terça-feira, 29 de novembro de 2011

Como, por onde e com quem tenho andado

Deus é sempre mais, a vida é dinâmica e há quem creia que a vida seja apenas uma (ando parando quando do viés dinâmico). Mudança de crenças, de vistas do ponto, de ponto de vista, de visões de mundo e vida boa. Abandonando dramas, acatando tramas, fazendo prosa mais concreta enquanto as letras da poesia são lidas lá por outros olhos.
Não é abandono de causa, sou eu emocionando mais pela minha, em carreira solo. Ok, nem tão em carreira solo assim. Encontro gente iluminada gritando 'Bruggeeeeeeeeer!!" e me chamando para propor teses; ou amigos de agora - que estranhamente/felizmente parecem que são velhos amigos - repensando as minhas teses e me ajudando a ser um cidadão melhor, tanto no profissional, quanto, e principalmente, no pessoal. Eu tenho a absoluta certeza de que estou andando por caminhos certos, com pessoas que bem combatem o bom combate. É sobre realização.
É saída da matrix, da formatação e há certa dor. Dói abandonar umas velhas certezas que me acompanharam há...já quase 6, 7 anos. Passo a repensar, verbo do texto, também aquela velha frase de "não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam"; algumas pessoas se importam e me fazem importar.
Não nego que por muitas vezes rola um cansaço. Cansaço por ver amor, suor, ousadia sendo não aproveitados desde agora, de plano, ab initio. Talvez seja eu pagando meus pecados anteriores quando eu, assim como o Gessinger, acreditava que só se vivia uma vez. Quantas bolas chutadas para longe do gol; tem também espaço para lamentações que, ainda que se crie um paradoxo, não chegam a ser arrependimentos, eu escolhi, eu escolhi ser, logo, por honestidade hermana, aceito a condição.
Não nego, tão pouco, que o coração anda precisando de perdões. Precisa ser perdoado por umas três ou quatro vezes que tive a bola do jogo e arremessei errado. Esses apagões morais que me dão e só vou me dar conta na segunda hora de ressaca do dia seguinte, sempre criticando fulanos e fulanas que tiveram a chance e desperdiçaram. Opa, eu erro pra caramba. Talvez seja hora de algumas desculpas serem pedidas, um bom exemplo é a minha parceira de blog e vida, possivelmente foi com ela que errei metade das vezes que eu realmente senti o golpe, errar em relação a ela causou dor demais; eu a amo, essa é a verdade, ela sabe e possivelmente isso seja relativamente suficiente para ser mais desculpável quando tremo na base e chuto torto (bate vontade, nessa linha, de abraço na roda dos Brugger´s com ela dentro, por mais uns 80 anos).
Há tambem saudade e saudação. Uma reforma íntima que implica em largar mão de coisas e pessoas, gente que não quis estar presente, não quer estar no futuro. Ficaram as fotos, as possíveis cartas, juras, alto dos passos, vodka barata com organismo juvenil e todas essas palavras ao vento que a gente teima em jogar, sem praticar, sem atitudinar, sem agir mesmo. Tem gente retornando também, bom que retornem, senti falta dos meus manos de outrora, dos amigos que vi crescer, literalmente; é sempre bom manter também os De Fé, os caras que batalharam comigo, continuam batalhando, me aceitando com esse mundo de erros e que não perdem, e me fazem não perder, a ternura jamais.
Tem justiça, amor e caridade. Tem descobertas de pessoas fazendo diferença com uma voz suave às 20h de uma segunda-feira ou às 18h de um sábado, pós-vida, pós-puc. Tem a PUC, um ambiente de paz e satisfação intelectual para quem precisava se libertar um pouco, ser ouvido, propor e ser proposto, provocado, apanhar, levantar, devolver, criar. Crítica e proposição, redescobrir. A sorte de estar andando com quem ando, por onde tenho andado.
Tem beleza, muita. Não a produzida globalmente, com o trocadilho. Aquela beleza de sorriso, de ideia, de admiração, de inveja da boa (o querer também, desde que o outro continue tendo). Vivência com e além livros, com amigos, música, um certo despertar para o que importa: estar com. Ao lado de. Sorrindo por e apesar de.
Há muita estrada além do que se vê.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Se não fosse a música [Dia do músico].

E então que eu estou prometendo uns dois ou três textos com temáticas diferentes. Mentira, a temática é a mesma, o referencial teórico é que talvez seja diferente.
Entretanto, como ainda não terminei a escrita, escreverei esse rapidamente. Quero parabenizar os músicos. Os músicos, por óbvio, fazem música. Música que nos sustenta nesse mundo de cachorro-louco, que fazem uma baladinha tipo Anna Júlia lançar aos céus do pop nacional 4 caras, que se transformaram depois em Indies/cults. Quero parabenizar aos Los Hermanos por sempre me fazerem perguntar "quem é mais sentimental que eu?" e logo me darem a resposta: "Ela é mais sentimental que eu, então fica bem se eu sofro um pouquinho mais". Quero parabenizar a quem inventou a "lista de execução" para juntar músicas e músicos, porque após esse introito, para juntar o Pearl jam gritando em seguida: " She lies and says she´s in love with him, can´t find a better man". O pior é que ela pode.
Vem os paralamas em seguida com guitarras e voz de Hebert: "não pedi que ela ficasse, ela sabe que na volta eu ainda vou estar aqui". Segue o Foo Fighters me perguntando se há alguém que tira o melhor de mim. Skank comentando algo sobre "planejando para fazer acontecer ou simplesmente refinando essa amizade", Gram e sua bateria com "faça algo por você". Gessinger impiedoso com "melhor para você se ela for embora, pense bem, é bem melhor assim".  Los Hermanos puxando novamente a reflexão: "E o Pierrot.."
E o Pierrot tentando achar alguma "coisa que ainda te emocione, uma garota, um bom combate, um gol aos 46".
É que "estou na lanterna dos afogados, eu estou te esperando, vê se não vai demorar', na voz da Maria Gadu.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

"e queria sempre achar explicação pro que eu sentia"

Andar na rua. Ver um carro e, por milésimos de segundo, o coração parar, sentir o frio percorrendo cada veia, cada cantinho do corpo. Olhar para o carro novamente e perceber que não era quem você achou que fosse um segundo atrás. Nesse momento você já estava culpando o destino, o acaso ou qualquer entidade que tenha sido responsável por fazer este encontro entre vocês. Continua andando e percebe que ninguém no mundo reparou como seu mundo acabou de receber uma descarga de adrenalina e, de verdade, você não se importa com isso.

