". Eis a mágica. 

Nos meus sonhos, afinal era um sonho dentro do sonho, e somente neles, você contra-disse: "Não seria má idéia". Eu, assustado, porque era você, perguntei somente para confirmar: "o que não seria má idéia?". Sua resposta: "você tentar quebrar o recorde inexorável da minha vida. Tentar me fazer feliz por mais de duas semanas". Eu: Tentaria com o maior prazer e como te disse em outro plano, pela segunda vez na vida, não tenho nada a perder.

Você pensou, questionou: "Não mesmo?". Eu reafirmei: No mínimo, a gente tenta bem devagar e vê que não rola mesmo e damos risada juntos em mesa de bar; nossa amizade é intocável por qualquer nuance de vida. No médio, a gente tem uma relação exemplo para muita gente e, se for o caso, segue a vida depois. No máximo, e que máximo!, eu tenho você como mulher da minha vida e para a minha vida".

Você veio com aquelas tuas sombrancelhas levantadas, sentou no meu colo, aceitou e me beijou. Um beijo que eu sentia saudades desde aquela outra vida. Lindo, como todo sonho em que você está.

"Em algum plano, a gente se merece"

*curtinho, como todo sonho bom!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Você sim, e eu? também?

Reciprocidade é questão de escolha. Eu falo, o Andrey fala, a torcida do Vasco fala. Mas e aí? Por que é tão difícil assim?

Escolher. Aí. Dor no peito, na alma. Dói a cabeça, batem os carros na rua, quebra o vidro. Olha o mosquito, lembra da prova. Toca aquela música. Você canta, o vizinho canta. O cachorro late, seu irmão te chama. Passa o comercial, começa o jogo. Toca o celular, vai na cozinha, sai de casa. TUDO ISSO? Distração.

Passa o tempo, correm os dias. E toda a vez que você resolve escolher, essas cenas aí de cima se repetem. Passam na sua cabeça ao mesmo tempo. Te desviam o foco, te levam a pensar outras coisas. E você deixa. Você permite que os fatos te inundem e façam esquecer que se tem que escolher. Você se deixa manipular por você mesmo. E o pior? Você, como eu, sabe disso.

Então você encontra aquele amigo ou aquela amiga que sabe tudo de você. Só de olhar nos olhos dela já sabe que vem aquela pergunta fatídica: “E aí?”. Aí? Aí pronto. Você se debulha em lágrimas, ou começa uma verborragia infinita de desculpas esfarrapadas que nem o seu cachorro acredita. O que é isso? É seu amigo perguntando de como vai a sua vida. Como anda o coração. Como anda a casa. É quando ele, que te conhece, pergunta se você já tomou sua decisão. E você não fez. E não fez por que? Me diz! Por isso mesmo. Medo.

Escolher dói. Decidir dói mais ainda. E o tempo correndo agrava.

Voltamos a reciprocidade. É questão de escolha. Simples assim? Não, claro que não. Por que você vai querer o simples? Por que você vai escolher ser feliz? Por que somos tão inconstantes? Por que somos tão indecisos? Por que queremos a felicidade, mas quando ela chega damos as costas? EU NÃO SEI RESPONDER.

Quer reciprocidade? ESCOLHA ISSO.