Dizer que durante esse tempo todo conseguia ver mesmo que só o brilho fraco daquela tal luz no final do túnel (e imaginar que não seria um trem), seria uma mentira. Eu reconhecia o exagero do momento, das crises e dos "nunca mais", mas não via outro ângulo para a felicidade que não fosse aquele.
Até porque era realmente sensacional a cena vista daquele cume alto que eu havia criado. Com um pouco de esperança e zero amor próprio, cria-se de tudo.
No meu caso, montanhas de gelo que derretem com o passar dos meses. Até que eu sinta os dois pés tocando o chão.
O chão que é tão banal e que todos falam com tanto orgulho: "Enfim, fixei meus pés no chão!" Pois que grande bosta é pisar aqui. Eu prefiro as brasas, ou o gelo que seja.
Doeu demais chegar até esse fim da linha. E por mais que eu já respire normalmente e a maioria dos nós na garganta já tenham se desamarrado, é estranha a imagem do que vejo. Eu estou me adaptando (ou seguindo em frente mesmo, sem balela)! O coração anda batendo no mesmo ritmo há dias. E talvez eu precise mudar meu nome. É atípico demais não me ver lutando, rindo sozinho ou pensando (nostalgicamente, quase choroso) pelos cantos. O tempo simplesmente passa. O passado já não incomoda mais e nem o futuro causa dor no estômago. Não confundo nomes. Não deixo de comprar meu lanche preferido, para comprar o outro que agrada. Todos os compromissos na agenda se referem apenas a mim. Eu puxo apenas a metade da colcha todos os dias e só tenho comprado cordões para mim, e não tenho visitado há tempos as barraquinhas do Parque Halfeld em busca de brincos de estrelas. Está ok, ainda lembro os traços do rosto. Contudo, agora eu preciso de concentração para lembrar aquele teu cheiro. Não corro mais o risco de te ligar enganado, porque de fato esqueci o teu número.
Eu estou longe de ser quem eu sempre fui. Em um momento lúcido, imune dos meus grandes dramas. Vivendo paixões regradas e relações aparentemente saudáveis. Os beijos que ardem são presentes mas não há brigas que ferem.
Eu estou longe de ser o que sempre fui e muitos amigos sabem o quanto é estranho me ver sendo envolvido por essa nova identidade tão comedida. É algo natural, eu sei. E que esses "muitos" me previniram: chegaria. Eu só precisava respeitar o meu tempo. Eu respeitei, então, o tempo, sem querer. A maior e mais resistente de todas as cicatrizes parece agora estar fechada. Estou tão estranho que nem ao menos sei o que sinto me sentindo assim. Assim normal.
Eu estou longe de ser o que sempre fui. No entanto ainda percebe-se a permanência dos tradicionais dilemas. Logo, nem toda essência foi perdida.
Em segredo, então, eu agradeço.
E recado pro Marcelo Camelo: quando vier a Juiz de Fora, novamente, você pode tocar “Morena” que eu vou cantar, nostálgico claro, porém feliz.
E recado pro Skank: vocês erraram, na maior parte, dessa vez. Eu ainda penso nela, contudo não mais tanto assim. E a porta já não está aberta.
Andrey S. Brugger
Você não está longe de ser o que sempre foi, você voltou a ser o que era em essência. Mais maduro, mais esperto. Você não está é se reconhecendo, por ter vivido durante alguns longos anos cmo outra pessoa. Andrey Brugger que eu conheci na minha 7ª série, bem vindo de volta ao mundo.
ResponderExcluire ah.. eu alertei! :D