Passado um minuto do acontecido, você para e pensa: como é possível que isso ainda aconteça comigo? Pelo-amor-de-Deus, não estou apaixonada! Isso é coisa de menina, que sente o mesmo efeito ao ver o nome, ou o quase-nome, da pessoa entrando no msn. Como eu me deixei levar? Eu saí com ele duas vezes, for God´s sake! Mas por que então que isso me aconteceu?

Não importa se tem 10, 15, 20, 25, 30 anos. Mulher é boba assim mesmo. Não importa se o cara é um Deus grego ou o sujeitinho da esquina. Não importa se ele é um príncipe encantado ou se só a faz sofrer. Mulher não consegue se controlar nessas situações. Acha que é ele e que vai sair do carro com um buque de flores e a surpreender no meio da rua, vai beijá-la e mais uns 2 segundos de imaginação e ela já está no terceiro filho.

É por isso que praticamente todas caem em qualquer conversinha de malandro. A mente feminina é incrivelmente poderosa. Quando quer (grife-se: quer), acha que um carinho é um pedido de namoro ou que um olhar para o lado é um “não te amo mais”. É difícil viver assim, sério! Depois de alguns anos você já não sabe mais o que pensar, ou como agir. Tipo hoje com o acontecido do carro. Eu entendo e até aceito que seja meu cérebro me pregando uma peça. Mas a questão não é essa. A questão é, por que ele faz isso? A questão mais profunda é, por que ele faz meu cérebro fazer isso comigo?




texto escrito e para ser lido ao som de Maria Gadu.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Refrão de Bolero

Originalmente postado no Agravo de Instrumento.

Nós poderíamos ser amantes que bebem champanhe pela manhã aos beijos num hotel em Paris; é o que o Caio Fernando está dizendo aqui e eu concordo. Nós poderíamos ser tantas coisas.


Nós poderíamos ser os melhores amigos apaixonados, os melhores cúmplices de viagens à lua dentro do nosso quarto (ou da sala, por quê não?). Poderíamos ser os caminhantes-de-mãos-dadas daquela praia de areia branca de Cabo Frio ou litoral paulista ou qualquer outra praia maravilhosa (mas que, de fato, não seria tão maravilhosa quanto você. Seria apenas moldura). Nós poderíamos ser autores daquele crime perfeito. Poderíamos ser a capa de jornal, melhor: capa de livro de romance bem sucedido no século XXI, quando todos desacreditam de romance-amor.


Poderíamos. Sucumbimos ao mal do século: "não quero me envolver pessoalmente com ninguém".  É que eu fui realmente sincero como não se pode ser e, talvez, por isso eu te afugente tanto. Você corre de um abraço de braço só que te envolve, porque no outro braço está seguro o mundo prontinho para te entregar. Você se nega, afinal, com tanta facilidade é bem mais fácil escolher sofrer, realmente. É mais fácil ser triste.


Me perco ainda nos nossos planos, não tanto quanto me perdia em nossos beijos. Queria a possibilidade produzindo efeitos. Me cansa esse "quase" de toda hora ter que contar os minutos pelo teu regresso. Ainda me bate a esperança ver-te atravessar a porta e dizer: "Vida minha és Tu".

Adivinhe, você. Eu que não bebo, estou aqui nesse bar. Bar nosso, lembra? Falando com o Ceará, aquele garçom que viu nosso primeiro beijo. A noite vem chegando, eu tenho que ir para casa. A nossa, também está lembrada?

Antes, ardia à noite. Agora, adio o dia.



Coração na mão como um refrão de um bolero
Eu fui sincero como não se pode ser.
Um erro assim, tão vulgar, nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira ele consegue nos achar num bar
Com um vinho barato, um cigarro no cinzeiro
E uma cara embriagada no espelho do banheiro
(Refrão de um bolero - Engenheiros do Hawaii)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Nota Curta Sobre Expressões Grandiloquentes

Eu pensei em postar algum texto quanto ao Orlando Silva ser suspeito de propina, deixei pra lá (cada um lê por si e também espera a investigação começar e concluir o que supostamente houve). Pensei também em falar sobre a campanha de desenhos no avatar do facebook, achei bacana e tal, mas também não quis polemizar com os reacionários gratuitos de plantão. Pensei em escrever sobre a acefalia generalizada dos membros que sigo no facebook e twitter, salvo exceções especiais, que meteram o ferro na Globo por não "mostrar o Pan-Americano", sendo que os direitos são exclusivos da Record (sim, existe outra emissora que não a Globo), mas deu preguiça de desenvolver isso tudo. Pois é, como diz o Gessinger parafraseando Machado de Assis: Estou com tédio à polêmica.
Então, eu vim contar da última conversa de bar ou da última filosofia de colo. Objeto: são expressões grandiloquentes como 'para sempre' e ' nunca mais'. Expressões ditas em segundos que querem ilustrar uma vida ou até mais (para quem crê).
E aí que eu relativizo isso tudo. Já vi o mundo desabafar infinitas vezes e depois novas paisagens brotarem, serem desenhadas. Vi o furacão no horizonte chegar como brisa de mar em dia de calor-quarenta-graus-em-maceió. É o tal do tempo, que nem sempre temos. Nem sempre temos o próprio ou a parceira dele, a dona Paciência.
Tenho usado pouco o "nunca mais" e o "pra sempre". "Nunca mais" cai em questão de segundos, horas, anos, atitudes. Principalmente pelas últimas. Já pensei que nunca mais falaria com a minha parceira de blog e agora ela está "para sempre" na memória em ritmo de valsa. Diz aí.
"Nunca mais" é forte demais para sentenciar nessa vida. Estamos em eterno progresso. O "agora não é hora", esse sim, existe. Questão de harmonizar. Ah, esse verbo que chegou para colorir ideias. Harmonizar. O que harmoniza tem força! 
Temos que ter cuidado com os "nunca mais", tão sedutores para nossa natureza de perdições e procurar-achar motivos para não ir à luta! Milagres acontecem quando a gente vai à luta!
E o que dizer sobre os "pra sempre"? Sempre acabam? Não acho. Acredito que a gente consegue adormecer sentimentos, de acordo com o velho binômio conveniência-oportunidade. Tenho dormido, acordado, sonhado amor há 7 anos. Questão de vibrar amor, questão de vivenciar e deixar tomar conta. Velha estória de uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor obrigação de acontecer. Que bom seria se acontecesse, óbvio. Mas dormir e acordar. Sonhar. Realizar. E ai, acreditar em "pra sempre"? Sim. De janeiro a janeiro até o mundo acabar
Ainda nesse ínterim, me perguntaram também sobre minha crença, intacta, já adianto, de abnegação de corpos outros, que não o "da amada", aos vinte e três anos, quase vinte e quatro. Sim, mil vezes, sem pensar duas vezes. A maturidade também trouxe velhas crenças que eu não tenho medo de reafirmar. Bancaria, sim, o Frejat, desejaria todo dia a mesma mulher e "pra sempre".
Como transigir entre o "nunca mais" e o "pra sempre"? Com calma e tendo fé naquela coisa do Caio F. "Acontece que entre o ainda-não-é-hora e Nossa-Hora-Chegou muita gente se perde. Não se perca, viu?". Força e Fé. Teoria do Porta-Avião, aquele pouso na hora certa, quando tem razão e motivos para pousar.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Um passo atrás, por Amor ou Sobre Processos de Esperas

A última filosofia que mereceu copos de uísque (assim mesmo, prefiro essa grafia) foi a questão do "até quando lutar? Até quando declarar?". Pano pra manga e quase uma garrafa para dois caras na faixa dos vinte e poucos tentando entender disso. Pois é, amar é, sim, caros amigos, coisa de Homem.

