Ela assustava tentando encantar. Foi assim desde o dia em que ganhou alguns presentes de uma pessoa mágica. Eram ferramentas para conquistar o mundo, parecia um jogo de war mal contado. Não haviam regras claras, não havia certeza de nada. Havia um jogo, da vida. Haviam peças, meios, e agora, ferramentas. Tudo ali, nas suas mãos.
Só que ela não enxergava assim. Na verdade, ela não enxergava de modo algum. Ela se cegava para a realidade. Vivia num breu completo e angustiante. Paradoxal pra quem teria esses presentes.
Isso despertava reações diversas nas pessoas. Algumas queriam lhe mostrar a força daqueles presentes, outros seus meios de uso mais obscuros. Alguns mais descarados, utilizavam-se deles contra ela. Pessoa de muitas palavras e muita ação. Pessoa de idéias loucas, singelas. Pessoa de atos esquisitos. Era ela.
Um cisne preto nadando no lago. Uma espécime rara diria Darwin. Certa feita, ela resolveu testar os poderes dos presentes. Há muito andava pensando neles e nas suas reais capacidades. Elaborou meios mais esquisitos de se utilizar, pensou em cada detalhe, e, por fim, lançou mão do artifício.
Espantou-se ao ver o resultado. Era mais do que esperava, muito mais talvez. Maravilhou-se. Entrou em estado de observação. Queria medir cada conseqüência, queria calcular mais, ser mais fria. Mas as pessoas a pressionavam. “Faz de novo, você consegue”, viraram rotineiras expressões externas. Muita tensão. Dentro dela, fora dela, nela.
Passou a ser comum ela lançar mão desses presentes. Costumeiramente, as vezes até inconscientemente, ela os usava, agora sem dó ou piedade, agora sem medir alcances, repercussões. Loucura, insanidade.
No fundo ela queria chamar atenção. Ela queria encantar. Ela queria que gostassem dela. Por seu jeito, pensamentos, escritos, gostos, físico. Ela assustava tentando encantar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ela me encanta e me da uma paz que ninguém mais, nesse mundo, consegue!
ResponderExcluir