segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Todo carnaval tem seu fim! Mas recomeça...



Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa.
Ou não diga nada, mas chegue mais perto.
Não seja idiota, não deixe isso se perder,
virar poeira, virar nada...

O Pierrot apaixonado, ainda, chora pelo amor da Colombina. Chora menos, agora. Afinal, os anos se passaram. Como tudo passa, inclusive aquele desmanche de mundo. Contudo, romântico que é, Pierrot lembra, relembra, se pergunta por quê não deu certo? Não encontra respostas.

Certamente o não achar a resposta é o que fica da dor. Ele pensa naqueles beijos em poucos carnavais ao longo da vida. Carnavais que são dias daquele período que trazem uma alegria e uma fé enorme para se suportar o resto do ano. Da vida.

Pierrot ainda encontra a irmã da Colombina. A irmã diz que Colombina não consegue se firmar com nenhum homem de bem (nem de mal), aquele velho medo de compromisso, tipico das figuras que acreditam em carnavais (momentos pontuais de beijos na boca, os antigos JF FOLIA da época e choppadas afins), não a deixa encontrar um bem-me-quer. Pierrot fica triste, mas logo pensa: Ela quem jogou tanta vida fora.

Pierrot ainda pensa em Colombina. Encontrou algumas belas mulheres da Corte durante a vida. Esteve com elas por muitas noites. Mas sempre pensava: não confudiremos sexo com convívio social. Não confundiremos boa leitura e boa conversa com amor. Não confundiremos a mulher para a vida com a mulher da vida. 

Pierrot encontra seus amigos para beber na esquina, não para se matar, enfim. Encontra os outros amigos Pierrots que encontraram, muitos deles, suas Colombinas mais evoluídas. Sim, existem as Colombinas que valem a formação do bloco, que transformam a vida em carnaval e que se for preciso, por eles, faz a quarta-feira de cinzas ser o dia da concentração dos blocos, prepara a avenida para eles passarem.


A Colombina daquele primeiro Pierrot? A Colombina também envelheceu. Ela está pelo mundo, conhecendo lugares novos e vivendo outras histórias de amor. Ela também se lembra do beijo do Pierrot. E imagina o que aquele palhaço (no bom sentido vide sua roupa, claro), fez da sua vida. Ela ainda está sambando nos carnavais da vida, mas já pensa na hora em que se preocupará com o que fazer com os outros 361 dias do ano e as consequências para a vida que resta. Já que todo carnaval tem seu fim.

E o Arlequim hein? Ah, o Arlequim não mudou nada. Está lá no meio da fanfarra, soprando uma cornetinha, puxando o trenzinho. Partindo o coração de outras Colombinas, enchendo de raiva outros Pierrots. Ele está esfuziante. Pelo menos até a 4ª Feira de cinzas, quando as luzes serão apagadas, os metais e tambores guardados, os confetes varridos do chão. E aí, mais uma vez, ele será o mais triste dos três.

 Quanto a esse Pierrot, também não quer saber de mal-me-quer. Por isso, tenta olhar para o lado e vê uma boneca de pano. Não tem a pompa da Colombina no salão, mas aquele sorriso doce, aquele ombro amigo, aquela boa companhia, aquela parceria. Não sabe ao certo se pode vir a ser "amor" nos moldes históricos dos sambas e blocos carnavalescos. Mas pode ser a mulher para a vida.

Pierrot e Boneca de Pano do Teatro Mágico da Vida? Ora, por quê não??! Afinal, tem horas que a gente se pergunta: - por quê é que não se junta tudo numa coisa só?



"Deixa ser, o que há de ser vigora" 


4 comentários:

  1. pierrot, arlequim, colombina, boneca de pano...
    um bonito quadrado amoroso! show!

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  2. Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz!

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  3. Esse triângulo amoroso (cujos vértices não são necessariamente formados por uma única pessoa) só dão trabalho aos nossos pobres coraçõezinhos...

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  4. lindo !
    triste ,mais lindo!

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