Pois então, a questão toda era o "clássico" caso de você sentir algo bastante forte, que você reputa com força de eterno, mas não sabe como dizer para a pessoa "alvo" desse sentimento bonito todo.
Destacamos três correntes, claro. A primeira é a mais complicada, no meu ponto de vista, porque é aquela em que você tem impedimentos fortes de ser mais, digamos, incisivo. Seja porque isso acarreta mexer em outras relações que você já estabeleceu com a pessoa , seja porque interfere no âmbito da vida de terceiros (diz a moral que mesmo no caso de você se apaixonar pela namorada do coleguinha, você não deve interferir. Eu relativizo: SALVO se a moça também sentir algo por você, mas aí vocês têm que dar jeito do amigo estar ciente da situação toda e ter MUITO cuidado). Amizade ainda é, e acredito que sempre será, melhor do que o amor romântico. Talvez seja por isso que no meu projeto de mulher ideal há essa combinação amor romântico - cumplicidade amistosa.

A segunda corrente é a dos que o mestre Guilherme Schettini chamou dos "abençoados", os que jogam livres nesse campo da vida. Isto é, aqueles que não tem absolutamente nada a perder. Porque aqueles a quem amam não são seus/suas melhores amigos/amigas, não são a namorada do coleguinha, não possuem quaisquer outros impedimentos fortes. A esses, o Universo concedeu a ideia de "chuta pro gol, meu filho, vai quê?". Pois é, abençoados sejam esses, que podem dar a cara a tapa, a boca a beijo e o coração ao amor.
 É de se entregar ao viver, é preciso tirar a sorte para ter. 

A terceira corrente remete a teoria mista (ah, vá!), posto que a situação é anômala, você pode até ser incisivo porque o nível de intimidade te permite, mas você é receoso, apesar de ficar rezando todo santo dia para ter aquela chance de se declarar e a pessoa estar preparada para receber; ou você tem a sorte da pessoa ler esse glorioso blog e, PASME, oras, estamos no campo da imaginação, da hipótese, então, PASME, a pessoa concorda com a teoria da "transferência" (diz ai Ana Luiza!), que a gente pode, sim, aprender a amar alguém, mesmo que não exista aquela coisa de "paixão arrebatadora", ganha-se em relação e cumplicidades construídas, mais uma pitada de admiração e atração e tem-se o tal do relacionamento forte. Parece simples, mas às vezes a gente é. A questão toda é que como diz o Caio F.: aos que ainda tentam, aos que esperam a volta do grande amor, Deus põe teu olhar mais luminoso.

 Escolha a sua e seja feliz. Acaba que pessoalmente eu abro mão de recursos, talvez porque o interesse de agir não seja mais tanto meu. Aquele velho amadurecimento de você saber que vai somando pontos, mas a outra pessoa tem o direito de não te querer ou de ainda não ter descoberto que você é o grande amor da vida dela (bom humor, a salvação do mundo!). Porém, a minha teoria é que você realmente tem que fazer sua parte, geralmente é desperdício de energia ficar recorrendo das decisões; se a pessoa quiser mudar o mérito por conta própria, porque, por exemplo, descobriu fatos novos (ela te ama), ela que exerça aquela ação rescisória de leve. E se não couber? Sei que a pessoa correrá atrás e vai aplicar uma teoria alternativa de relativização da coisa julgada. Quando queremos, damos um jeito! O cuidado é todo na questão da sentença do mérito ter efeitos ex nunc, entendam a periculosidade da piada!

Quem me conhece sabe que tenho tendência a abrandar as coisas. Por isso, eu agradeço tanto ao processo civil brasileiro ser fundado no Liebman. À grosso modo, ele diz que para haver ação, esta tem que preencher alguns requisitos: legitimidade de partes, possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir.  No caso concreto, as partes foram e são legítimas, capazes, esclarecidas, bem intencionadas. A questão toda foi que talvez não seja possível o pedido, quem sabe a ordem das coisas não normatizem esse tipo de relação ou, ainda, falte previsão de em que termos as relações pretéritas ficariam abaladas e/ou evoluiriam para um ponto melhor. Ainda há a hipótese mais plausível, não houve interesse de agir nesse momento, questão de tempo. A lei vigente ao tempo do ato rege o tipo, não é assim? Aqui é: A Lei do Tempo rege os Atos. A vantagem? É que segundo o Liebman, ausentes as condições da ação, parece-me que, PARA ELE, não haveria ação, a sentença é terminativa, podendo a ação, com mesmo objeto, ser proposta novamente, visto que houve coisa julgada meramente formal. Isto significa um entendimento mais brando que o julgamento de mérito da tese anterior. Se a pessoa quer te dar uma chance, ou descobriu que te ama ou os dois juntos, ela vai atrás e recomeça o procedimento. Sim, a vida tem essas coisas de o mundo girar mesmo. Viva o Liebman, viva a ainda não aprovação do novo código de processo civil e viva a minha fartura de tempo para fazer umas análises dessas para nossas vidas. 
É que na falta de algo melhor, nunca me faltou raciocínio. Quanto a se devem esperar e o quanto devem? Cada um com a sua doutrina (mais do que respostas, o importante é a reflexão). Termino com Caio Fernando, novamente: "Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu?", tá?!

domingo, 2 de outubro de 2011

Fala comigo! (Ou sobre os silêncios)

