"Ontem te vi saindo de casa
Você olhou para o céu
E abriu o portão sem olhar para mim
Sem mover o rosto ao ligar o carro e sair
Sem parar nos sinais
Tudo bem
A timidez já não importa mais
Eu já sei que o tempo não pode voltar atrás
Aqui o vento congela
Aqui, ninguém mais me espera
Espere a hora certa pra me olhar
Que eu vou estar lá
Porque eu vou estar(...)"
Contudo, antes, acresce dizer que desde 2004 tenho passado o dia 12, de alguma forma, nas estradas para São Paulo [ironia concisa e hermética, pero no mucho, eu sei].
Acresce importante introdução. Ocorre que esse ano foi diferente. Embora eu tenha que admitir que até cheguei a arrumar as malas, liguei o carro e fui a " 110, 120...160. Só pra ver até quando o amor aguenta"; só que no meio do caminho me ocorreu que isso já não toca coração [o seu], e a nossa rádio estava meio fora de sintonia. Estava tocando um axé não condizente com "Morena" dos Los Hermanos. Era, depois, um sem ritmo de"vira, vira, vira, virou", vi umas caixas de cerveja sendo entregues, e caramba...eu ando cuidando da saúde e bebendo água, quando muito Sukita. Mas é que bastante coisa aconteceu, ando bem de verdade. Bem resolvido e tal, mas por escolha ou vício eu mantenho gente com lugar cativo nesse condomínio que são coração e memória. E eu sabia que deveria não ouvir os los hermanos hoje, nem o skank, nem os Engenheiros, nem ninguém. Era ficar na minha com meu caderno de Civil e estaria tudo certo. Será?
De todo jeito, a música ainda toca; ainda que na hora errada.
Para "piorar", vi um grande filme hoje: "Deus é brasileiro". Antônio Fagundes era Deus e, em um dos diálogos, solta: "por quê vocês tem essa mania de somente quando perdem achar que era bom?".
Peguei o carro, voltei pra casa. São Paulo fica para outro ano, outra vida, outro destino. Primeiro dia 12 que eu realmente vou passar longe dessa cidade, mas mais perto de mim.
Agora, o conto.
Eles eram/já foram namorados e se amavam. Amavam-se no estilo “Romeu e Julieta”, principalmente no tocante a enfrentar a família e mil óbices, embora criassem o próprio romance à maneira dos dois. Enterneciam-se um no colo do outro e brincavam de fazer poesia com as nuvens ou de criar histórias com os pingos da chuva. Eram devotos e leais, na maior parte do tempo. Se amavam de forma condenada e carregavam um ao outro no peito. Viviam uma mágica que lhes balançava o mundo. E sorriam. Sem quê nem pra quê.
Um dia, estavam deitados sob o céu escuro, alimentando a alma de astros que colhiam juntos no céu.
“Eu faria qualquer coisa por você”, disse ele corajoso.
“Me daria uma estrela?”, ela sugeriu se aninhando nos braços dele.
“A mais brilhante!”, ele respondeu de um jeito meio heróico.
Ela riu da brincadeira e dormiu ali mesmo, ao lado dele. Sonhou que comia brigadeiro no espaço enquanto ele pegava estrelas com uma rede de borboletas e guardava dentro de um saco gigante. Acordou ao relento e ficou espantada assim que viu um monte de gente aglomerada em volta de algo parecido com um foguete. Curiosa, aproximou-se e viu-o ali dentro, sorrindo pra ela. Ele buscaria a estrela mais brilhante. Ficou louca e pôs-se a chorar.
O foguete partiu. As pessoas acompanharam a subida até perderem de vista o apanhador de estrelas. Ela só sabia chorar e pedir a Deus que o trouxesse de volta.
Amanheceu. Todos foram embora. Ela permaneceu ali aos prantos. Não queria estrela coisa nenhuma. Só queria ele por perto. Dois dias se passaram e ela sem notícia. Já começava a viver o luto e a acreditar na idéia da mãe de que ele não voltaria mais.
No terceiro dia, o foguete pousou no mesmo lugar. Ela colocou um vestido bonito e pregou um sorriso eterno na face. Foi a primeira a abraçá-lo quando ele saiu do foguete infestado de poeira cósmica. Seu apanhador de estrelas.
“Não consegui!”, ele chorou. “Não lhe trouxe a estrela.”
Ela só sabia abraçá-lo até quase sufocá-lo.
“Eu não quero aquela estrela do alto”, confessou ela.
“Não?!”, ele perguntou um tanto decepcionado.
“Não”, e ela balançava a cabeça. “Quero essa estrela que você carrega nos olhos. Essa eu quero até quando o sino der meio-dia”.
“Essa você já tem. E sabe de uma coisa? Ontem eu pisquei para você lá de cima”.
“Seu bobo! Pensa que eu não vi?”
“Achei que não veria.”
“Vem cá, vem!”, ela chamou, faceira. “Me dá mais do seu abraço!”
E naquele momento, o mundo se balançou. Nascia estrelas nos olhos de cada um daqueles que viam a cena e até dos que não viam. E junto das estrelas, nascia a esperança.
Mesmo que você não veja, feliz dia dos namorados!
“Ontem te vi saindo de casa, sem levar nada nas mãos.
Sem olhar as flores que eu segurava”.
"O incerto e o perfeito" se completam deste jeito. Nas esquinas, ela passa e "finge que nao ve", mas ve.. mas le!
ResponderExcluirBom, deixo registrado aqui o meu feliz dia dos namorados para todos os que nao tem namorados. porque para os que ja tem, o dia ja vai ser feliz, e para os que nao tem, e um dia triste, poxa poxa... hahaha
Quem tiver como comemorar, comemore. Nada mais bonito que uma data para celebrar o amor.
Eu nao verei a data, mas o coracao sente.. entao, (te plagiando dedey) mesmo que voce nao leia, Feliz dia dos Namorados!
saudades de todos!
adendos: ironias NADA hermeticas, e um gosto acido que ate me deixou babando! parabens meu amor, seu texto me encantou!
ResponderExcluirVocê é uma estrela e está cada vez mais
ResponderExcluirbrilhando intensamente.
Você vai vencer! uhahuauh
"A medida de amar é amar sem medidas
Velocidade máxima, permitida!"
Te amo kra
*-* ;D
Abração
Não saberia dizer se ler se posto me fez bem ou mal. Acho que vou precisar de um tempo pra absorver e pensar!
ResponderExcluirMas uma coisa é indiscutivel... vc escreve muito bem!
Lindo! =*