sábado, 30 de outubro de 2010

Dentre vinte, três.

Dentre vinte mil coisas a serem feitas, três eu tenho que fazer agora. Agradecer, agradecer e agradecer.
Começo a nova idade - ponto para quem inventou o calendário e essa possível idéia de ciclo que se fecha e reinicia - com algum aprendizado a mais, com uma sensível evolução e com muita autenticidade. Acredito com relevante quantidade de fé que, dessa vez, eu estou fazendo jus às vinte e três velinhas sopradas.

Queria poder agradecer nominalmente a todos que lembraram, mandaram scraps, tweets, depoimentos, emails, me ligaram e/ou compareceram ao bar da fábrica. Obrigado a quem sambou até o sol raiar e saiu cantando Chico Buarque: "Eu faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã".

Agradecimento direto, agora, à senhorita Thais Barbosa. Como eu sempre digo a ela: minha melhor amiga, minha melhor parceira, meu melhor amor. Obrigado por acreditar nesse projeto despretensioso que era o Ironia, e que tem mudado a concepção de vida de algumas pessoas (nazismos retórico? rs). Obrigado pelo afago de toda hora, pelo colo confessionário, por esses braços que conseguem se esticar além-espaço-físico para me abraçar e dizer: estou contigo. Obrigado, obrigado, obrigado, por ter perdoado meu maior momento de indecisão e falta de força e me conceder uma segunda chance de estar aproveitando tudo que você traz de bom a quem convive com você. Tenho tentado ser forte para dar uma resposta positiva. Fica aqui o meu "eu te amo" mais sincero.

E agradecer a quem passa aqui e comenta. A quem passa e não comenta. A quem passa e comenta em mesas de bar sobre o que leu.

"Obrigado, do fundo do nosso quintal".

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Regra Três

“Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais

Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar

Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar
Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.

Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar”
Vinicius de Moraes

Era tarde da noite e ela se escondia atrás de cobertas quentes em sua cama. Mas ela não estava ali de fato, e onde ela estava fazia muito frio. Parecia com uma geleira, e perdida ela estava. Procurava por ajuda e via muitos apontando caminhos diferentes. Seguia por ali, por lá, e não chegava a lugar algum senão no encontro com o mar. Se apoiou em outra menina, também perdida, e tentaram juntas encontrar algum caminho. Entre neves e desencontros, buscaram caminhos opostos, confiaram em caminhos diferentes. Porque esta é uma verdade, cada caminho somente uma pessoa percorre por vez. Por mais que se tente, dois corpos não ocupam um mesmo lugar ao mesmo tempo. Novamente sozinha, encontrou um caminho dos mais bonitos que percorrera e seguiu. Seguiu acreditando que este seria diferente, que a levaria a algum lugar aonde ela iria se aquecer e finalmente repousar. Tolice. Ainda não havia aprendido que nessas geleiras o final é sempre o mesmo, o mar gelado e frio. Ao se dar conta que chegara novamente no limite do gelo, pulou. E finalmente foi abraçada. Pelo frio, escuro e asfixiante mar gelado. Única solução.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

adeus você, eu hoje vou pro lado de lá...

... eu tô levando tudo de mim, que é pra não ter razão pra chorar.*

Pois é, adeus você. Ponto final, fim da história. Quanta dificuldade nisso... Não, eu não consigo colocar pontos finais com facilidade, em nada na minha vida. Escolher se torna ainda mais um martírio quando percebo que vivo no “ou isto, ou aquilo” que a Cecília Meirelles vem me anunciando desde a infância. “Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.” E mesmo assim eu teimo em tentar estar nos dois lugares.

Não consigo abandonar algo pra trás e dizer que já foi. Se eu disse isso pra você, eu menti. Não consigo me desvencilhar de nada que me marcou de fato, mas não consigo mesmo. Me iludo com pedaços soltos de conversas montando uma realidade estilo frankstein que eu me faço acreditar. É sério. Eu consigo me ludibriar muito bem. Modificar as frases e acreditar nas mudanças que eu faço. Por que isso? Por um medo letal de enfrentamento e por um medo maior ainda de abandonar o barco. É por isso que sou insistente, chata e em todas as conversas com amigos próximos levanto nomes que já eram pra estar no fundo da memória. É por isso que eu faço alguns amigos meus me dizerem: olha você pode falar de tudo, menos neste assunto, que já deu! E por mais que eu concorde, no meu pensamento vou modificar os fatos para buscar algo bom que possa manter viva a mentira que eu estou contando para mim mesma.

E assim eu vou vivendo, quebrando a cara e mascarando isto. Buscando pedaços de realidade para a minha invenção de vida. Nela não sou princesa, heroína ou nada. Sou eu. Mas você não é você. Você é aquilo que eu quero acreditar que você seja. E não adianta vir aqui e me dar um choque de realidade, se eu não quiser mudar a imagem que tenho eu não farei. E desculpe pela minha complexidade, mas ela se manterá até o dia que eu quiser.




*Adeus você, por Los Hermanos

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Destinatário da lágrima

Não me diga que seu romance durou a exorbitante quantidade de sete dias. Sua esperança decaiu de plano em uma semana, as fantasias foram vendidas antes do décimo dia do prazo. Você está mal novamente, apesar de toda a minha teoria. Eu quis te avisar.

O seu não-reconhecimento-a-mim talvez se dê pelo fato de que nada deveria ter um nome por medo que esse nome o transforme. Você falou aquela palavra com 5 letras começada com a letra "A", como diria o Gessinger. As especulações filosóficas são muitas. Adeus? Amigo? Ambas, quem sabe!? 

O clichê do "não quero te magoar" é a coisa mais odiosa de todo o imbróglio, visto que a tentativa é instituto bilateral. Eu quero também poder escolher se deixo você me magoar ou não. Algumas pessoas são incapazes de magoar outras, você é uma delas. Porém, sempre que venho a interagir com idéias assim, logo me vem uma vontade de "desisto, tudo bem.". Porque se a afirmativa é negativa "não quero te magoar", há uma concepção positiva de que você irá fazê-lo. E geralmente as pessoas fazem.

Acho que perdi a prática de inverter o ônus da prova. Ficar conformado também nunca foi meu sítio. Insistir também não é mais desembaraço, eu não preciso mesmo mais disso. Somente quero dizer, guria, o seguinte: quem te faz chorar não merece tuas lágrimas. Contudo, o destino, inexorável que é, acaba por consertar tudo; pois sou eu aqui cuidando de você, te acarinhando, secando seu pranto. Sou eu quem acabo por ser o destinatário final das tuas lágrimas.