E lá se vão mais algumas tardes de um silêncio que diz pouco (ou muito ou muito pouco).
A questão é essa minha incapacidade de entender silêncios. Me dê uma linha de crédito nessa. Eu trabalho com palavras, teses, dissertações, discussões, petições, sentenças, agravos. Silenciar é romper com o que meu lado habermasiano mais aprecia: a deliberação.
Você deveria saber que não sou de entender silêncios, principalmente quando parte da doutrina diz que isso é anuência tácita e a outra parte, majoritária, diz que é eloquente protesto contrário. Eu nunca fui bom em entender sinais silenciosos, preciso de placas, gritos, dedos em riste ou abraços em concordância. Dê um sinal, dê um final.
Tenho visto muita gente silenciar, quando eu ando aconselhando o falar. Todos que convivem comigo sabem que por vezes eu falo até demais, declaro, digo o que quero e espero; geralmente a prece não acontece em plenitude, mas tento manter aquela postura de homem-feito-maduro-que-muito-já-aprendeu e acredito que é a melhor forma, aquelas coisas Paulo Coelho de que o universo conspira a favor.  Mas estritamente pelas circunstâncias fico quieto, tranquilo, deixo o tempo passar. Contradição? Não, apenas jeito de sobrevi(te)ver.
Devem ser aqueles power points antigos que ainda ecoam na minha fase adulta; provavelmente a lembrança do "não arriscar é desperdiçar chance de merecer"; virou mote, tem sido esse o princípio fundamental do meu agir estratégico. Não banco o bonzinho, nem o ético, defendo a minha tese. É, pelo menos eu falo.
E esse teu silêncio que permanece? Cansaço? Já sabe de tudo isso e aquilo? Então, solta essa língua, morde, grita, pense alto, fale qualquer coisa como nunca-te-quis ou sempre-te-quis-mas-você-não-vem ou ainda-não-estou-pronta ou sempre-soube-que-era-você, mas quebre o silêncio, vai, fala comigo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Amaceioado

E então que acabou. FALSO! Como disse um dos meus melhores amigos, César Romero Barbosa Jr: "Mano, o dia está apenas começando". VERDADE! 
A verdade é que eu tive a semana mais perfeita da minha vida até aqui. Iniciei a minha ida no carro para aquele churrasco de "sete dias" que abririam a semana da formatura com o seguinte pensamento: Não vou estressar por nada. Não estressei. O churrasco foi ótimo. Percebi que de forma torta vou sentir falta daqueles que me acompanharam todas as noites da semana dos últimos cinco anos. É bastante história para contar, problemas vivenciados, alegrias comemoradas, chuva e sol, calor e frio. Foram nesses cinco anos que terminei meu namoro mais longo, comecei outros curtos e terminei, que tomei tocos monumentais, que fiquei com mulheres incríveis, que perdi a virgindade, que briguei, que reconquistei, que perdi, que ganhei, que, enfim, aprendi. E ainda estou aprendendo.A aula da saudade foi um resumo disso, sentença de sentimento, deixou saudades mesmo.
Os cultos, todos eles, foram surpreendentes. A fé do outro sendo professada de forma respeitosa, emocionante. O culto espírita me dando um vislumbre de futuro que imaginava. Palestra coerente, apesar da minha mania chata de discordar de certos pontos; porém, esse sou eu. E bom, a Tha, minha parceira de vida, e que possivelmente não tenha a dimensão da importância dela nessa semana e durante todas as outras, já havia avisado. rs. O culto evangélico, idem quanto ao carinho e respeito; com direito a vídeo da turma e tudo o mais.
A missa, caramba, foi mais emocionante que o esperado. Entrar com meu irmão e minha mãe, aliado ao fato de agradecer por tudo, pela familia que tenho, pelos amigos;  ter as visitas inesperadas de mariana machado e rafaela nassif, enfim..bem bacana. Logo em seguida sair da igreja e encontrar a minha parceira de blog e ir pro jantar dançante com ela e família. O jantar? ÉPICO. As fotos falam por si. Ótimo tudo!
A colação segue o mesmo ritmo, fotos, vídeos. Foi quando comecei a ter uma real noção do que eu construí até aqui. Menção honrosa para a descrição sobre este cidadão aqui: "romântico assumido". Foi de rir haha
O baile foi a coisa mais ilógica dessa história. A valsa foi mais linda do que o sonhado, selou a história toda. Minha mãe, duas das minhas irmãs (Elzimar e Lilia) e encerrada com ninguém menos que Thais Barbosa, foi lindo demais. Precisa de mais? Como disse e penso: Talvez nem em sonho eu me emocionaria tanto e haveria tanta perfeição. São momentos que valem a vida.
Momento depois: brindar com os colegas, parar e olhar pros meus amigos e ver que cara sortudo eu sou. Depois? Festa. Agradecimentos a todos os amigos mesmo, Schettini, Jc, Gustavo, Mário, Ana, Andy, Fafinha, Thainá, Aline Furlan, Cesar, Flavinho, Vital e etc etc etc etc etc....todos os presentes sabem que realmente são isso: PRESENTES. E mesmo aos que, por razões próprias, não compareceram, meu agradecimento por insistirem ainda na minha causa.
Domingo foi "nostalgia das besteiras que fizemos ontem", como diria o Teatro Mágico rs. Estive emotivo como não sei o quê. Outra menção honrosa para a CARTA de César Romero rs e seu kit-ressaca.
Tratei a semana como oração, foi um bilhete, um post-it de Deus dizendo que “moleque, quando você terminar de crescer, é isso que você vai vivenciar plenamente. Trato feito?”.
Foi a primeira manifestação mais clara desse período de assentamento, quase um "comer, rezar e amar". Depois... Fui pra Maceió. 10 dias. E foi quando vi que o canal de comunicação com o meu Deus estava realmente aberto. Pedi sinais, em forma de pessoas ou atos, encontrei um guia, turístico e espiritual, de nome Josy (Jositanea, mas que preferia ser chama de Josy rs), cujo sinal foi o lema de toda a viagem (a maceió e para o resto da vida): VAMOS SER FELIZ! (ou FILIZ, se preferir o sotaque…eu prefiro).
Praias maravilhosas, congresso com meu irmão, Silmar; festas, novas comidas, novas pessoas, igrejas na cidade histórica de Penedo. Enfim, energia renovada. "O vento que soprou lá da areia trouxe infinita paz". Ouvi muito Djavan. Li muito, reorganizei as idéias e voltei para a realidade com a vontade de ser melhor, ainda melhor. Aproveitar a sorte que tenho e construir algo que valha. Tomara que os ventos sejam realmente muito bons para nós. É que "nossa sina é se ensinar".

