Trata–se essencialmente das legendas.
Em uma teoria machista que não compartilho em totalidade: Bundas são importantes; coxas grossas ou finas nem tanto; silhuetas inconfundíveis são até recomendáveis.
Mas, para mim, o realmente fundamental é a ausência de legendas. Encantam–me as mulheres sem legendas, porque elas respondem com os olhos. Porque – como um ventríloquo intelectual – as palavras que saem das suas bocas parecem sempre ser as minhas, só que com ainda mais efeito e eloquência.
A ausência de legendas economiza tempo, homogeneíza o entorno, contrasta o percurso em nós e nos consome com a inteligência não dita. Estoura as cores entre os olhares e brinca com meus matizes emotivos. Não há seio perfeito que preencha a ausência da ausência de legendas, e olha que gosto daqueles (mas gosto, profundamente, desta).
Sorrisos são legais; levemente assimétricos então…melhor ainda. Mas há um caminho peculiar que eles devem percorrer pra invadir minha retina como uma colisão letal. É o percurso unicamente viável pela ausência delas.
Há de se notar também o poder da comunicação não verbal que essa interação proporciona; do qual ela é causa e conseqüência. É quando a palavra atinge suas conotações mais diametralmente distantes do óbvio, e deixa de ser decifrável para os comuns. [Tha, essa foi pra você]
É o código que se estabelece. Um grau elevado e propositalmente exclusivista de linguagem. Um triste lamento para quem não entende – mas afinal não estou falando deles mesmo; um privilégio para quem o domina [três vivas à retórica].
São os critérios da comunicação plena; fruto direto do que não se pode aprender, de tudo o que se relaciona a simplesmente ser ou não ser.
A essas mulheres dou o nome de Indefensáveis. No estrito sentido do adjetivo. Há mil maneiras de se defender de uma fala, de um argumento. Mas nenhuma chance de se esquivar de um silêncio arrebatador, de um olhar direto, de uma frase certa, no momento certo. E essas mulheres têm isso. Um certo laconismo intencional e ao mesmo tempo natural, ou a fala bem colocada e contextualizada, que nos deixa sem respostas. É a sutileza, o flutuar. Sim, as mulheres indefensáveis flutuam.
E se enganam os que acham que mulheres assim se encontram aos baldes somente em festas da alta casta social. Não mesmo. A grande sacada está em percebermos que elas podem estar em qualquer lugar; seja num de bar, de jeans e camiseta, ou atravessando a rua… Porque é disso que se trata. Do que ela é, não do que ela mostra.
A ditadura do estético nos prova dia a dia que mais importante do que ser, é o que mostrar. Elas estão na contra-mão disso. Não se preocupam em mostrar nada, e por isso mesmo nos revelam os ingredientes fatais.
Um tiro de sedução como uma flecha no olho, que capta e converge a minha atenção até extinguir toda a visão periférica de qualquer lugar onde eu esteja.
Se ela está lá, é o que basta para meus olhos. É o que há pra ver. Os dizeres invisíveis me entorpecem e me fazem entender que não se trata mais de um jogo de ataque e defesa. Se não há como me defender, apenas me deixo levar. [ " Certas mulheres, como você, me levam sempre onde querem" ]
Afinal, privilégio exclusivamente meu poder estar ao lado de uma mulher indefensável.
Obrigado às poucas que conheço, mas que me proporcionam esse enorme privilégio!
[ Que a carapuça sirva em muitas que cheguem a ler isso ]
Andrey Brugger
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