sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre o medo das cobertas quentes

Todas as noites quando me deito, olho a cama toda alinhada, aquele travesseiro fofinho, o colchão macio e as cobertas quentes. Agradeço a Deus por poder ter tudo isso. Mas meu peito aperta ao ver essa cama, esse símbolo noturno.

Meu medo não é da cama, não são das cobertas propriamente ditas. Meu medo é do acordar no dia seguinte, e saber que tudo pode acontecer, pode mudar. Não sei como ainda me espanto com as notícias de todos os dias.

Ultimamente, tudo tem mudado tanto, numa intensidade tão alta, tão absurda, que acreditar em coisas duradouras está virando uma piada. Mas aí está a razão do meu medo. Eu não quero perder as esperanças, perder o mágico, perder essa ingênuidade de crença. Não quero dormir e acordar num mundo novo, que só gira, e como gira. Eu quero dormir e acordar num mundo que eu conheça, que eu me entenda, que eu saiba o que está acontecendo. Eu quero mudanças leves, quero um pouco de estabilidade.

Não quero o calor das cobertas quentes que escondem a frieza do amanhã.

“Quero colo, vou fugir de casa, posso dormir aqui, com você? Estou com medo, tive um pesadelo.”

2 comentários:

  1. " E você aprende que o futuro tem o mal costume de cair em meio ao vão"..

    Embora, acreditar seja muito necessário!
    Concordo com você. Mas o mundo gira para consertar as coisas. Velha história que te falei por carta, certa vez: " Só os bons barcos sobrevivem às tempestades"; e como bem me falou o falcão hoje: "que nossas façanhas sirvam de modelo a toda a Terra"

    ;)

    te amo minha sintonia mais bonita! ;D

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  2. Talvez seja exatamente por isso, que eu prefiro o edredon até mesmo no calor. Não somente o mundo está frio, como principalmente as pessoas. Tenho certeza que seu edredon, assim como o meu não é feito somente de malha e algodão.

    Parabéns pelos Textos, cada dia melhores.
    Beijos

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