Ps: Vai um forte abraço, aqui, para aquele responsável pela fortaleza desses 5 anos: Tiago Andrade La-Gatta, meu amigo-irmão!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Só queria pedir desculpas e agradecer.
O mais foi tudo muito bonito.

sábado, 3 de setembro de 2011

Não quero aprender

"Em que parte do caminho a gente aprende a ficar tão estúpido e tão cheio de pseudoestratégias, arrogâncias, desperdícios?" (Elenita Rodrigues)


Por isso, a espera de que não haja, a despeito de estratégias, arrogâncias e desperdícios. Amém.

domingo, 21 de agosto de 2011

Sobre sinais que chegam

Eu pedi por sinais. Pedi porque nessa confusão que paira eu não ando dispensando a previsão, ainda que as surpresas tenham ainda aquele tom irônico e jocoso.
Eu pedi por sinais. No entanto, O Cara Lá de Cima fez, ainda que tacitamente, a seguinte proposição: você tem que interpretar de forma honesta.
Sim, eu sempre pedi por sinais. Sempre foi complicado interpreta-los com honestidade. A gente teima em querer ver o quer ver, não tem jeito. Nada obstante, dessa vez eu decidi ter olhos para ver; afinal, eu quem pedi por sinais.
Eu pedi por sinais e eles chegaram. E a honestidade incomodou um pouco, como um pequeno corte no dedo que não te derruba, mas incomoda. Assim, pude ser sincero comigo e com minhas decisões. 
Pedi por sinais, eles vieram, eu interpretei honestamente, fiz escolhas sinceras e pretendo levá-las a cabo nessas próximas duas semanas.
Vamos ver no que dá. Sinal verde pra felicidade, acima de tudo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mesmo quando eu assopro forte

Da série "trechos que eu gostaria de ter escrito":

"Sei que pareço infeliz e mal-humorado, mas é só escudo. Minha felicidade é sempre pequena demais pra espalhar por aí. Não tenho culpa se desde criança minha pipa sempre cai no telhado do vizinho." - é do Gabito Nunes

sábado, 13 de agosto de 2011

Uma rápida assertiva ainda sobre velhos modelos

Sou eu nessa viagem recém-iniciada que, certamente, não levará a lugar algum. Porém, nesses quase vinte e quatro anos tenho aprendido a retirar o melhor de cada vivência; assim, sou eu aqui ouvindo John Mayer e até achando bom.

Não sei se realmente por ser ai nesse sorriso where the light is, ou por ter plena convicção que sua mãe e seu pai, pessoas de bom coração, te criaram com apoio na doutrina de Daughters. Sei lá, talvez eu apenas esteja Free Fallin´. Mas como não? A resposta chega a ser simples Your Body Is A Wonderland.

Sou eu sabendo sobre (im)possibilidades, velho modelo. Ficam realmente as perguntas:


Don't you think we oughta know by now?
Don't you think we should have learned somehow?

 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dia do Amigo

Abençoados os que têm amigos, porque estes, como eu, sabem que são deles o Reino da Calmaria em tempos de tempestade, bem como o mundo de festas quando dos encantos de vitória! Feliz dia "aos meus chatos prediletos" que tornam a vida mais fácil.
 Obrigado mesmo! Principalmente a Thais Barbosa, amor amigo desses bonitos de se ter.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Isso muda tudo

Ela também é morena, um pouco maior que eu, mas não é você.

E isso muda radicalmente tudo!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Eu não tenho para onde ir, mas...

Escuto uma setlist que conta com Engenheiros do Hawaii e Paralamas, não foi proposital, até parece que é Deus assoviando uma trilha sonora para os caminhos que vem sendo traçados.
A música da trupe de Gessinger é atestadora no seguinte sentido: "eu não tenho para onde ir, mas não quero ficar. Suspender a queda livre, libertar! O que não tem fim sempre acaba assim". Realmente, estou em uma fase de finalizações de tarefas, fechando casas antigas pré-fabricadas, soltando alguns grilhões semânticos e amarras que me prendiam ao pé de uma mesa (imaginária). Não tenho para onde ir, mas também não vou ficar.
E para isso foi preciso coragem para abandonar a velha foto sobre a mesa, guardei no relicário. Foi preciso colocar a casa pré-fabricada à venda, peguei o ouro de tolo e comprei asas. Foi preciso abandonar velhas espereranças embaladas por músicas de Nando Reis, afinal, a próxima banda é Paralamas, que cantam: "Eu, hoje, joguei tanta coisa fora. Eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias, gente que foi embora. A casa fica bem melhor assim".
Achei que cairia em queda livre, mas aos poucos vejo que o foco no trabalho e no caminho por vir suspendem a queda livre. De repente, aquelas asas compradas com ouro de tolo têm finalidade, atravesso a montanha e do outro lado tem espiritualidade nova, novas pessoas, novos objetivos, quiçá um novo porto.
Agora, se quiseres me acompanhar, "vem ver com os próprios olhos".

domingo, 24 de abril de 2011

Escorrega, dor.

Amores líquidos, relações líquidas, paixões líquidas. Escorrem, correm. Tenta-se segurar pelo centro, pelas pontas. Fogem. Indicam novo caminho, apontam novas direções. 'Esteja sempre com a mochila pronta, não se envolva, não se entregue', é o que se ouve. Se entregar, se deixar levar? Efemeridade. Indecisão.

"deixa estar que o que for pra ser vigora". verdade?

domingo, 20 de março de 2011

Enfim, entrei pro clube

Certa vez, eu navegava pelo blog do Gabito Nunes, o Caras Como Eu, eis que em um dos textos - de títutlo homônimo ao blog -, uma mulher comentou com toda a sinceridade do mundo o que segue:

"Sahh disse...
Eu namoro um menino assim. As vezes eu canso do mau humor dele, canso dos monólogos sobre futebol e política, canso da mania que ele tem de pensar que eu sou propriedade dele e que nada que ele faça de mal vai ser fatal para nós (pq ele tem aquele sorriso de guri que me faz desmoronar). As vezes canso mesmo e penso em terminar com ele. Só que quando eu penso em voltar a ser solteira, eu sei que eu não saberia ficar sem ele. Não teria nada mais broxante do que ir toda arrumada para uma balada e escutar 'bah gatinha, te achei tri gatinha.. deixa eu beijar essa tua boca". Chega a me dar um arrepio de nojo. E esse é o maior problema de ter em sua vida um garoto que conhece a filmografia do Almodóvar, depois dele todos vão parecer banais. E aquelas conversas baratas não serão mais suficientes. E assistir o novo blockbuster não vai ter mais graça depois de ter visto com ele aquele filme que ganhou oscar de melhor estrangeiro em 1900 e tantos. E tu nunca vai se sentir bem em um carro tunado de sei-la-quantos-mil depois de ter conhecido o conforto de um carro 1.0 com aquele menino meio termo que te fazia dar risada como tu nunca tinha feito antes na vida. Em suma, vocês, garotos meio termo, são os piores. Piores até mesmo que os cafagestes, porque toda mulher espertinha tira de letra um cafageste. Vê de longe que o cara não vai ser o pai dos filhos dela. Mas vocês não. Até mesmo a mulher mais esperta do mundo não resiste a um meio termo, porque ela não vê ele entrando na vida dela. Quando ela se dá conta está com ele comprando um Cabernet Sauvignon para o próximo sábado. E, quando ela menos espera faz planos para o próximo verão. Até que chega ao ponto de ficar como idiota imaginando como ele seria o pai perfeito para os filhos dela. Pronto, ela caiu nas garras do meio termo."
E confesso, eu tive uma invejinha de uma demonstração pública dessas, ainda que o nome do cidadão não tenha sido citado; mas o jovem existe, oras. Ok, eis que nessa semana também fui vítima - digamos assim - de um depoimento desses. Não foi em um palanque físico ou cibernético, foi no privè do meu carro, e só torno público porque veio de uma mulher que me conhece há muito tempo e disse: "Eu achava que você não valia a pena, até que conheci os fulanos que você sabe bem a história. Hoje, se eu não estivesse namorando, eu tenho certeza que eu te agarraria. A "fulana" será boba se não entender isso também. Você é um desses caras para casar. Você é um grande homem, que ficam ainda mais irresistíveis depois que a gente entende aquela sua piada mal contada".  
Então, acho que, enfim, entrei para o clube e posso me intitular Caras Como Eu. Quem sabe?

terça-feira, 8 de março de 2011

De que ana Hollanda tem medo?

 Fonte: http://andrebarrospolitica.blogspot.com/2011/03/de-que-ana-de-hollanda-tem-medo.html

De que Ana de Hollanda tem medo?

4 de março de 2011
De que Ana de Hollanda tem medo?


Na última semana, extravasou na grande imprensa a controvérsia que vem marcando os dois primeiros meses de ministério da cultura sob direção de Ana de Hollanda. Desde janeiro, intenso debate circula nas redes sociais, porém, só com o afastamento de Emir Sader pela ministra, intelectual antes cotado para assumir a Fundação Rui Barbosa, os conflitos receberam maior destaque. Agora, muitos começam a informar-se sobre o que pode ser a primeira crise mais séria do governo Dilma.

O dissenso foi provocado pela ação de militantes, comunicadores, pesquisadores, produtores, ponteiros e cidadãos, dentro e fora da internet, partidarizados ou não, que fizeram ou não a campanha de Dilma. É um movimento heterogêneo, difícil de classificar. Começou brando mas vem crescendo à medida que as avaliações iniciais sobre a nova política cultural se confirmam, diante das medidas concretas tomadas pelo ministério. Como primeira vitória, temas relacionados ao novo MinC foram resgatados dos suplementos "mercado" ou "dinheiro", da grande imprensa, onde estavam sendo abordados, de volta aos cadernos culturais ou políticos.

Pode parecer uma controvérsia menor, levando em conta o orçamento do ministério da Cultura, em relação a outras áreas do governo. Seriam alguns tostões (0,12% da despesa federal) comparados às fábulas despendidas pelos ministérios da previdência, da saúde, da defesa, da educação.

Mas seria interpretar o problema numa métrica falha: o valor de uma cultura não se afere quantitativa, mas qualitativamente. Com ainda mais razão, nas últimas décadas, com a mutação das forças produtivas. Autores chamam-na de virada para uma sociedade pós-industrial, pós-moderna, pós-fordista, da informação e conhecimento.

Como quer que seja batizado, emergiram novas formas produtivas, numa espécie de revolução pós-industrial, em que o imaterial passou a comandar a geração de valor. Isto não significou o abandono da produção industrial, mas a sua reconfiguração num novo paradigma. Da mesma forma que a mutação do trabalho no século 19 industrializou a agricultura, sem porém substitui-la, hoje ocorre um processo de pós-industrialização da produção industrial.

Com isso, a cultura, como criadora e propagadora de valores intangíveis, se torna imediatamente produtiva. Na nova economia, a cultura e o conhecimento movem e qualificam a cadeia produtiva. Por isso, a cultura não pode mais ser tratada como acessório ou departamento, como numa divisão fabril. Ela passa a atuar de modo transversal a todos os ministérios, qualificando direta e indiretamente todas as políticas públicas (como o meio-ambiente). Não há mais economia da cultura, a economia é cultura.

Por mais que defensores da atual gestão desqualifiquem o movimento que lhe contesta, --- como se não passasse de uma revide paroquial de grupos alijados, tentando recuperar aparelhos e cargos; --- na realidade, o que está em jogo são duas concepções de cultura profundamente diferentes e irreconciliáveis. Trata-se de um corte conceitual, por assim dizer, entre a cultura como mundo e o mundinho da cultura.

No governo Lula, o núcleo das políticas do MinC consistiu no complexo da Cultura Viva, sobretudo os Pontos de Cultura. Além do assistencialismo, os Pontos vem exprimindo uma nova forma de produzir e afirmar-se, uma forma autônoma. Foi a formulação mais feliz, enquanto técnica de governo, de um movimento imanente à sociedade.

Com os Pontos, o estado não está simplesmente doando a fundo perdido. Reconhece a dimensão produtiva da juventude, dos pobres, das periferias e dos rincões, das minorias negras, quilombolas, indígenas. O estado reconhece que eles têm uma força própria, uma potência de vida, que não precisam ser incluídos na economia apenas como consumidores. E então investe, fornecendo condições materiais para que cada nó da rede se autovalorize e crie, ele mesmo, os conteúdos de sua cultura, --- no ato mesmo em que os dissemina, miscigena e remixa com o restante da teia.

Longe de induzir dependência (viciar o pobre na mamata), trata-se de um investimento com custo relativamente baixo, mas que colhe imensuráveis dividendos à sociedade. Se existem passivos, e por óbvio toda política deve ser permanentemente aperfeiçoada, do outro lado desponta um imenso ativo: o empoderamento do cidadão como produtor de seu mundo, um campo produtivo liberto de subordinação e partilhado em rede. Todo o conjunto funciona num ciclo virtuoso de cultura, política e economia.

Não à toa, no governo Lula, os Pontos de Cultura contemplaram cerca de 8,4 milhões de pessoas, e o sociólogo Giuseppe Cocco, da UFRJ, considere-o essencialmente complementar ao programa Bolsa Família. Assim o cidadão não só tem acesso à renda, como também condições de produzir valores. Se o governo Dilma for esperto, colocará os Pontos no mesmo patamar do Bolsa Família: imune a cortes, prioridade de expansão, coordenado com outras políticas sociais.

Vale destacar que essas configurações produtivas não foram simples efeito das políticas do MinC. O ministério não as produziu. Elas já aconteciam. A sociedade global já se reorganiza no sentido de adaptar-se às novas liberdades das redes. A disseminação generalizada de conhecimento e cultura já é uma realidade incontornável e irreprimível, do mesmo modo que a forma de militância que lhe corresponde. Uma militância em enxame, simultaneamente política, cultural e social, como a que vem realizando a primeira Revolução 2.0, na Tunísia e no Egito.

Portanto, foram as lutas dos trabalhadores precarizados, de todos os excluídos por décadas de neoliberalismo, que abriram uma brecha para esse modo criativo de viver cultura. O MinC com Gilberto Gil e Juca Ferreira somente aceitou essas mudanças, não as tentou bloquear ou criminalizar, e se deixou ocupar e ser formulado por um movimento multitudinário e enxameante.

Daí a conquista dos Pontos de Cultura e a afirmação dos novos direitos desse mundão 2.0, cujos slogans são compartilhamento e vibração em rede. O social não está matando a cultura; devoram-se amorosamente um ao outro.

O que acontece quando Ana de Hollanda e sua equipe de formuladores (os policymakers) assumem o ministério? Uma reviravolta. Tudo o que, em alguma medida, remete às novas liberdades, aos novos modos de produzir, à pós-industrialização, tudo isso se torna obscuro e ameaçador, ou então ingênuo e populista.

Daí a esconjuração, açodada e sem consulta, do Creative Commons (CC). Logo na primeira canetada, até hoje sem qualquer explicação razoável pelos novos gestores. Eles sequer demonstram saber do que se trata, senão talvez como uma vaga associação do CC a essas "obscuras mudanças". Afinal, CC e copyleft são as principais alternativas ao sistema cerrado de propriedade imaterial, o copyright; conquanto, a bem da verdade, nada haja de revolucionário nessas licenças mais flexíveis por si mesmas.

Daí também o temor quanto à reforma da Lei dos Direitos Autorais brasileira, uma das mais draconianas do mundo, que segrega do domínio público as obras, e por até 70 anos depois da morte do autor. O projeto tem sido profunda e extensivamente discutido desde a sua formulação no governo Lula, com 80 encontros nacionais, 7 seminários e uma consulta pública que colheu mais de 8.000 sugestões. Desconheço projeto de lei tão minudenciado, inclusive em sites como htttp://www.reformadireitoautoral.org ou http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral

A quem não interessa a transformação, tão potencializada pelo governo Lula?

Primeiro, às grandes corporações que exploram a cultura. Às indústrias culturais que ainda apostam no modelo antigo e excludente. Quem mais lucra com propriedade imaterial não é o autor, mas os atravessadores: gravadoras e editoras. Indo só um pouquinho além do autor, logo ali em frente, percebe-se que a cultura não se faz só no momento da autoria. O ministério não é do Artista, mas da cultura.

Há toda uma cauda longa (99%?) de técnicos, roteiristas, produtores culturais, seguranças, faxineiros, promoters, designers, críticos, blogueiros, jovens músicos, maquiadores que não recebem um tostão em propriedade autoral. Ainda menos no século 21, em que o processo sobreleva ao produto em si. Hoje a renda vem muito mais da circulação, do marketing, da constituição dos públicos, da interatividade, da abertura para o remix; do que das tradicionais obras magnas, --- aquelas gravadas no bronze da eternidade.

Para a indústria, não interessa remunerar essa massa de precários com Pontos de Cultura, editais democráticos, ação Griô etc. Os trabalhadores culturais precários, quando simplesmente não desistem dessa carreira, vêem-se na contingência de vender barato sua criatividade, assim como o artista jovem (na verdade quase todos) os seus "direitos autorais".

Sem ter pra onde correr, essa lógica de mercado mata dois coelhos de uma vez: 1) suprime a autonomia do produtor, obrigado a se subordinar aos patrões empresários, e 2) obriga-o a viver de bicos e contratos temporários, incapaz de negociar melhores condições.

Isso explica o porquê da centralidade da "criação" e do "criador" nos discursos da ministra e seus apoiadores. A indústria, com sua divisão social piramidal, é a melhor forma de valorizar o criador, o Artista, que fica no topo ,--- o rei-filósofo no comando da cidade da cultura. Esses medalhões, a maioria com mais de 50, não formam uma classe ("classe artística)". No máximo, uma corporação inadaptada e paranóica com os novos modos de produzir, organizada para tentar salvar os seus benefícios.

Por muito tempo a cultura brasileira se pautou pelo predomínio da "classe artística". Os holofotes da grande mídia contornavam sistematicamente a criatividade imanente do país, as produções de periferia e interior, dos pobres. Não foi o MinC que derrubou o negócio. Mas a sociedade. O MinC com Lula e Gil e Juca veio democraticamente a reboque, e potencializou esse movimento.

Antes, essa produção era tratada como folclore, num regionalismo condescendente, ou então como mística do povo --- e não como o coração e o sangue da criação do universo. Algo que somente artistas pensantes, como Gláuber, Oiticica ou Gilberto Gil, enxergavam já na década de 1960. Eis mais um dos motivos que a sociedade inventou e desenvolveu as mídias livres, ou que artistas mais seminais se deixaram invadir pela potência da multidão. Para se autovalorizar, pois a grande imprensa e indústria não davam valor.

Na cultura como mundo, os medalhões vêem ameaçado o seu status superdimensionado, por vezes narcísico. Essa superexposição de uns poucos é promovida pela indústria para codificá-los e valorizá-los como marca. E então extrair daí seu lucro, através da transmissão da imagem e do copyright. Claro, muitos sempre tiveram qualidade (quem vai dizer que Chico Buarque ou Caetano não sejam brilhantes?), mas quantos aí não foram golpes de marketing? Quantos filhos ou irmãs de celebridades não hauriram essa marca, por tabela?

O discurso pró-Ana de Hollanda retoma a mesma acusação de amadorismo, antes imputada ao "povão". Os Pontos de Cultura são ingênuos e demagógicos, funcionam num clima "meio estudantil" e não trazem resultados concretos. O mesmo tom de Hosni Mubarak, o ditador egípcio, quando a confrontado com a revolução 2.0. O mesmo tom de Luiz Carlos Barreto ou Cacá Diegues, que agora pretendem "acertar as contas" com os arranjos produtivos que os contornam (contornar a Globo Filmes, por exemplo). No fundo, eles pedem, e esperam que Ana de Hollanda conceda: não dêem o dinheiro pra esses moleques e merdinhas, dêem para nós... nós que somos os profissionais!

Quanta falta de generosidade... quanto preconceito em não crer na qualidade das pessoas!

Aí se explica, também, o discurso cultura-e-mercado, que desde FHC (cujo MinC tinha por slogan "A cultura é um bom negócio") não predominava de modo tão acintoso. Novamente, para desmerecer a produção em rede: insustentável.

Sustentável seria a indústria tradicional, articulada com a exploração da propriedade imaterial. Como se esta não dependesse historicamente de isenções, subsídios, "verbas de emergência", repasses diretos. Aqui, mercado ou estado atuam como unha-e-carne, planejando os investimentos. Por isso, seria tão central passar a investir em "indústrias criativas", --- um nome engenhoso para o projeto de enquadrar cabalmente a cultura ao mercado. Ou seja, à subordinação da produção cultural às corporações, ao emprego formal, ao copyright, à gestão centralizada dos recursos.

No ano passado no Rio de Janeiro, a aplicação das teorias da economia criativa, --- uma cria, aliás, do governo neoliberal de Tony Blair na Inglaterra, --- não fez mais do que concentrar os investimentos públicos (R$ 270 milhões) em mega-museus. Que serão explorados por quem? Pela Fundação Roberto Marinho.

Por enquanto, a ministra vai promovendo a "economia criativa" por onde passa, enquanto faz promessas à rede da Cultura Viva, que tudo vai continuar como antes, normalizado. A discussão da LDA? Perguntada, não é papel de ministra opinar, mas de uma comissão de especialistas jurídicos, que vai reapreciá-la. Novamente o discurso técnico, como se o regime de propriedade, material ou não, não fosse questão das mais políticas.

Enquanto isso, a secretária Marta Porto, que nem foi nomeada, correu o Brasil para abrir o diálogo com a rede de Pontões e Pontos de Cultura. O MinC está em dívida com a rede, com pagamentos atrasados na ordem dos R$ 60 milhões. As boas intenções são irrefutáveis, mas faltaram informações palpáveis de prazos, metas e o planejamento para a expansão prometida da Cultura Viva.

Basicamente, a questão colocada pela secretária foi a disjunção exclusiva: qualificar ou expandir? Isto é, arrumar a casa (numa crítica implícita à gestão anterior) ou crescer a rede? Para Ivana Bentes, diretora da ECO/UFRJ, é preciso qualificar e expandir, numa disjunção inclusiva. E quem deve qualificar o MinC são os Pontos, com sua experiência adquirida de democracia e produtividade, e não o inverso, uma gestão que começou agora.

É no mínimo sintomático como a Aliança Internacional de Propriedade Intelectual (IIPA) --- tão querida pelas mega-gravadoras, pelas majors do cinema e pela Microsoft --- passou a ver com bons olhos o governo brasileiro, quando, no governo Lula, estava na "lista negra". Quase ao mesmo tempo, no Fórum Social Mundial, em Dacar, os movimentos elaboraram e encaminharam uma carta à ministra, no sentido oposto, preocupado com possíveis retrocessos.

Por tudo isso, a luta não é por nomes ou números, mas por uma concepção global de política, cultura e sociedade. Por um projeto de democracia. O ministério da cultura exerceu papel ímpar no governo Lula, como vanguarda propositiva e qualificador das políticas públicas. Ainda foi pouco, e é preciso consolidar e ampliar as redes, mesmo que seja apesar, quiçá contra o novo governo.

Está ficando claro que isso dependerá muito mais da articulação e do movimento dos atores culturais, que continuarão produzindo na precariedade, e já mostraram não ser vacas de presépio, do que dessa gestão. O MinC voltou a ser só estado.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A hora da Estrela vai chegar*

E tão longe de mim assim, Estrela, foi você iluminar a noite. Por tanta distância as lágrimas correm ao me lembrar de você. Oh, Estrela, terá sido escolha se refugiar tão longe de mim?

Seu brilho chega em mim e reflete pequenino nos meus olhos, tão pequenino quanto era a pequena quando você partiu. E o brilho, Estrela, esse brilho que carrego no sangue e na alma, me faz lembrar de você.

10 anos, Estrela. 10 anos que você se foi. E foi para tão longe que marcou tão fundo e até hoje não consigo administrar bem. Não é perda, Estrela, veja bem, é distância. Por que não me iluminou de pertinho? Por que me olha apenas, Estrela? Fala comigo, Estrela. Me abraça forte e diz que está de volta e que vai ficar por perto.

10 anos, Estrela, é mais tempo que já passamos juntas. E isso dói como se fosse há 10 anos. É uma ferida que não tem cura, Estrela. Não é com o tempo, não é com conhecimento.

Te quero perto, Estrela, pois só seu amor é verdadeiro. Quando você foi pra longe não consegui mais me apegar a ninguém com medo de que fossem pra longe também. E os poucos a quem me apeguei, Estrela, eles jamais tiveram a pretensão de tomar seu lugar, mas queria eu que substituíssem o carinho e a falta que você me faz.

E o anjo, Estrela, que bela escolha. O anjo me acompanha, sim. Já escolheu fingir ir para longe, mas retornou e me abraçou como jamais tivesse partido.

Ah, Estrela, que saudade de você! Correm as lágrimas e não são secadas por ninguém, pois só você poderia fazer isso. E estas vão cair quando fizerem 11, 20, 30, 100 anos. E não terá ninguém para secar. Eu sinto sua falta, Estrela.

Sua presença na ausência é forte. Minha ausência na presença talvez também será. Mas veja bem, Estrela, eu sei que de onde está pode me compreender, às vezes até mais do que eu. Vai chegar, e a cada segundo se aproxima, a hora em que nos encontraremos, a hora da Estrela.


*A hora da Estrela – Livro de Clarice Lispector e Música do Pato Fu.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Vamos lá, ter uma vida boa!


Então você decide passar a vida a limpo e recomeçar.
Decide para onde ir, o que fazer, onde quer ficar e por fim decide ficar consigo próprio, se reencontrando e reconhecendo.
Pensa nos caminhos possíveis.
Pensa nas facilidades de cada um.
Avalia o quanto vai crescer de acordo com suas escolhas e percebe que existe uma outra possibilidade.
Faz suas escolhas e faz seus anúncios pertinentes.
E ai paga o preço por se dispor a ser alguém de quem se orgulhe.
Vale o preço?
Vale sim! Se o coração estiver inteiro nas suas escolhas.
É um prazer dizer que vale a pena, embora exista pesares.
Vale dizer que muitas coisas que dizemos no processo causam dores e dissabores.
Vale ressaltar que muito do que ouvimos machuca e acaba trazendo grandes decepções ao coração que só queria ser honesto.
O balanço é, de certa maneira, positivo porque o coração, aquele que dá a cara a tapa, apanha, mas levanta forte e valente, está limpo e brando.
Inteiro.
Muito valente por saber que corre riscos, mas muito ciente e feliz de saber que hoje a responsabilidade é inteira e unicamente minha.
Faz bem pra alma.